A Direção da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais – Fetaemg, e seus Sindicatos de Trabalhadores Rurais filiados, vem a público declarar sua total indignação quanto ao descaso das autoridades competentes por terem deixado chegar ao despejo da Escola Família Agrícola EFA – BONTEMPO de Itaobim.
A escola abriga 201 jovens matriculados, cursando do 1º ao 3º anos do Ensino Médio Profissional Técnico em Agropecuária. Além disso, atende mais 160 mulheres no projeto ATER-Mulheres, que são capacitadas para prestar assistência técnica em suas lavouras. Acontecem também na escola reuniões do Itavale – Instituto dos Trabalhadores na Agricultura do Vale do Jequitinhonha e reuniões do Território da Cidadania Médio Jequitinhonha.
O Padre Felice Bontempi participou da fundação e concepção da Escola – inclusive sendo homenageado com o nome Bontempo, derivado do seu sobrenome Bontempi, em italiano. Parte do terreno da fundação que ele criou foi cedido em comodato, por tempo indeterminado, para a Associação das Escolas Família Agrícola – EFA/AEFAMBAJE executar o trabalho, iniciado com 35 alunos em 2001. Aos poucos, a escola foi tomando corpo e aumentando sua demanda e a administração ficou ampliada com a participação democrática e ativa da comunidade. Com isso, o Padre Felice ficou incomodado por não ser mais o “dono” das diretrizes educacionais. O projeto de construção coletiva da Escola conta com uma intensa participação de agricultores familiares. A Escola caminhou com suas próprias pernas, com captação de recursos do exterior e do Ministério da Educação, construindo uma excelente estrutura de Escola de Ensino Médio rural, tendo estabelecido convênio de manutenção com a Secretaria de Estado da Educação.
Durante os últimos cinco anos, desde quando recebeu a ordem de despejo, a EFA Bontempo buscou o diálogo não só com o Padre, mas também com diversas autoridades para que ajudassem a encontrar alternativas para que seus alunos não sofressem prejuízos com o despejo: audiência pública na Assembléia Legislativa em 2010, tentativas de conciliação no STJ de Minas Gerais e no Fórum de Medina, além de reivindicar dos poderes públicos do Estado e do Município de Itaobim, a desapropriação por interesse público da área da escola mas, a omissão foi flagrante.
Os trabalhadores e alunos com seus familiares, responsáveis por este projeto, já afirmaram que “dali não saem”. Esperamos que as providências sejam tomadas para evitar conflitos mais graves. Não seria o momento de o Estado tomar uma atitude e desapropriar aquela área para fins sociais, uma vez que a Prefeitura local não atendeu a mais este apelo dos trabalhadores? Esse é o quadro dramático da situação. Onde a Escola abrigará 201 alunos, material pedagógico, todo o aparato conseguido nesses 10 anos de funcionamento, além dos pequenos animais da mini fazenda que fazem parte do processo de aprendizado coletivo? Por que o Padre Felice quer a área da escola? Por que seus interesses particulares, não confessáveis, devem sobrepor aos da comunidade? Aonde ele quer chegar com essa queda de braço? Mas, a pergunta mais importante é: onde foi parar os princípios Cristãos de solidariedade, justiça e dedicação às causas dos pobres do Padre Felice? Nós, os trabalhadores rurais, representados por suas entidades, oriundos em sua maioria de movimentos de base de Igrejas Cristãs, exigimos respeito!
Direção da Fetaemg
Fonte: Fetaemg
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