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Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda
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terça-feira, 24 de setembro de 2024
SOS Chapada dos Veadeiros - Apoie as brigadas voluntárias de combate aos incêndios florestais - Sindicato dos bancários
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Banco Central: guardião da estagnação econômica, do desemprego e da concentração de renda - Luis Carlos Paes
A Sobrevivência dos Mais Gordos (2002): Jean Galschiot
Ao participar de debate no canal Ópera Mundi após a reunião do Copom, na semana passada, que elevou a Selic em 25 pontos, o renomado economista e professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo, afirmou que a política de juros altos é uma circunstância da “guerra entre a Faria Lima e o resto do país” ao ser provocado pela pergunta: “por que o Brasil tem hoje a segunda maior taxa de juros real do mundo, perdendo apenas para a Rússia, que está em guerra contra a Ucrânia? Por que temos uma economia de guerra se não estamos em guerra?”
Os acontecimentos que se sucederam à crise de 2007/2008 desmoralizaram por completo a lógica da macroeconomia neoclássica. Esta teoria pressupunha que a ampliação da base monetária levaria obrigatoriamente à inflação, sendo o único remédio para combatê-la a adoção, pela autoridade monetária, de taxas de juros mais elevadas.
O ex-diretor do Banco Central do Brasil (Bacen), ex-presidente do BNDES e um dos idealizadores do Plano Real, o economista André Lara Resende, no prefácio de seu livro “Camisa de Força Ideológica – A Crise da Macroeconomia” afirma: “...Com o advento do Quantitative Easing, a teoria monetária foi obrigada a fazer uma revisão mais profunda e explícita do que recorrentemente fez desde seus primórdios. ... o dogmatismo fiscalista e a ortodoxia monetária passaram a ser questionados. Primeiro, por economistas mais periféricos em relação aos centros do poder e do prestígio, depois por grande parte das organizações internacionais, como o Banco Mundial, o BID, o FMI e também alguns bancos centrais, como o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu. Finalmente, até os papas da ortodoxia nos Estados Unidos reconheceram a necessidade de revê-los. No Brasil, curiosamente ainda não. ... sem nos livrarmos da camisa de força ideológica da macroeconomia dominante, não há como repensar um projeto de retomada do crescimento.”
Em tempos de Fake News, o Bacen continua a adotar uma falsa teoria, já superada, que só atende aos interesses dos rentistas, parcela da sociedade brasileira, no topo da pirâmide social, que compreende menos de 0,1% da população brasileira.
Na medida, em que o País começa a se aproximar de um crescimento, ainda pequeno, de 3%, o desemprego cai e a renda das famílias tem uma leve recuperação os senhores diretores do Banco Central, salvaguardas do rentismo, decretam que o PIB, o emprego e a renda dos que estão no piso da pirâmide social não podem crescer pois a inflação poderia, na crença destes senhores, subir um pouco além do centro da meta de inflação, estipulada em 3% para os anos de 2024, 2025 e 2026.
E assim, a atual diretoria do Bacen e um punhado de tecnocratas, prisioneiros da camisa de força ideológica, continuam sabotando o crescimento da economia real e transferindo bilhões de reais dos cofres públicos para a especulação financeira, é o conflito a que se refere o professor Belluzzo.
Pergunte a qualquer brasileiro racional, por mais humilde que seja, se ele prefere o desemprego com uma inflação de 3%, ou se prefere o emprego e a possibilidade de um maior crescimento do País, mesmo que a custa de uma inflação um pouco mais elevada?
Assim, toda a nossa solidariedade e apoio ao presidente Lula que, com sobeja razão, desde o ano passado, faz um duro combate à Roberto Campos Neto e aos demais diretores do Bacen nomeados por Bolsonaro, todos comprometidos com o rentismo.
Neste final de ano, Lula terá a oportunidade de trocar três novos diretores, inclusive o presidente do Banco, que somados aos quatros já indicados anteriormente, garantirá uma maioria folgada em relação à diretoria que ele recebeu do inominável. Esperamos que aproveite bem a oportunidade e indique nomes comprometidos com um novo projeto de desenvolvimento soberano, inclusivo e sustentável, incompatível com o rentismo exacerbado.
