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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
PARA UM AMIGO QUE SE FOI - Danilo Moreira
De Leon honrou a nossa geração.
O dia 4 de janeiro de 2013 poderia ser mais um daqueles dias felizes. Aliás, nos últimos tempos momentos felizes de tem sido agradavelmente corriqueiros. Falo isso não pra "tirar onda" mas porque não sou daqueles que reconhecem os momentos felizes apenas quando estes já se tornaram um passado distante.
Por volta das 17:00h estava retornando para um hotel em Maceió, estava acompanhado de bons amigos e de minha namorada. Fazíamos nossa primeira viagem de 2013. Infelizmente eu e centenas de pessoas no país inteiro fomos surpreendidos pela notícia de um trágico acidente automobilístico que tirou a vida do casal Alessandro Lutfy Ponce de Leon e Luciana Fontes naquela tarde em uma estrada do Rio de Janeiro.
De Leon era uma cara de muitos amigos poucos adversários e para todos aplicava uma mesma regra: a lealdade. Leal e generoso em situações de aliança ou disputa de posições, era assim que sempre o via se comportar.
Como um bom carioca sempre buscou viver bem a sua vida. Gostava do dia (um pouco para dormir) e da noite (muito para trabalhar e se divertir). Produzia bastante e tinha sempre uma idéia ou projeto engatilhado.
Quando sentia saudades, ligava para os amigos e começava a conversa com a inconfundível expressão "e aí, me abandona?!". Quando nos encontrava, substituía nossos nomes pelo "e aí Billy?" ou "qual é Billy?" para saber como estávamos, para nos questionar sobre algo ou simplesmente para demonstrar carinho.
De Leon, como todos os bons amigos que escolhemos era uma pessoa especial. Imagino porém, que um cara que dedicou grande parte da sua vida a estudar, debater e promover as políticas públicas de juventude nos governos e na sociedade civil, influenciando gerações de militantes e gestores públicos, não pode ser considerado uma pessoa qualquer por aqueles que não desfrutaram da sua amizade.
Esse cara que partiu definitivamente aos 41 anos de idade, deixou por aqui sua marca política e sua produção intelectual e contribuiu muito para trazer o tema juventude para agenda pública brasileira, ajudando a melhorar a vida de milhões de jovens. De Leon honrou a nossa geração!
Me conforta um pouco pensar que a morte instantânea de duas pessoas que se amavam e que estavam planejando juntos os próximos passos da suas vidas, foi, para ambos, apenas uma forma de encontrar este fim inevitável. Penso que pior que uma morte trágica e repentina, seria uma morte em vida. Felizmente, vontade de viver é o que não faltava para estes dois amigos. A verdadeira dor é para os que aqui ficamos a lamentar sua ausência.
A perda precoce de uma pessoa tão próxima e tão querida como De Leon, recolocou a consciência da morte como um obstáculo à minha corriqueira felicidade.
Inexoravelmente a vida seguirá e o nosso esforço deve ser o de seguir lutando pela nossa felicidade e pela felicidade alheia pois viver é ser sempre surpreendido pela morte.
Porra Billy!
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