Renato Rabelo: Aplicação do pensamento revolucionário do PCdoB - PCdoB. O Partido do socialismo.
Parte 2
O pensamento revolucionário do PCdoB, em desenvolvimento, resulta de uma extensa prática política e social, num esforço de interpretação do marxismo-leninismo e de sua aplicação à realidade histórica, política, econômica e cultural do Brasil.
Por Renato Rabelo*
Fazer prevalecer esse pensamento na teoria, na política e na prática do Partido -- como expus na 1ª Parte deste artigo – é uma luta incessante nas condições marcadas pela hegemonia política e ideológica do imperialismo-capitalismo e do predomínio de seus valores.
O Partido Comunista na visão resultante do materialismo dialético marxista tem que ser sempre contemporâneo, tem que estar continuamente engajado no seu tempo. Por isso, ele deve ser produto do desenvolvimento e atualização da teoria revolucionária, que define a linha programática e a política situada no tempo e lugar. O Partido é o instrumento para aplicação dessa linha e se forma, assim, à imagem dela, apoiado nos seus princípios.
À luz desta concepção o PCdoB luta e se forja diante das novas exigências, procurando reunir num ingente esforço a inteligência coletiva e a ação comum para ocupar o seu lugar de partido de esquerda, revolucionário, no atual período histórico. O Programa Socialista do PCdoB (2009) - produto da evolução do nosso pensamento revolucionário - é que define esse lugar e o papel político do PCdoB, sua linha de atuação no curso político nacional e geopolítico e sua atividade internacionalista. Os quadros e a militância partidária cada vez mais assimilam que o caminho para o socialismo no Brasil é a defesa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, indicado no Programa.
De modo objetivo o PCdoB se encontra no curso do novo ciclo político aberto por Luiz Inácio Lula da Silva desde 2003, surgindo pela primeira vez a possibilidade de um projeto de cunho progressista dirigido por forças democráticas e populares, num contexto de avanço da luta progressista e de integração da America Latina. E em um mundo em transição, instável e perigoso, em meio a grande crise capitalista, ofensiva expansionista do imperialismo e resistência crescente dos povos.
No curso político atual o Partido Comunista do Brasil se pautou por lutar e sustentar a continuidade e o aprofundamento do ciclo progressista em nosso país, impulsionando o governo no sentido das mudanças e pela adoção de um Projeto Nacional de Desenvolvimento direcionado para defesa da soberania e do progresso social. Simultaneamente o Partido procurou de forma determinada defender o governo da ação desestabilizadora e golpista da oposição conservadora e neoliberal. Tem se empenhado pela predominância da unidade na coalizão governista, mas atua preservando sua independência política em relação ao governo, objetando o “seguidismo”. Exemplos: o Partido optou por manter permanente critica à política macroeconômica neoliberal, defendendo até uma reforma financeira e, no plano político, na presença de uma ampla coalizão, a defesa constante por um Bloco de Esquerda, indo além do parlamento, como em 2007.
Agora, traduzida na proposta constante destas Teses, de um grande bloco de afinidade de esquerda. É o Partido que no seu Programa defende as reformas estruturais e democráticas como passo imprescindível para o avanço consequente das mudanças. Tudo isso, haja vista, tem sido o sentido da prática das decisões congressuais do Partido, pronunciamentos e resoluções da Direção, das bancadas parlamentares, da imprensa partidária e do que defendemos no movimento sindical e social de massas.
No plano internacional o PCdoB tem sido uma força consequente e destacada na luta anti-imperialista, no relevo dado à questão da soberania e defesa nacional, no empenho ao avanço integracionista de nossa região, pela emancipação nacional e social, pela solidariedade internacional e a luta pela paz no mundo.
Em suma, o PCdoB não se confundiu - considerando um “campo de esquerda”- nem com o PT, nem com a ultra-esquerda. O PCdoB está bem situado politicamente na sua prática, conforme rumo emanado do seu Programa, traduzindo-se em orientações táticas mobilizadoras e unificadoras do povo brasileiro. Assim, sempre esteve dedicado em prosperar a unidade popular, nesse novo ciclo, sendo propositor e protagonista da formação da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) e da realização de uma nova Conclat, quando se convergiu numa plataforma comum para luta unitária das Centrais Sindicais. Por sua posição e influencia torna-se alvo de ataque direcionado pelas forças conservadoras e de direita.
No âmbito da disputa eleitoral, o PCdoB, desde 1989, tem aliança principal com o PT e manteve as alianças nas eleições proporcionais, com indicações concentradas em poucos candidatos. Por isso, o “grande público” confunde o PCdoB com PT. Mas, sobretudo a partir de 2007, o PCdoB define nova orientação político-eleitoral para sua acumulação de forças nesse terreno, aparecendo em maior escala com sua fisionomia própria, com seu número 65. A sua participação tem sido crescente nas eleições majoritárias e na formação de chapas próprias, chegando até mesmo a disputar segundo turno eleitoral com o PT, em Contagem, em 2012.
O delineamento na prática do processo de acumulação estratégica de forças, concretizado na combinação das três frentes: ação política em todas as suas dimensões, trabalho sindical e social de massas e luta de ideias -- a serviço da linha programática e da linha de construção partidária -- é o maior instrumental para nossa luta não se esgotar no movimento tático, ou se perder numa política estranha ao Partido. Visto que, com esse instrumental, pode-se ter um alcance e controle da aplicação da nossa linha política e partidária nessas frentes fundamentais e orientar o papel e a importância na relação entre elas.
Na dimensão da luta política atual assume centralidade as disputas eleitorais, meios através das quais as forças populares têm alcançado poder de Estado – nível da batalha política em curso no Brasil e America Latina – na nossa atividade nos parlamentos e no apoio ou participação nos governos progressistas, situação posta objetivamente. Ao mesmo tempo, essa atividade política central se relaciona e ganha maior poder e dimensão com a nossa ação conjunta de massas e a defesa de nossas ideias. Essas, por fim, adquirem forças com nossas maiores conquistas eleitorais nos parlamentos e governos, sobretudo a ação de massas que é a que garante as mudanças mais profundas. Portanto, a questão não está em dividir por igual a atenção em cada frente, ou ter uma prática própria apartada. A questão está em que a relação entre as diversas frentes precisa estar a serviço da nossa linha comum política e de construção partidária, e da interação mutua da força política mobilizada por cada frente.
*Renato Rabelo é presidente nacional do PCdoB.
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