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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Notas Vermelhas - Os objetivos ocultos da operação Lava a Jato  - Portal Vermelho



Os objetivos ocultos da operação Lava a Jato - Portal Vermelho

A luta política se dá em múltiplas dimensões. Um governo oriundo do campo popular e democrático, que trilhe um caminho de desenvolvimento com distribuição de renda, tem na economia um dos fortes pilares de sua sustentação ou do seu enfraquecimento.


Não é à toa que outras experiências históricas, como a deposição de Salvador Allende no Chile, tenham seguido o roteiro do lockout (greve dos patrões) e da sabotagem econômica, visando produzir o caos que nutre até o clímax uma crise política que permita à direita criar condições para o golpe. Tal tática é expressa claramente pelo vice-presidente nacional dos tucanos, Alberto Goldman, que afirma em artigo publicado nesta terça-feira (24), na Folha de São Paulo, que afastar a presidenta Dilma só será possível “se o agravamento das condições econômicas e políticas persistirem” (leia matéria de Dayane Santos no Portal Vermelho). A entrevista do presidente da Engevix, José Antunes ao jornal Valor Econômico, nesta terça-feira (24), mostra que a meta de contribuir com o agravamento da crise econômica faz parte dos objetivos ocultos da Operação Lava a Jato. E estes objetivos estão prevalecendo. O maior prejudicado será o povo brasileiro.

Os objetivos ocultos da operação Lava a Jato - Sedimentando o caminho do golpe

Nestes dias deflagrou-se uma greve de caminhoneiros que inclusive está afetando fábricas em Betim e ameaça o abastecimento de combustíveis. No Chile em 1972 uma greve de caminhoneiros, que hoje está provado que foi organizada pela CIA, ajudou a viabilizar o sanguinário golpe de estado naquele país. Segundo declarou o presidente da Engevix, na entrevista mencionada na nota acima: “A Lava-Jato não está matando apenas construtoras. Está matando grupos de infraestrutura, que fazem as coisas acontecerem e não tem reposição internacional (...) Três ou quatro anos atrás, o clima era de vibração, de entusiasmo com as concessões e com as obras que vinham por aí. Isso não existe mais. O Brasil tem as cinco gigantes (Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS), mas seguramente teria espaço para o fortalecimento de, no mínimo, mais dez grupos médios. Vivemos um retrocesso que, de forma otimista, levará pelo menos uns dois anos para ser superado”. Há menos de duas semanas a Engevix vendeu 36,85% de sua participação na Desenvix Energias Renováveis para uma empresa norueguesa. Embora Antunes não relacione este fato com a crise provocada pela condução da Operação Lava a Jato, fica clara a ligação.

Os objetivos ocultos da operação Lava a Jato - Quem pagará a conta?

O jornalista Fernando Brito, em texto publicado no seu blog (Tijolaço) diz quem pagará está conta e explica o porquê: “A economia brasileira. Os operários, técnicos, engenheiros demitidos das obras que se paralisam por uma exploração política que até o Dr. Moro sabe que não tem base em fatos comprováveis. A economia brasileira, que verá serem congelados ou atrasados por anos projetos essenciais para seu crescimento. A Petrobras, que passou a viver sob desconfianças de credores, fornecedores, contratantes (...) Porque aqui, infelizmente, construiu-se uma casta midiática e judicial (e para-judicial) que não se escandaliza com R$ 1 bilhão em impostos saqueados do país num processo de sonegação como o da Globo, que é mais que o dobro do que até agora se comprovou surrupiado por aquela trupe. Que não se importa com nada disso, mas com um projeto político que conspurca a própria ideia de Justiça como Direito, e da frase célebre do jurista uruguaio Eduardo Couture: ‘Da dignidade do Juiz depende a dignidade do Direito’. Tomara que não vivamos o inverso disso”.

Parem a China!

O jornal Valor Econômico publica, nesta terça-feira (24), revelador artigo assinado por Robert D. Atkinson e Paul Hofheinz. Os autores reclamam que a China tem “quatro dos dez sites mais visitados no mundo”. Eles exigem uma providência e alertam que “o verdadeiro confronto competitivo para a Europa virá do Oriente, especialmente da China”. Em um mundo onde o governo estadunidense vigia, diretamente através dos seus aparelhos de repressão ou indiretamente através de suas gigantescas corporações, pessoas e governos, onde empresas dos EUA como a Microsoft são conhecidas por suas práticas empresariais predatórias, Robert e Paul acusam a China de “roubo de valiosa propriedade intelectual europeia e americana. Inclusive por meio de invasão, apoiada pelo governo, de computadores de empresas europeias”. Para a dupla o que está em jogo são a defesa dos “valores fundamentais das duas maiores economias do Ocidente (EUA e União Europeia)”.

Parem a China! O que o artigo realmente defende?

Os autores acusam a China de estar influenciando “uma fragmentação da internet mundial, produzindo redes nacionais menores e fechadas (...) está inspirando um número crescente de países a conceder privilégios e subsídios a suas (empresas) campeãs de tecnologia nacionais”. Os articulistas afirmam ainda que o “consenso de Pequim (é) frequentemente contrastado com o consenso de Washington, caracterizado por políticas favoráveis ao mercado”. Ao elogiarem o “Consenso de Washington” - conjunto de princípios neoliberais forjado pelas grandes corporações empresariais e financeiras a serviço do aumento da concentração de renda no mundo – os autores desnudaram claramente de que lado estão e os seus verdadeiros objetivos. A defesa real que eles fazem é a dos monopólios americanos e europeus e seus desejos, mal disfarçados, de que outros países não consigam se desenvolver científica e tecnologicamente, condenados eternamente a exportar commodities e importar produtos de alto valor agregado. É como se diz no Rio de Janeiro: “o mal do malandro é achar que todo mundo é otário”.

A vida real

O tom apocalíptico da mídia hegemônica é massacrante. A crise, que é real, é por ela superdimensionada o que causa um efeito de retroalimentação. Matéria publicada nesta terça-feira (24) no jornal Valor Econômico, reporta uma pesquisa que entrevistou 78,2 mil pessoas em 259 cidades. Em relação à economia as expectativas são muitos ruins. 62% acham que haverá aumento de imposto, 85% afirmam que os preços continuam subindo e 52% preveem que não terão aumento este ano. Mas, no campo pessoal, 55% disseram que em 2015 suas vidas irão melhorar. O sócio-diretor de um dos institutos promotores da pesquisa (Data Popular), Renato Meirelles, explica esta contradição “pela percepção comum entre os brasileiros de que o avanço pessoal está mais ligado à força de vontade do que à realidade retratada no noticiário”.

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