Foram presas cinco pessoas envolvidas nos assassinatos do diretor do Sindicato dos Rodoviários, Paulo Colombiano, e de sua esposa, Catarina Galindo, ocorridos no dia 29 de junho de 2010. A elucidação do crime, anunciada nesta quinta-feira (17), é um alívio para os familiares e amigos do casal, que vão continuar cobrando a continuidade das investigações para que todos os envolvidos no crime sejam presos e punidos.
Secretaria de Segurança Pública apresenta resultado das investigações que culminaram nas prisões
Depois de longos um ano e 11 meses, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia anunciou nesta quinta-feira (17), que prendeu cinco pessoas envolvidas diretamente nos assassinatos de Colombiano e Catarina. Segundo as investigações, os dois foram mortos a mando do dono do plano de saúde Mastermed, utilizado pelos rodoviários, Claudomiro César Ferreira Santana e de seu irmão Cássio Antonio Cerqueira Santana, devido a insurgência de Colombiano contra os valores absurdos repassados para o plano. O crime foi executado por dois motoqueiros, ainda não identificados, que receberam informações de Edilson Duarte de Araújo, Wagner Luís Lopes de Souza e Adaílton Araújo de Jesus, seguranças de Claudomiro, que seguiram as vítimas por dois dias e estavam no local do crime na hora das execuções.
Desde que assumiu a Diretoria Financeira do Sindicato dos Rodoviários, Colombiano vinha se mostrando insatisfeito com uma série de irregularidades, a principal envolvendo o plano de saúde Mastermed. Entre 2005 e 2010, R$ 106 milhões haviam sido recolhidos e pagos à Mastermed. Desse valor, cerca de R$ 35 milhões eram referentes à taxa de corretagem, valor considerado alto pelo dirigente, que procurou os donos para rever o contrato, mas foi assassinado logo depois. Colombiano tentou apurar ainda o desvio de R$ 1,4 milhões da entidade para contas de alguns diretores, além de se recusar a pagar dívidas não comprovadas em gráficas e postos de combustíveis.
“Paulo Colombiano assumiu o Sindicato e quando ele se deparou com o descalabro de desvio, de denúncias as mais variadas ele tentou colocar ordem na casa. Ele me disse, três dias antes de morrer, que estava estudando a possibilidade de contratar uma auditoria para verificar os escândalos como o valor absurdo cobrado pelo plano de saúde, o pagamento de faturas não existentes de gráficas e postos de combustíveis. E após estas denúncias, três dias depois ele foi assassinado”, declarou o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo.
As investigações sobre o caso vão continuar para prender todos os envolvidos no assassinato do casal.
Compromisso do governador
“Nós consideramos uma vitória a elucidação do crime que envolveu Colombiano e Catarina. Queremos manifestar o nosso agradecimento ao governador, que em contato por mais de uma vez com o PCdoB e familiares de Colombiano e Catarina assegurou que faria todo esforço para elucidar o crime. Foi um compromisso que ele assumiu publicamente com o PCdoB e as famílias das vítimas. E agora, está demonstrado que este compromisso era para valer. Queremos registrar este agradecimento e dizer que nós sempre tivemos confiança que isso aconteceria. Sempre acreditamos que o governador estava empenhado na elucidação deste crime”, afirmou o presidente do PCdoB na Bahia, Daniel Almeida.
Para Almeida, esta é também uma demonstração da capacidade da polícia baiana. “Esta apuração é muito importante para sinalizar que ninguém está acima da lei, que a impunidade não pode ser estímulo para outros crimes. E a investigação também é importante, porque o Paulo Colombiano e Catarina foram vítimas de criminosos que agem contra pessoas que denunciam o crime. Colombiano morreu por causa de sua honestidade e seriedade, morreu por ser sério e honesto, por ter atuado com o padrão de atuação que deve ter quem lida com o dinheiro dos outros, dinheiro público. Por se comportar de forma correta, ela foi vítima deste crime. Então, a elucidação do crime sinaliza também que ser sério, ser honesto tem que valer a pena e precisa ser protegido. Estes atos de seriedade devem ter a proteção do estado e da sociedade. A elucidação do crime é para dizer para sociedade que vale a pena ser sério, vale a pena ser honesto”, acrescentou
Alívio e cobrança
Irmão de Catarina, Geraldo Galindo acompanhou atentamente a entrevista coletiva em que os integrantes da Secretaria de Segurança Pública e se disse aliviado com a prisão dos mandantes e outros envolvidos no crime. “É um alívio enorme. É um consolo. A nossa dor vai durar até o final das nossas vidas pela perda de dois entes queridos. Mas, o fato do crime ser elucidado, dos mandantes e autores serem presos e punidos exemplarmente, isso é um alivio muito forte para nós”, disse.
“Nós familiares, amigos e militantes do PCdoB nunca esquecemos este crime e sempre fizemos mobilizações, fizemos reuniões com o secretário e o governador para que este crime não caísse no esquecimento. Hoje, a Secretaria de Segurança Pública mostrou que tem uma rede de profissionais qualificados e competentes, que conseguiram desvendar um crime que parecia insolúvel. Nós estamos aliviados, mas vamos continuar a exigir, e a Secretaria vai fazer isso, o que falta ser apurado.”, declarou Galindo.
CTB cobra continuidade das investigações de irregularidades no Sindicato dos Rodoviários
De Salvador,
Eliane Costa.
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