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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ivan Camargo, novo reitor da UnB: "Vamos fazer as mudanças que a UnB precisa, com muito diálogo", diz novo reitor


Ivan Camargo assume a administração da universidade na próxima terça-feira. Em entrevista, ele conta quais são as prioridades para os primeiros dias de gestão



Ivan Camargo toma posse como o novo reitor da UnB na próxima terça-feira, 20. A nomeação do professor, assinada pela presidente Dilma Rousseff, já foi publicada no Diário Oficial, mas a posse ocorrerá na semana que vem, às 15h, no Ministério da Educação. Na quarta-feira, será realizada uma cerimônia aberta à comunidade, onde o novo reitor vai apresentar sua equipe. O evento será no Centro Comunitário Athos Bulcão, às 9h30.

Dizendo-se muito feliz, ainda que preocupado com tamanha responsabilidade, Ivan Camargo concedeu entrevista à UnB Agência para falar como serão os primeiros dias de seu mandato, suas prioridades na gestão e da equipe que escolheu para acompanhá-lo na Reitoria. "Vamos investir toda a nossa dedicação e capacidade de trabalho para fazer as mudanças que a universidade precisa", diz o professor. "São mudanças que demandam muita conversa, muito diálogo, e esse processo será feito usando os conselhos, a parte institucional da UnB".

UnB Agência: Qual é o planejamento do senhor para os primeiros 100 dias de mandato?

Ivan Camargo: Vamos atuar principalmente em dois pontos: conformidade legal e austeridade orçamentária. Uma das coisas que têm de estar conforme a lei é o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Brasília, que deve aprovar as contas no primeiro trimestre do ano seguinte. Vou seguir a lei e indicar nomes para compor o novo Conselho Diretor, colocar ele para funcionar e discutir o patrimônio da universidade, que é a sua função: gestão de apartamentos, terrenos, dos campi em si. Essas questões têm de passar pelo Conselho Diretor. Veja bem, não estamos falando em vender nada, já temos políticas nessa área, mas vamos ver o que é preciso atualizar, o que é preciso manter. Inclusive com pessoas de fora da UnB, porque o patrimônio não é só da UnB, é da sociedade inteira, que tem de opinar sobre ele. Essa discussão tem de ser maior. O Consuni é muito importante para as discussões acadêmicas, sobre os eixos da universidade. No entanto, acho importante que nessa questão patrimonial estejam incluídas pessoas da sociedade. O Conselho Diretor tem esse papel e vamos fazer um grande esforço para que ele seja exercido por pessoas do mais alto nível, internas e externas. Quanto à austeridade, queremos viabilizar um fechamento de ano o mais harmonioso possível. Fechar as despesas, a contabilidade do ano, a questão orçamentária e planejar 2013 estão entre as grandes atividades do início do ano. O foco que estou dando é absolutamente administrativo. Acredito que é isso o que esperam da administração: que a parte acadêmica, que é o nosso foco, flua de uma maneira mais harmônica e mais tranquila. Tirar os entraves administrativos para que o DPP, o DEX e o DEG consigam funcionar, que os cursos andem normalmente. Outra questão que está muito na cabeça de todos nós é a da manutenção do campus. Vai ser uma ação forte. É uma área difícil, que queremos descentralizar. Estou colocando pessoas da minha inteira confiança na Prefeitura para fazer com que ela volte a gerenciar seus contratos, volte a ter a possibilidade de compra, alguma autonomia. Vamos passar essa responsabilidade e os meios para isso. Eu e a professora Sônia Báo vamos estar juntos com o prefeito, visitando a universidade para zelar.

UnB Agência: Nessa área de manutenção, uma questão muito importante é a parte elétrica do ICC, que inclusive é objeto de emenda na Câmara dos Deputados. Essa reforma está entre suas prioridades? 