Fortaleza, 23 de setembro de 2024
Luís Carlos Paes de Castro, engenheiro, analista aposentado do Banco Central e presidente do PCdoB no Ceará
terça-feira, 17 de setembro de 2024
Sarau do cebolão de setembro: Lutemos pela Primavera! Com o Sarau da Quarta e a banda Brodericks
Sarau do Cebolão, especial da primavera, teve muito rock e poesia - Matéria no Portal do Sindicato dos Bancários de Brasília
A banda Brodericks e os Rocks que marcaram a História!
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
Live Subversiva com Paulo Vinicius sobre a Campanha Nacional dos Bancários
_*Paulo Vinicius da Silva, nesta sexta-feira (06), 11 horas no Subversiva*_ : https://www.youtube.com/watch?v=ktXb94dbuXk
No programa Subversiva desta sexta-feira (06), recebemos Paulo Vinicius da Silva, secretário de Política Sindical do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal e da CTB Bancários DF, para falar sobre a campanha salarial nacional dos bancários. Com diversas rodadas de negociação com a FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos) e intensa mobilização da categoria, a luta tem sido para garantir e conquistar novos direitos para os trabalhadores do setor bancário.
Convidado: Paulo Vinicius da Silva - Secretário de Política Sindical do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal e da CTB Bancários DF.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Dizer sim aos acordos é o patamar mínimo para avançar a luta. “Cuidado, que o Cão atenta!” - Paulo Vinícius da Silva
"É uma cilada, Bino!" - meme da internet.
O Trotsquismo, Corrente Política Contra-Revolucionária
João Amazonas (1984)
"Menino... Cuidado que o Cão atenta!" - nossas mães.
Outra vez estou liberado para o movimento sindical. Foram anos difíceis e também de conquistas. Voltei a trabalhar no banco em pleno temerismo, com a cara e a coragem, mas consegui com isso me enraizar mais, aprender a dirigir, ter minha casa, e viver junto ao povo e meus colegas, no sofrimento que vivemos nos anos de resistência e genocídio, de ofensiva contra o povo, iniciada em junho de 2013, triunfante com o Golpe contra a Presidenta Dilma, mortal e desalmada ao fazer a deforma da trabalhista, da previdência, a uberização, a terceirização. Vemos hoje a integração da TI e da IA ao trabalho e a luta cultural em pleno curso. Vivi isso desde minha baia de trabalho, em plataforma, no escritório digital, com COVID e Bolsonaro. E trabalhei muito. Mas segui lutando. Eu preferi continuar sendo eu mesmo. E juro que vou usar tudo que aprendi como sempre, na práxis, como intelectual orgânico da classe trabalhadora.
Temos defendido Frente Ampla E UNIDADE POPULAR. Alguns desprezam o debate e pensam que a hora é de ofensiva. No debate do comando nacional prevaleceu a visão de que a greve não pode nos dar uma vitória. Façamos “a análise concreta da situação concreta” para entender a situação.
A Convenção Coletiva dos Bancários é a maior conquista trabalhista do Brasil ainda de pé. Por que? Ora,porque não existe outra que se aproxime dela em abrangência e direitos. Ela é o modelo para sindicatos e confederações em todo o mundo. É a única a reunir todo o Brasil e as duas confederações mais de 440 mil bancários. Ela nos protegeu da perda de direitos e da representação sindical, que pereceu em inúmeras categorias. O mundo não parou ao redor de nós. O mundo piorou muito. O tempo é de ascensão do fascismo e risco grave sobre a própria existência da espécie humana sobre a Terra. Como diz o meme, não é moleza viver durante o apocalipse.
O que aconteceu no ramo financeiro e no mercado de trabalho?
Segundo dados do Dieese, escritório de Brasília, em 2021 a remuneração média real da categoria bancária era de cerca de R$10.060, enquanto as demais categorias no ramo financeiro recebiam R$ 6.284.
