Revista Fórum
A história mostra que mais além de partidos políticos, a principal disputa na política é entre progressismo e conservadorismo; no dia 26, o Brasil vai decidir se continua a arrancada rumo ao futuro que começou em 2002 ou se a interrompe, como aconteceu em 1964
Por Nicolas Chernavsky, em culturapolitica.info
Finalmente chegou a hora. Depois de uma
abrupta guinada para o conservadorismo em 1964, gradualmente o Brasil
conseguiu sair das trevas para chegar à predominância do progressismo a
partir da eleição de Lula em 2002. Nestes 12 anos, o Brasil conseguiu
avanços extraordinários, como retirar 36 milhões de pessoas da miséria e
ascender 40 milhões de seres humanos para a classe média. Saímos do
mapa da fome no mundo. Reduzimos o desemprego à metade com aumentos
consideráveis de salários. Estamos conseguindo realizar o sonho de
muitas gerações de brasileiros. Estamos deixando de ser um país pobre e
virando um país de classe média! Não era isso o que queríamos?
Já houve outro momento assim. Entre 1945 e
1964, finalmente tivemos um período duradouro de democracia no Brasil.
Ao longo destas duas décadas, passando pelos governos de Dutra, Getúlio,
Juscelino e Jango (com alguns meses de Jânio antes deste) gradualmente
as forças progressistas foram conquistando mais e mais votos, inclusive
no parlamento nacional. Getúlio criou a Petrobras,
Juscelino criou
Brasília e Jango impulsionava as reformas de base. O Brasil era uma das
maiores democracias do mundo. Mas isso acabou em 1964, quando o governo
dos Estados Unidos, junto com os setores mais conservadores do Brasil,
inclusive nos meios de comunicação e nas Forças Armadas, organizaram um
golpe de Estado que acabou com a democracia e instaurou a predominância
do conservadorismo no país que só veio a ser vencida com a eleição de
Lula em 2002, depois de um crescimento do progressismo através do
movimento pelas Diretas Já, da Constituição de 88 e do crescimento
eleitoral dos partidos mais progressistas.
Chegamos a 2014, quando o conservadorismo
apresenta um candidato sedutor, com boa lábia, talvez até simpático
pessoalmente, mas que traz a carga da história às suas costas, com
décadas sendo um elemento central no espectro mais conservador da
política brasileira. Aécio foi presidente da Câmara de Deputados durante
o governo de Fernando Henrique Cardoso, na coalizão conservadora
liderada pelo PSDB que governou o Brasil entre 1995 e 2002. Em 1994, o
presidente Itamar Franco havia implementado o Plano Real, que estava
controlando a inflação, e como Fernando Henrique Cardoso era ministro de
Economia de Itamar, acabou surfando no fim da inflação e se elegendo
presidente em 1994. De 1995 a 2002, apesar da inflação ficar controlada,
o país assistiu ao aumento vigoroso do desemprego, com a venda a preços
baixíssimos de inúmeras empresas estatais, inclusive de grande parte
das ações da Petrobras. Do ponto de vista da redução da pobreza, o país
caminhava lentamente, endividando-se exponencialmente em relação ao PIB e
tendo que apelar a um empréstimo de grande valor do Fundo Monetário
Internacional (FMI), que reduziu fortemente de maneira temporária a
liberdade do Brasil para escolher sua política econômica.
Quando Lula venceu as eleições em 2002,
iniciou um extraordinário esforço de comércio exterior, multiplicando
nosso saldo comercial e reconquistando aos poucos a nossa liberdade para
decidir nossa política econômica, ao devolver ao FMI o dinheiro que
este havia emprestado. Ao mesmo tempo, o governo Lula colocou o Estado
para aliviar o sofrimento de dezenas de milhões de pessoas que não
tinham o suficiente para comer e viviam na miséria, enquanto diminuía o
desemprego e aumentava o salário mínimo. A Petrobras aumentou
exponencialmente de valor e a Caixa Econômica Federal passou a permitir a
muito mais brasileiros e brasileiras ter uma casa própria, pois o
volume de empréstimos habitacionais também se multiplicou. Um turbilhão
de ascensão social tomou conta do Brasil, elevando para a classe média
40 milhões de pessoas, tirando o Brasil do mapa mundial da fome e
tornando nosso país uma esperança para o mundo, que sofreu com a crise
econômica mundial de 2008 e olhava para o Brasil tentando entender como
nosso país passou pela crise gerando empregos e distribuindo renda.
O governo Dilma manteve a coalizão política e
os princípios norteadores progressistas do governo Lula, com o
aprofundamento da redução da miséria e da redução do desemprego, e a
continuação do aumento da renda das famílias, mesmo com o crescimento do
PIB sendo atingido pela maior crise econômica mundial em mais de 80
anos. Com Dilma, o Brasil protegeu a liberdade na Internet aprovando um
marco legal para o setor que abre caminho para que o mundo crie
instituições democráticas para gerir a Internet, para que ela não
continue basicamente sendo gerida pelos Estados Unidos e alguns países
próximos. Com Dilma, a Petrobras começou a gerar bilhões, que se
tornarão trilhões de reais, para que o Estado democrático brasileiro
possa investir naquilo que a sociedade ainda não consegue fazer sem ele,
que é garantir o acesso a todos ao conhecimento em escolas e
universidades, um atendimento à saúde para todos de boa qualidade,
empréstimos para compra de casas e apartamentos, avanços na ciência e
tecnologia, assistência emergencial a quem estiver na miséria e não
tiver o que comer, crédito e seguro para a produção agrícola,
policiamento e segurança pública, proteção do meio ambiente e tantas
outras áreas.
Nossa democracia nos dá a maravilhosa
possibilidade de somente eleger uma presidenta ou um presidente se esta
ou este tiver mais de 50% dos votos, diferentemente de muitos outros
países em que os sistemas políticos permitem que um chefe de governo
chegue ao poder com 35% ou 40% dos votos. Assim, Dilma e Aécio
disputarão essa maioria. O progressismo e o conservadorismo disputarão
aos olhos da história, e os olhos da história somos nós. Junte-se à
jornada daqueles que acreditam na Humanidade. Vamos progressismo! Vamos
Dilma!
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