Ivan Camargo: Sim, inclusive por isso vou nomear na Prefeitura o professor Marco Aurélio, que é um craque, sabe tudo de instalações elétricas. Fez um diagnóstico do Minhocão há mais de cinco anos e com certeza é a pessoa mais indicada para conduzir esse processo, que é muito complexo. Além disso, temos a facilidade do contato com a CEB, as pessoas que dirigem a CEB hoje foram nossos colegas de turma. A CEB tem dinheiro para investir na eficiência energética da Universidade e esse contato e essa facilidade de conversa vai fazer com que consigamos aproveitar isso. Assim que entrarem os recursos da emenda parlamentar, vamos atuar com firmeza nessa questão. O Minhocão é um prédio emblemático que tem de estar bonito. Vamos trabalhar também a questão de água e esgoto. Estamos conversando com colegas da Engenharia Civil para ver o que está acontecendo. Temos soluções razoavelmente simples para esses problemas, que serão dadas pelos colegas. Arrumando a infraestrutura, é possível arrumar outras coisas, entre elas a segurança. Principalmente para o período noturno, que foi uma demanda de toda a comunidade: tem a iluminação, tem a questão do controle da sala de aula, de saber quem entrou e saiu, descentralizar o controle. A Prefeitura sozinha não consegue fazer isso. Temos alguns prédios que têm esse controle e quando ele é descentralizado, você tem um número menor de salas de aula para tomar conta. É mais viável. Eu queria responsabilizar os diretores dos institutos e faculdades para a gente se corresponsabilizar pelo espaço físico. Acho que é uma necessidade urgente. Quanto ao controle de acesso, acho que a UnB não pode se fechar. Aqui é um espaço público, agora é um espaço público que tem de ter controle. Quando acabar a aula noturna, às 23h, e antes de começar a aula diurna, o acesso deve ser restrito às pessoas identificadas. Vamos tomar medidas homeopáticas, aos poucos. A linha é essa, e não fazer de um dia para o outro. Analisar a viabilidade de uma medida como essa e ir implementando. Acredito que são boas metas para os primeiros 100 dias: conformidade legal, orçamento, manutenção e segurança, sempre pensando a estrutura da Universidade, com um pensamento de descentralização, desburocratização. Equilibrar os gastos com os recursos que temos.


UnB Agência: Qual foi o critério que o senhor usou para selecionar sua equipe na administração?

Ivan Camargo: A definição passou por três critérios: mérito, confiança e representatividade. Tentei ser o mais amplo possível para a Universidade. Não quero que a Reitoria fique com cara de uma determinada área. Essa questão da representatividade era muito importante para mim. São todas pessoas de inteira confiança, pessoas que conheço há 30 anos, pessoas que eu gosto. Há quem diga na Universidade que há uma carência de lideranças. Essas pessoas são todas lideranças na Universidade. No convite a cada um deles, não teve nenhuma imposição de nomes. Vamos construir juntos essas equipes, tentando manter rigorosamente o mesmo conceito: mérito, representatividade, confiança. Uma equipe, numa Universidade, é sempre diversa. As pessoas pensam diferente. São discussões animadas. Existe liberdade total, mas uma vez definido o que nós consensamos, que seja uma posição única. Uma espécie de centralismo democrático.

UnB Agência: É uma equipe com um perfil bastante técnico.

Ivan Camargo: Bastante técnico. Estava até demais e aí convidei o professor Carlos Alberto Torres para participar, no Decanato de Planejamento e Orçamento. É uma pessoa com uma visão um pouco mais política. Precisamos muito de pessoas com sensibilidade política e foi por esse mesmo motivo que chamei o professor Humberto Abdalla para ser chefe de gabinete. É um docente que tem trânsito com a Universidade inteira, é benquisto, simpático, alegre. Estamos começando a fazer discussões setoriais, porque começam a aparecer muitos temas. Faz parte da nossa composição a história da união, inclusive dos grupos. O professor Mauro Rabelo, que será decano de Graduação, apoiou a chapa do professor Volnei Garrafa. Luís Afonso Bermúdez, que será decano de Administração, foi vice dessa chapa. Denise Bontempo, que assumirá o Decanato de Assuntos Comunitários, foi outra candidata. Acho que a equipe tem diversidade e vai trazer bons resultados para a UnB.