As cooperativas de crédito tinham 4.687 agências em dezembro de 2016, e em 2023 chegaram a 9.048. Já as agências, eram 23.423 e caíram para 16.702, no mesmo período. Os correspondentes bancários cresceram de 35.9% de 2019 a 2023, passando de 389 mil para 529 mil. Os agentes autônomos/assessores de investimentos cresceram de 6.053 para 24.160 entre 2016 e 2023. Hoje, o Nubank tem mais clientes que o Banco do Brasil.
A categoria bancária entre 2016 e 2021 decresceu de 55% para 44% dos trabalhadores(as) no ramo financeiro. Desde 2012 houve a perda de 79,5 mil empregos da categoria bancária, que foram absorvidos em menor número e com menor remuneração sob o novo arcabouço jurídico da Deforma Trabalhista.
Ainda conforme dados coletados pelo DIEESE, os sindicatos reúnem hoje 8,4 milhões de filiados. Em 2012 eram 14,4 milhões. A Deforma Trabalhista impôs o fim da ultratividade e o negociado sobre o legislado. Sem o acordo, é CLT. O custeio sindical foi duramente golpeado. Também a taxa de sindicalização decresceu no movimento bancário. A realidade é o fechamento e o enfraquecimento de sindicatos, a fragmentação e a precarização, aceleradas mudanças tecnológicas apropriadas apenas pelos patrões, retrocessos na Legislação e no Judiciário. No Brasil, mandam os banqueiros e especuladores e eles chantageiam todos os dias o governo Lula. Nesse cenário adverso, mantivemos a convenção e o ganho real, protegendo inclusive os não-sindicalizados e os hipossuficientes pela Deforma Trabalhista. Basta comparar o que temos e o que existe fora da Convenção.
O movimento sindical impediu a demissão sem justa causa bos bancos públicos desde 2017, graças a essa convenção e a tantas lutas, mesmo quando bancários defendiam abertamente que seria melhor para nós a Deforma Trabalhista. O entendimento recentíssimo consolidado pelo STF e TST deixou-nos expostos à demissão sem justa causa, apenas carecendo de motivação. Uma imensa vitória foi colocar uma esfera a mais de defesa, administrativa, a ser disputada no contexto atual. Ter esse espaço prévio de defesa e pressão pode ser decisivo, para não ir direto para a justiça sob o novo entendimento.
Isso é fundamental pela imensa ameaça da queda no emprego bancário, nos bancos privados em especial, pela digitalização forçada, pela diminuição do crescimento do crédito, altíssimo spread e pelo novo sistema financeiro.
Só nos bancos públicos conquistamos uma salvaguarda a mais. Mas a campanha de desinformação é tamanha que uma fake news disse descaradamente que o sindicato queria facilitar a demissão dos trabalhadores(as). O método da extrema direita fez escola entre aqueles que são inimigos da frente ampla e da unidade popular. Sua promessa é de que avançaremos em direitos e em índice com greve, agora, quando podemos perder. Tanto mentem contra os sindicatos quanto mentem para a categoria pois não explicam em que condições se daria uma greve hoje. Empurram-nos para uma confronto quando ainda não temos forças. Em política, o nome disso é provocação.
A FENABAN queria acabar com a convenção. Num dissídio só se discute a cláusula econômica, e perde-se a Convenção, sem garantia de um índice melhor sob o novo entendimento do TST e STF acerca da demissão imotivada nas estatais e empresas de economia mista. A perda da convenção já ocorreu em importantes categorias. O rentismo parasitário financia o fascismo, mina a democracia, a economia produtiva e as instituições. Eles vivem de chantagem, mentiras, da sabotagem do Brasil. Para não ser derrotados, para ter avanços e evitar retrocessos, temos de ler corretamente a correlação de forças, para mudá-la com luta coletiva e organizada. Isso leva tempo.
