A Juventude da CTB participou no sábado, 19 de janeiro, da Mesa de Conjuntura que reuniu algumas juventudes que promovem a Jornada Nacional Unificada, e que iniciará de 28 de março - aniversário da morte do secundarista Edson Luís de Lima e Souto no Rio, em 1968 - a 1º de abril de 2013- data do início da Ditadura Militar, em 1964.
O debate, que deveria ocorrer numa sala do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPE foi transferido para o Refeitório do 14º CONEB, pelas mais de 300 pessoas que queriam privilegiar o tema "A juventude na luta por um novo Brasil", teve uma composição bastante representativa. Nela estavam Daniel Iliescu, o Presidente da UNE, Raul Amorim (Coordenador da Juventude do MST), Paulo Vinícius Santos Silva (Secretário da
Juventude CTB),
Lea Marques Silva (pela Juventude da CUT), Felipe Altenfelder (Fora do Eixo), Pedro
Campos (da Juventude Pátria Livre), Wanderson Pinheiro (Centro
Cultural Manoel Lisboa), Nathalie Drumond (do PSOL).
Pela composição é possível depreender a importância e a amplitude que se pretende atingir com a Jornada prevista para março. As distintas posições políticas se colocaram, interpretando a realidade atual e a importância da mobilização da juventude, expressando não apenas as diferenças entre as perspectivas tática e estratégica que movem as correntes políticas e as entidades. As mais de 30 organizações juvenis estudantis, dos movimentos sociais, sindicais e políticas, através dessa mesa de discussão abriram-se à crítica, mas sobretudo à possibilidade do PSOL e do PCR comporem o leque da jornada de Lutas, o que permitiu um competente contraponto no debate.
Afinal, duas perspectivas se contrapuseram claramente na discussão. De um lado, um processo de debate que, reconhecendo as limitações do processo político de mudança que vive o Brasil, aposta na autonomia e na independência do movimento social, sindical e estudantil para vocalizar as pautas mais amplas da juventude, unindo-se às críticas das juventudes políticas e incorporando uma grande diversidade de pautas de todos os movimentos no sentido da unidade, mas com um eixo estruturante de vincular a atenção à juventude ao movimento mais amplo de desenvolver o Brasil para o seu povo e democratizar o país. Bandeiras de luta como o aumento do percentual do PIB e dos Royalties para a Educação, o Trabalho Decente, a Reforma Agrária e o apoio aos pequenos agricultores, a democratização da mídia, Memória, Verdade e Justiça e a mudança na economia para atender aos interesses do país, e não aos da oligarquia financeira que gerou a crise e faz os trabalhadores e trabalhadoras por ela pagarem.
Há tambéquem celebre a judicialização da política e a agenda do PIG que tenta diminuir as vitórias obtidas no ciclo de mudanças iniciada em 2003, com Lula. Como colocou Raul Amorim na última fala do debate, quem aceita com naturalidade a mudança na esfera judicial que permite condenar sem provas a partir do STF, esquece o efeito cascata das instâncias inferiores e os graves riscos aos movimentos sociais, primeiros a se verem vitimizados pela judicialização da política.
Ponderei que, curiosamente, aqueles que demonizam qualquer aliança, ao assumirem acriticamente discurso do "mensalão" fazem também uma aliança, e com a imprensa golpista e os setores da oposição de direita. Desse modo, cumpre observar que todos os processos políticos avançados e em curso tem deficiências e limites, e que é preciso observar que uma estratégia revolucionária de fato, e não apenas na teoria, precisa de uma tática consequente, do contrário nada realiza. E que persiste a luta mais difícil que é promover a unidade, o que não se faz com autossuficiência, agressões, e que não foi gratuito que Chávez pediu "unidad, unidad e unidad", citando Bolívar. Assim, uma agenda e bandeiras comuns, um diálogo permanente e a atenção com as reais demandas da juventude podem ser fatores decisivos para realizar massivas mobilizações para aprofundar as mudanças e enfrentar a direita.
A ampla maioria das organizações coincidiu quanto a identificar no latifúndio improdutivo, no capital financeiro e nas transnacionais os inimigos centrais a combater. O peso das organizações políticas, sociais, estudantis e sindicais envolvidas é imenso. UNE, UBES, ANPG, MST, CTB, CUT, Juventudes do PT, a UJS, do PPL, Levante Popular da Juventude, o coletivo de artistas e produtores culturais independentes - Fora do Eixo, jovens pela diversidade religiosa, feministas, em luta pela igualdade racial, o Centro Barão de Itararé e muitos outros garantem imensas possibilidades para as plenárias estaduais que se realizarão até o dia 23 de fevereiro, condo haverá a primeira plenária nacional na cidade de São Paulo.
A orientação para as redes e entidades envolvidas -incluindo a Juventude da CTB - é realizarem reuniões estaduais para debater o documento comum que está em fase de conclusão. Essas reuniões tem o desafio de preparar os atos nas capitais, o que exigirá coordenação e a busca de apoio nos Estados, inclusive para garantir representação na Plenária Nacional prevista para 23/02 São Paulo.
A CTB - como pediu o Presidente Wagner Gomes que comunicasse no debate - proporá na reunião das centrais sindicais que se realizará em São Paulo que o ato conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras previsto para Brasília seja unificado com a mobilização juvenil. Essa unidade entre estudantes e trabalhadores é estratégica para o avanço das mudanças.
2013 começa, portanto, com importantes movimentos de unificação de bandeiras e manifestações das maiores organizações do povo brasileiro, e a União Nacional dos Estudantes dá imensa contribuição ao proporcionar um debate estratégico com a sua imensa base de centros acadêmicos espalhados por todo o Brasil. Com espírito crítico e autonomia, levantando bandeiras claras e justas, mas sem aceitar fazer o jogo da direita, a juventude se posiciona na vanguarda das grandes lutas para aprofundar as mudanças no Brasil.
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