UnB Agência: O senhor foi eleito com a expectativa de melhorar os processos burocráticos da universidade. Como isso será feito?

Ivan Camargo: Os processos já existe, estão estabelecidos pela legislação. A questão dos professores é conseguir viabilizar as coisas dentro desse processo. Acredito que a universidade fica melhor quando a parceria com a sociedade se amplia. Vamos valorizar essas parcerias. Mas é preciso dizer que não existe ação mágica. Existe uma burocratização enorme, além de grupos que acham que a universidade não deve se envolver nesse tipo de relação. Eu discordo, acho que isso é bom para a UnB e para a sociedade. O dinheiro público destinado à universidade tem que ser 100% investido, mas vamos gastá-lo com muito respeito e em conformidade com as normas legais e com as exigências dos órgãos de controle.

UnB Agência: Qual o papel das fundações de apoio nesse processo de desburocratização?

Ivan Camargo: Nosso grupo se manifestou diversas vezes no Consuni a favor do trabalho das fundações. Achamos que a contribuição dessas instituições é indispensável. Todas as fundações de apoio, seja a Finatec ou outras que venham a ser credenciadas, terão total apoio da Reitoria para exercer suas atividades e viabilizar ações de pesquisa e extensão, sempre de acordo com as exigências do Ministério Público, dos órgãos de controle e da própria Universidade.

UnB Agência: Como será a relação da UnB com outras instituições?

Ivan Camargo: A UnB é muito disciplinada, por isso é possível fazer acordos com muita gente. O GDF, por exemplo, tem reiterado a importância da participação da UnB na solução dos problemas regionais, mas quem vai resolver esses problemas são os pesquisadores. A Reitoria tem o papel de viabilizar essa parceria, sem que os professores tenham que gastar todo o seu tempo cuidando de papeis, processos burocráticos que atrapalham sua capacidade de se aprofundar no que é mais importante. Outro exemplo são as empresas de energia. Cito em particular a Petrobras, que apoia programas de pesquisa em todo o Brasil, mas que terminou a maior parte de suas parcerias com a UnB. Precisamos retomar essa relação. Em relação ao governo federal, tenho conversado muito com o secretário-executivo do Ministério da Educação, Henrique Paim, e já disse a ele que vamos dar continuidade às ações do Cespe até a questão da empresa pública ser resolvida. Enquanto estivermos responsáveis pela aplicação do Enem não vamos mudar nada no Cespe. Vou manter as parcerias que já existem e também buscar outras novas. Afinal, meu discurso é o da união.


UnB Agência: E os conselhos e colegiados da UnB, como funcionarão?

Ivan Camargo: É importante lembrar que eu trabalho aqui há mais de 20 anos. Já fui decano, chefe de departamento e já coordenei muitas reuniões de colegiado. A forma de a UnB funcionar é através de seus colegiados e conselhos. Eles é que tomam as grandes decisões da universidade e vai continuar assim. Não há nenhum motivo para achar que haverá qualquer mudanças no comportamento dos conselhos. E eu acredito que a administração terá um relacionamento muito bom com os colegiados. Quero inclusive já marcar uma sessão do Consuni para a próxima sexta-feira, uma vez que já existem diversas pautas na agenda.

UnB Agência: O senhor quer passar alguma mensagem para a comunidade acadêmica?

Ivan Camargo: Podemos garantir que vamos investir toda nossa dedicação e capacidade de trabalho para fazer as mudanças que a universidade precisa. São mudanças que demandam muita conversa, muito diálogo, e esse processo será feito usando os conselhos, a parte institucional da UnB. Além disso, vou usar muito a Secom como forma de comunicação com a comunidade. Gostaria muito de continuar circulando pelos campi como venho fazendo, aproveitar esse capital de esperança, esse momento de grandes expectativas, a expectativa de mudança para melhor, para impulsionar esse processo. Eu acredito que, nesses próximos quatro anos, vamos tornar a UnB um lugar melhor para se trabalhar, estudar e viver.



Fotos: LF Barcelos / UnB Agência
Matéria: Ana Lúcia Moura e Leonardo Echeverria (SECOM)

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