A premissa de que os bancos dão lucro e que receberemos esse lucro não é uma opinião sindical. É, sim, a maior mentira dos banqueiros, que há muito nos chamam de colaboradores, “stakeholders”, donos, mobilizando-nos, adoecendo-nos pelo cumprimento de metas. Eles são banqueiros, nós somos bancários. Os banqueiros constroem um futuro de privatização e precarização universais. O presente no ramo financeiro já tem uma maioria de não-bancários. Segundo o que pretendem, em vez de bancários, seremos agentes de crédito e tecnólogos, assessores de investimento e correspondentes bancários, isolados, ganhando por venda, em teletrabalho e sem a convenção coletiva.
A realidade do PIX e a perspectiva do DREX ameaçam os empregos dos caixas e os direitos dos consumidores, em especial se pobres, vulneráveis, pessoas com deficiência e nas periferias do Brasil. Não é desprezível, uma grande vitória num momento chave, termos conseguido ampliar acima do índice a remuneração dos funcionários(as) que menos ganham no BB. A histórica luta dos ex-funcionários de bancos incorporados, há tanto tempo no BB e sem Cassi nem Previ também está lá. E a luta do Deforma será travada por nós, aqui em Brasília.
Todo o esforço dos banqueiros foi dividir a categoria e desmoralizar organização sindical. As sucessivas propostas recusadas pelo Comando indicam que a fábrica de maldades está a pleno vapor. Ao final, tivemos de optar pelo emprego e pelos direitos, com a salvaguarda da reposição da inflação, um ganho salarial mínimo e a convenção.
A avaliação dos sindicatos do comando não aponta perspectiva de vitória em caso de greve. Era legítimo disputar a maioria do comando, como fez a Federação Bahia e Sergipe, votando pela rejeição. Mas ignorar o que dizem os sindicatos de todo o país e sair a denunciar o movimento é uma atitude que em nada ajuda o povo e pode ser usada, como está sendo, pela direita. A unidade de ação obriga a seguir a maioria. Divididos, perderemos.
Nós alertamos para a necessidade de ampliação da mobilização, votamos contra o adiamento dos congressos dos bancos públicos no passado recente, e defendemos um movimento sindical massivo, organizado e renovado para o novo cenário. O caminho é fortalecer a unidade popular para intensificar a luta no período que antecede a 2026. Os provocadores preferem dar o braço à extrema direita do que apoiar um processo cumulativo de ganhos e a construção das condições para a greve. Fazem um desserviço à luta dos trabalhadores, como sói ocorrer sempre com o trotskismo e os incautos que os seguem na senda da derrota e da traição.
As promessas dos bancos de que bancários são sócios no lucro são sempre mentirosas, a gamificação busca a máxima exploração e os lucros insustentáveis têm papel danoso na economia. Os banqueiros mantêm a alta dos juros, mesmo com queda na oferta de crédito! Eles estiveram pilotando o Golpe e tiveram parte no Genocídio. Não é normal a economia cair e termos lucros extraordinários. Só afirmando o sentido público e desenvolvimentista do Sistema Financeiro Nacional, poderemos fortalecer a categoria bancária e defender o Brasil. É preciso consolidar o pleno emprego, a queda dos juros e o fortalecimento da unidade popular e do movimento sindical como um todo, com todas as centrais.
Devemos reavaliar e defender avanços no modelo de negociação e na ação sindical, e acumular forças na sociedade brasileira para desfazer a Deforma Trabalhista, retomar a ultratividade, garantir juros menores que permitam o dinamismo produtivo, a industrialização e o pleno emprego; conquistas legislativas, negociais e judiciais; a regulamentação do SFN em favor do desenvolvimento, emprego, inovação e sustentabilidade.
Dizer sim aos acordos é o patamar mínimo para avançar a luta.
“Cuidado, que o Cão atenta!”.
