Carlos Pompe *
Há 50 anos, João Amazonas, Pedro Pomar, Calil Chade e o deputado estadual do PSB, Jetero Faria Cardoso, realizaram em São Paulo, capital, um ato comemorativo dos 40 anos do Partido Comunista do Brasil.
Foi a primeira atividade pública dos que não aceitaram a mudança dos estatutos, do programa e do nome, para Partido Comunista Brasileiro, da entidade fundada em 1922. Porém a sigla PCB, desde a fundação usada pelos comunistas, só era citada eventualmente pelos reorganizadores. Eles optavam por escrever o nome do partido por extenso ou por grafar PC do Brasil. O Partido Comunista Brasileiro se apoderou, política e historicamente, da sigla PCB.
Desde o início, os reorganizadores reivindicaram a herança política e histórica do Partido Comunista do Brasil, incorporando e defendendo as características que consideravam revolucionárias e leninistas. Ao mesmo tempo, não negavam, mas faziam uma dura apreciação crítica (autocrítica) do que consideravam reformista e revisionista na atividade prática e teórica desenvolvida nos 40 anos anteriores da organização. Porém, na atuação desenvolvida naquele período, inclusive pelo amplo prestígio e liderança de Luiz Carlos Prestes, principal figura, à época, do PC Brasileiro (PCB), era difícil para os reorganizadores se apresentarem como os verdadeiros herdeiros da trajetória comunista iniciada em 1922.
Um dos reorganizadores e, depois, dirigente do Partido, Dyneas Aguiar, contou ao historiador Augusto Buonicore a origem da sigla que passou a diferenciar mais amplamente os dois partidos: “A sigla PCdoB, para a qual não existia precedente, surgiu numa dessas reuniões em Brasília com a participação de Amazonas. Nos primeiros documentos ainda se escrevia Partido Comunista do Brasil, sigla PCB. A ideia de incluir o DO se deu numa reunião com alguns jornalistas. Alguém falou: ‘vem cá, que negócio complicado é esse, tem PCB e PCB? Dois PCB? Como podemos diferenciar os dois partidos? Não poderia ficar PCB e PCdoB’, pondo a tônica no DO. Não sei precisar exatamente quem teve a brilhante ideia (...) Isso, possivelmente, deve ter acontecido em meados de 1963. Nascida num clima descontraído, a coisa acabou pegando. O Partido Comunista do Brasil tinha agora uma nova sigla: PCdoB”. Numa conversa que Buonicore teve com Moniz Bandeira, este disse que a proposta partiu dele.
O baiano Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira é professor universitário, cientista político e historiador luso-brasileiro, especialista em política exterior do Brasil e suas relações internacionais, principalmente com a Argentina e os Estados Unidos. Um dos fundadores, após o golpe militar de 1964, da organização Política Operária (Polop), é autor de vários livros, dentre eles O Ano Vermelho – Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil (1967), Lênin, Vida e Obra (1978), Formação do Império Americano - da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque (2005).
Em 1985, com a reconquista da liberdade partidária, os comunistas passaram a atuar legal e plenamente, e assim o fazem até hoje. Em 1986, pela primeira vez candidatos se apresentaram com a sigla PCdoB, na eleição para a Constituinte. Foram eleitos deputados constituintes Aldo Arantes (GO), Edmilson Valentim (RJ), Eduardo Bonfim (AL), Haroldo Lima (BA) e a atual senadora pelo Partido Socialista Brasileiro, Lídice da Mata (BA). Antes, em 1978, pelo Movimento Democrático Brasileiro, MDB, o operário Aurélio Peres foi eleito deputado federal por São Paulo. No seu segundo mandato, assumiu, juntamente com os parlamentares federais do então PMDB, Haroldo Lima (BA), José Luiz Guedes (MG) e Aldo Arantes (GO), a legenda do PCdoB. Quando o deputado federal por São Paulo, Aldo Rebelo, presidiu a Câmara Federal, o PCdoB chegou a exercer a Presidência da República, na ausência do país do então presidente Lula e seu vice, José Alencar.
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