Quem disse que por ser médico é preciso compactuar com a elitização, o corporativismo, a mercantilização da vida e a insensibilidade diante da população mais pobre? Nada disso. Como demonstraram os brasileiros inscritos, e os médicos que apoiam o programa - ainda que defendam mudanças - é possível remar contra a corrente. Minha esperança é que os profissionais humanistas percebam o erro de se deixar dirigir pela direita e compreendam que o Mais Médicos é uma mudança muito importante, que inspirará uma verdadeira mudança na saúde brasileira. Vejam esse artigo, por exemplo, de um médico cearense.
"Bem-vindos, colegas cubanos". (Artigo do Dr.Manoel Dias da Fonsêca Neto - Médico, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Gestão de Sistemas Locais de Saúde)
"Estive em Cuba em 1986, junto com uma centena de brasileiros, para participarmos do I Seminário Internacional em Atención Primaria de La Salud, promovido pela Organização Panamericana de Saúde(OPS), Organização Mundial da Saúde(OMS) e Ministério de Saúde Pública de Cuba. Há quase 30 anos o Programa de Saúde da Família de Cuba era o destaque deste Seminário Internacional, exemplo de estratégia de incorporação de baixa densidade tecnológica, centrada na pessoa humana, na família e no vinculo permanente de uma equipe com a população de um território, com resultados significativos na melhoria de indicadores de saúde. Qual era o segredo desta estratégia? Os médicos cubanos aprendiam o que os nossos mestres Dr. Paulo Marcelo, Dr. Elias Salomão, Dr. Oto, Dr. Pessoa, Dr Haroldo Juaçaba nos ensinavam: ouvir o paciente e sua história familiar, examiná-lo, palpá-lo, auscultá-lo, observando sinais e sintomas, fazer, enfim, uma anamnese e exame clínico detalhado e sistemático. Respeitando o ser humano que nos procura em sofrimento, a sua individualidade, com ética e humanismo. Os médicos cubanos são excelentes médicos de família e vêm aperfeiçoando o seu conhecimento há 30 anos. Os brasileiros estarão em muito boas mãos aos seus cuidados. Fico muito triste ao presenciar expressões de xenofobia e até etnofobia, arrogância, preconceito e agressividade de presidentes de alguns CRMs, do CFM e AMB contra médicos estrangeiros, especificamente cubanos. Xenofóbico é quem demonstra temor, aversão ou ódio aos estrangeiros. Será que esta não é uma forma camuflada de expressar aversão ou ódio aos pobres do Brasil? Por que tememos os médicos cubanos? Porque são disciplinados e cumprirão a carga horária contratada? Porque são excelentes médicos de família e cuidarão com carinho, respeito e sabedoria do nosso povo. Porque se fixarão num só emprego e dedicarão todo o seu tempo às famílias sob sua responsabilidade? Espero que nossos colegas médicos cubanos e demais estrangeiros não sejam hostilizados por senhores da “casa grande e senzala” da modernidade e sejam acolhidos com simpatia e respeito, como fui por eles, quando estive em Cuba há 30 anos".
Manoel Dias da Fonsêca Neto
Médico, Especialista em Saúde Pública
Mestre em Gestão de Sistemas Locais de Saúde
"Estive em Cuba em 1986, junto com uma centena de brasileiros, para participarmos do I Seminário Internacional em Atención Primaria de La Salud, promovido pela Organização Panamericana de Saúde(OPS), Organização Mundial da Saúde(OMS) e Ministério de Saúde Pública de Cuba. Há quase 30 anos o Programa de Saúde da Família de Cuba era o destaque deste Seminário Internacional, exemplo de estratégia de incorporação de baixa densidade tecnológica, centrada na pessoa humana, na família e no vinculo permanente de uma equipe com a população de um território, com resultados significativos na melhoria de indicadores de saúde. Qual era o segredo desta estratégia? Os médicos cubanos aprendiam o que os nossos mestres Dr. Paulo Marcelo, Dr. Elias Salomão, Dr. Oto, Dr. Pessoa, Dr Haroldo Juaçaba nos ensinavam: ouvir o paciente e sua história familiar, examiná-lo, palpá-lo, auscultá-lo, observando sinais e sintomas, fazer, enfim, uma anamnese e exame clínico detalhado e sistemático. Respeitando o ser humano que nos procura em sofrimento, a sua individualidade, com ética e humanismo. Os médicos cubanos são excelentes médicos de família e vêm aperfeiçoando o seu conhecimento há 30 anos. Os brasileiros estarão em muito boas mãos aos seus cuidados. Fico muito triste ao presenciar expressões de xenofobia e até etnofobia, arrogância, preconceito e agressividade de presidentes de alguns CRMs, do CFM e AMB contra médicos estrangeiros, especificamente cubanos. Xenofóbico é quem demonstra temor, aversão ou ódio aos estrangeiros. Será que esta não é uma forma camuflada de expressar aversão ou ódio aos pobres do Brasil? Por que tememos os médicos cubanos? Porque são disciplinados e cumprirão a carga horária contratada? Porque são excelentes médicos de família e cuidarão com carinho, respeito e sabedoria do nosso povo. Porque se fixarão num só emprego e dedicarão todo o seu tempo às famílias sob sua responsabilidade? Espero que nossos colegas médicos cubanos e demais estrangeiros não sejam hostilizados por senhores da “casa grande e senzala” da modernidade e sejam acolhidos com simpatia e respeito, como fui por eles, quando estive em Cuba há 30 anos".
Manoel Dias da Fonsêca Neto
Médico, Especialista em Saúde Pública
Mestre em Gestão de Sistemas Locais de Saúde
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