Os acordos conquistados em negociação protegem os mais frágeis, defendem nossos direitos, superiores à CLT, defendem o emprego e mantém a organização sindical e a categoria bancária. Há pouco tempo isso se mostrou decisivo, mas agora, para alguns fanfarrões, parece não valer nada. Os patrões, em sua ganância, pouco se importam com o destino das pessoas. A decepção dos bancários com os banqueiros é justa, e por isso mesmo não podemos jogar fora o conquistado, quando ainda não há condições para uma greve vitoriosa. A saída é pela organização do ramo financeiro e da categoria bancária. A resistência é ainda a realidade e devemos acumular forças.
Só juntos poderemos enfrentar esses desafios. Juntas as centrais sindicais, juntas as confederações, federações e sindicatos. A maior vitória é manter a convenção, não ter perdas, preservar empregos e a categoria. Temos contas a acertar entre nós, sim, mas no sentido de unir, fortalecer o movimento, deixar ilusões, e renovar e encher o movimento sindical no ramo financeiro. Temos apenas dois anos para isso. Sob essa premissa, e com o aprendizado político da categoria bancária, podemos lutar mais e melhor. Então será possível usar a greve como instrumento de vitória, em vez de caminho para a derrota. Como diz o meme: “é uma cilada, Bino”. Não vamos por aí. Vamos em Frente Ampla e Unidade Popular, e assim venceremos!
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Juntos somos fortes e a verdade está lá fora - Paulo Vinícius da Silva
A campanha nacional dos bancários termina com gosto amargo. Especialmente no BB, a revolta com a falta de ganho real significativo é imensa. Modelo da negociação está em crise,mas fora do modelo o cenário é de terra arrasada, e em terra de cego, quem tem um olho é rei.
Movimento sindical decresceu e perdeu força
"O Brasil tinha em 2012 uma população ocupada de 89,2 milhões e 14,4 milhões de sindicalizados. Dez anos depois, o total de ocupados foi para 99,6 milhões e a sindicalização diminuiu para 9,1 milhões, queda de 5,3 milhões". Desafios do sindicalismo para o ano de 2024 - Nivaldo Santana - Agência Sindical (agenciasindical.com.br)
Desse universo, a nossa convenção reúne 400 mil trabalhadores e uma das maiores taxas de sindicalização dentre as categorias. O custeio das atividades sindicais se reduziu imensamente, levando à desorganização das categorias.
Em Brasília, nadamos contra essa corrente: I) ativismo judiciário do sindicato de Brasília foi diversas vezes criticado pelos banqueiros em mesa (só o BB teve de aprovisionar 1 bilhão R$); II) Atividades dentro e fora dos prédios estimularam funcionários a se posicionarem na agência de notícia e nos locais de trabalho na reta final. O BB foi surpreendido com a reação; III) Nossa campanha aqui começou em janeiro e o sindicato fez uma forte mobilização. É preciso reconhecer, entretanto, que a adesão foi menor que o esperado. Vigora na cabeça da categoria que o aumento é garantido pelas direções do movimento e na mesa, colocando-se como quem cobra “de fora” o movimento.
O fim da ultratividade, a Deforma Trabalhista e as mudanças tecnológicas colocam desafios objetivos à realização de uma greve nos dias de hoje.
Teletrabalho, plataformização, dependência da remuneração variável são elementos complicadores, mas também a vigência de um profundo individualismo na categoria bancária, que acredita ser mais vantajoso conseguir sua própria ascensão, sem entender os direitos que possui.
A mudança no SFN a partir de Temer e Bolsonaro quebrou a nossa convenção por fora, não por dentro.
Se há cerca de 800 mil bancários fora da convenção e 400 mil dentro dela, isso indica qual é o paradigma do sistema financeiro: digital com IA, juros altos, com capital estrangeiro, com mão de obra precarizada e sem direitos.
