"A juventude brasileira mais uma vez provará que está certa quanto ao caminho para o desenvolvimento do país" - Presidenta da UBES, Manuela Braga, a jornalista que duvidava da possibilidade de a juventude convencer o Congresso dos 100% dos royalties para a Educação, na coletiva após a conversa da Jornada com a Presidenta Dilma, em 04 de abril de 2013.
A UBES mais uma vez foi decisiva para fazer as mais avançadas bandeiras da juventude se expressarem de modo massivo para o benefício e a visibilidade das maiores causas nacionais. Que seria da nossa Jornada de Lutas sem a meninada com cabeça de gente grande que é a militância secundarista? Tomando umas, recordava de meu ingresso na militância juvenil e comunista ainda no Salomé Bastos, na 8ª série, com 14 anos, de onde partiria ao glorioso Liceu do Ceará para as jornadas do Fora Collor. Lembrava que à época, tinha cabelo na cabeça ainda. Lembrava dos amigos que fiz e que permanecem até hoje, como Andrea Oliveira, Flávio Arruda, Joao Marcelo Nogueira Martins, Viviane Rodrigues, Paulo Rogério Gomes de Sousa e tantos!
Lembrava dos primeiros amores escruciantes e do conjunto dessa época, no Salomé, no Liceu, na ETFCE, de onde peguei as emoções que me impulsionam na luta até hoje. E lembro, sobretudo, daquela força das multitudinárias marchas do Fora Collor que plasmaram em mim a convicção do poder da juventude nas ruas e com bandeiras claras, como é hoje a defesa dos 10% do PIB, os 100% dos Royalties e os 50% do fundo social do pré-sal. Ontem, quando estivemos com a Presidenta Dilma, ficou cristalina a responsabilidade da juventude fazer tremer o país e o povo entender o que está em jogo no destino do pré-sal. Pela primeira vez a riqueza do país ser destinada ao seu povo, à superação da miséria e da desigualdade, ao futuro, ao desenvolvimento, à base de educação e ciência que permita ao trabalho brasileiro libertar-se da vergonhosa proeminência da produção da matéria prima que, esclarece-nos Tom Zé é "o grau mais baixo da capacidade humana" e que ainda domina - e com grande e crescente margem - a nossa relação comercial com o mundo.
Quando ouvia sobre essa imensa responsabilidade que cabia à juventude, pensava comigo mesmo: "olha só como a juventude consegue - a despeito dos imbecis que a menosprezam, inclusive com um discurso pseudo-esquerdista - pautar o centro do projeto nacional"! E pensava, sobretudo: "É, Dilminha, moçada, para demover esse congresso atrasado, para calar a boca da imprensa bandida, para amedrontar os interesses das multinacionais e do imperialismo, para sacudir o país, só se a base da UBES encher novamente as ruas e praças do país, para - com toda a paixão da passagem da adolescência e da juventude - indicar ao Brasil o caminho do futuro".
E essa mesma moçada, espremida nos ônibus, alvo da violência, com uma escola que não serve, que não teve educação infantil e creche, cujas mães e pais ralam em empregos sofridos, essa moçada que representa a base do movimento hip hop, a base das periferias, a moçada que é segregada pela falta de mobilidade urbana, toda essa galera, será que eles e elas sabem, que a escola integral do Brizola, as creches que abrirão caminho à igualdade, a reforma do ensino médio para que todo jovem possa escolher se será um técnico ou um universitário, a revolução do ensino técnico que o PRONATEC apenas sinaliza timidamente, as reformas e as novas escolas, os salários das professoras(es) e profissionais, será que sabem que tudo isso está à mão, como nunca antes? Será que os estudantes secundaristas sabem como pode ser importante - mais uma vez - a sua ação para o futuro do Brasil?!
Talvez não, porque a exclusão é demais, e porque o movimento secundarista sofreu duríssimo golpe na sua organização local e nacional quando nos anos de FHC se legalizou o liberou geral para as máfias e os inimigos da meia entrada a desmoralizarem com a MP 2208, com as infinitas e falsificadas carteiras que minaram a realidade do direito à meia entrada - que virou desconto e que justificou o encarecimento dos ingressos. A identidade estudantil, ao contrário de antes, perdeu muito daquela força que impulsionava a juventude à luta, à cidadania, à politização, às mobilizações, sedes, carros de som, panfletos da juventude secundarista.
É esse desmonte que ainda vigora a base para que tanta maldade se cometa com a juventude mais carente e linda das periferias, as crianças de rua a consumir o crack, a moçada que deixa a sala de aula porque não tem o que lá aprender e são seduzidas pela imprensa bandida e seus valores consumistas e desesperadores.
Marcha da Jornada de Lutas em BH - é só olhar para qualquer foto: estudantes secundaristas são ampla maioria. |
Essa é a consequência da desestruturação material da mais importante alavanca da luta de massas na juventude, representada na mais que gloriosa União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e sua base infinita de dezenas de milhões de jovens de todos os municípios brasileiros e que o estatuto da Juventude pode corrigir. É uma imensa força potencial, mas que necessita de poder estruturar-se, para cumprir o transcendente papel de celeiro de quadros, reserva mais combativa, aríete das massas juvenis contra as estruturas arcaicas. É esse o desafio que a Presidenta da UBES, Manuela Braga, e nossa meninada enfrenta quando dirige, com valentia, abnegação, militância apaixonada, tantos grêmios, UMES e Uniões Estaduais, mesmo sem um tostão, mesmo pedindo grana pro passe e pro almoço. São obstáculos tamanhos que só os secundaristas topam enfrentá-los. A vida dos secunda nunca foi fácil. Por isso eles e elas, filhos dos trabalhadores e trabalhadoras, são a parcela que sempre mais me emocionou na juventude, porque eu nunca deixei de ser secunda. Por isso a UBES não precisa ser a UNE, porque quando a UBES se move, o Brasil treme, já que o outro nome para os secundaristas é povo nas ruas, o que a Jornada de Lutas da Juventude outra vez comprovou, indiscutivelmente.
E isso, mais que nunca, estimula a responsabilidade dos movimentos juvenis e do movimento sindical da educação apoiarem a UBES. Essa unidade é sumamente potente: trabalhadores e estudantes, foi ela que garantiu o caráter de massas do Fora Collor em todo o país, e são animadoras as ações conjuntas, como a própria Jornada de Lutas, em que estão a s juventudes da CTB, da CUT, a CONTEE, a APEOESP, a CONTAG e o MST (esses últimos com o desafio de impulsionar a educação no campo).
Esse entendimento é decisivo sobretudo ao movimento sindical, de que é nos estudantes secundaristas, na possibilidade de atuação de suas direções junto a essa imensurável base, que repousa o maior potencial tectônico da luta para que o Brasil revolucione a Educação, e em benefício também de seus trabalhadores e trabalhadoras. Que fará o Congresso se a juventude secundarista se levantar pelos 100% dos royalties, os 50% do Pré-Sal e os 10% do PIB? Que farão os secundaristas se a UBES conseguir lhes dizer o que está em jogo?
O que aconteceria se, em junho, os 10 mil universitários e universitárias participantes do Congresso da UNE em Goiânia se unissem, e viessem a Brasília, com caravanas secundaristas de todo o país e os secundas do DF, para pressionar lotar a Esplanada e sacudirem os bolores do Congresso Nacional, dando aquele puxão de orelha que a meninada dá, em defesa dos grandes objetivos do Brasil?
Desculpem, eu sei que sonho muito... é um velho hábito secundarista.
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