O cenário é de elevado patamar de juros, de vantagens das fintechs na legislação e regulamentação do SFN, aumento da demissão nos privados, função de caixa ameaçada, sendo hoje principalmente uma resistência no BB; são todos fatores que pressionam o movimento sindical para a seguinte escolha: Manter a convenção ou jogar todo o peso na disputa do aumento real;
O movimento do sistema financeiro é de apostar contra a economia brasileira real e fazer a acumulação a partir da especulação financeira em torno da dívida pública. Mudaram o marco dos direitos trabalhistas e assumiram, com tranquilidade, que não seria problema para eles a implosão da convenção coletiva. Assim, ficamos em uma sinuca de bico: lutar pela categoria bancária quando há um movimento no sentido de a dissolver. Os mesmos bancos privados que estimularam o meme CLT Premium disseminam a ideia do mérito individual, e não a categoria, ou a negociação coletiva. Os colegas acreditam. Enquanto isso, caixas, supervisores de atendimento, bancários de bancos privados são diretamente afetados e precisam da solidariedade da categoria.
Quando adoecemos é que vemos o nosso valor para os bancos… Ao mesmo tempo, quem ganha mais leva a análise “meritocrática” para dentro do movimento, e ignora que sua situação é transitória, além de ser privilegiada pelo modelo que premia a remuneração variável. Para completar, os colegas que ganham mais esquecem que a Deforma lhes colocou sob o risco o modelo da negociação direta do seu CPF com o CNPJ do banco, se estiverem fora da CCT.
Há questões que dependem da POLÍTICA e estão fora da nossa convenção:
- Correção da Tabela do IR;
- A luta pela isenção de impostos sobre a PLR;
- Revogar a Deforma Trabalhista e o fim da ultratividade;
- Impacto da tecnologia sobre o trabalho;
- O direito do consumidor;
- A regulamentação do sistema financeiro nacional que favorece os bancos caça-níqueis, o crime organizado, os juros altos e a digitalização forçada;
- O desemprego no sistema financeiro nacional: nossa categoria perdeu 50 mil bancários.
Essas questões colocam limites objetivos ao modelo da negociação coletiva e às estratégias de luta da categoria bancária. O cenário foi de casca de banana e provocações para desgastar o movimento sindical, dada a fragilidade quanto ao emprego, à sindicalização e à mudança tecnológica. Perder a convenção e o modelo negocial num dissídio coletivo nos colocaria sob a justiça e sob a dupla ameaça: nem o ganho real, nem os direitos.
Nesse contexto, a manutenção da categoria bancária é a maior conquista, ainda que o gosto amargo seja legítimo. Mas isso só se resolve é com luta cotidiana, e jamais jogando fora o que foi duramente conquistado.
A falta de organização como ramo financeiro expõe nossos direitos como bancarios e a própria existência da categoria bancária. Objetivamente, o modelo que se impõe é o das Fintechs e da precarização, e não o da convenção coletiva e da categoria bancária.
A categoria bancária é soberana, pode aceitar ou rejeitar a proposta. Ainda assim, nosso dever é uma análise fria, que preserve os mais frágeis na categoria e mantenha a sua unidade, pois isso será fundamental para as lutas seguintes e que estão em curso, inclusive a judicialização do Deforma no Banco do Brasil. A decisão é pessoal e intransferível.
Votar pela rejeição do acordo é assumir o compromisso moral de construir algo melhor. Votar pela aprovação do acordo é dizer que a luta continua, mesmo que não haja greve, e lutaremos com os direitos que temos. Não se constrói greve votando contra a proposta e furando a greve, assim se constrói a derrota. “A verdade está lá fora”, dizia o seriado. E, olhando bem para fora, vemos o precariado, o plataformizaçao do trabalho, a pejotização, e a ausência de qualquer direito. Se queremos que a luta avance, o primeiro passo é manter unida a categoria bancária e é isso que a convenção nos lega, além de nós preservar da perda salarial
Mas, fica a lição, isso não basta: trata-se de luta política.
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E nossa história não estará pelo avesso, assim, sem final feliz: teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver, temos muito ainda...
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Andei em busca da Cifra da Internacional, o hino mundial dos trabalhadores e trabalhadoras e não achei opções, excetuando-se a versão d...
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A campanha nacional dos bancários termina com gosto amargo. Especialmente no BB, a revolta com a falta de ganho real significativo é imens...