Em sua
deliberada má fé, Aécio Neves e alguns manipuladores da direita costumam
dizer na maior cara de pau que o governo brasileiro está construindo um
porto para Cuba só para ajudar o governo cubano, como se estivesse
desviando dinheiro para a ilha que derrotou o império com a sua
revolução invicta.
Por Pedro Porfírio, em seu blog*
Divulgação
Porto de Mariel, em Cuba.
Porto de Mariel, em Cuba.
Os idiotas da fauna obscurantista podem até se compensarem
psicologicamente quando repassam essa mentirada pela internet. Mas o
tucano, que não é um idiota, mas pretende enganar os menos informados,
exerce o mandato de senador e já foi até presidente da Câmara Federal.
"Ele sabe que o BNDES não pode repassar um centavo para governos
estrangeiros: quem a ele recorre é a empresa nacional que vai ganhar em
dólares em obras por dezenas de países.
Foi o que explicou didaticamente o presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, em audiência na Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara
dos Deputados, em 27 de maio deste ano.
Segundo o presidente do BNDES, não houve empréstimo ao governo cubano e
sim para uma empresa brasileira, no caso, o Grupo Odebrecht. Ele lembrou
que o BNDES é impedido por lei de emprestar dinheiro para empresas ou
governos estrangeiros. “O BNDES libera recursos apenas para empresas
brasileiras que tenham sido encarregadas de realizar um serviço no
exterior. Nossa relação é com a empresa nacional, para gerar empregos no
Brasil.”
Luciano Coutinho lembrou que o investimento foi feito na exportação de
serviços de engenharia e que esse tipo de mercado é muito disputado.
Destacou que, na América Latina, o Brasil responde hoje por quase 18% da
exportação de serviços de engenharia para a região, perdendo apenas
para a Espanha, e à frente dos Estados Unidos e da China.“Prestamos
serviços a países como Argentina, Venezuela, República Dominicana, Cuba,
Peru e Equador”, informou o presidente do BNDES aos deputados.
Num mercado muito disputado, o Brasil é o oitavo maior exportador de
serviços de engenharia do mundo. A China desembolsou entre 2008 e 2012
um total de US$ 45,2 bilhões; os Estados Unidos, 18,6 bilhões; a
Alemanha, US$ 15,6; e a França, US$ 14,6 bilhões, enquanto o Brasil
financiou US$ 2,24 bilhões, ficando atrás ainda da Índia, do Japão e da
Inglaterra.
Cuba paga em dia, segundo construtora brasileira: "a exportação de
serviços suporta hoje 1,7 milhão de postos de trabalho no Brasil".
O presidente da Odebrecht, Marcelo, foi mais além. Sua empresa, que tem
serviços em 23 países e emprega 200 mil pessoas, está muito feliz com
Cuba, onde o porto, com um custo enxuto inferior a US$ 1 bilhão (lá não
rola propina: não faz muito, em 2011 o ministro Alejandro Roca pegou 15 anos de cadeia por ter recebido um jabá de uma empresa chilena de sucos).
Os pagamentos estão sendo feitos rigorosamente em dia, como escreveu no
site 247: o risco de inadimplência apontado por alguns críticos não pode
ser contaminado pelo viés ideológico; "para quem está questionando os
riscos quanto ao pagamento, é importante saber que a ocorrência de
calotes não está relacionada a alinhamentos ideológicos: os maiores
"defaults" recentemente enfrentados pelo Brasil vieram dos Estados
Unidos e do Chile".
Ao ponderar que em 2013, a Odebrecht Infraestrutura faturou US$ 8
bilhões no exterior, o presidente do grupo, que completou 60 anos de
serviços de engenharia este ano escreveu:
"O BNDES não investiu em Mariel. O BNDES
financiou as exportações de cerca de 400 empresas brasileiras,
lideradas pela Odebrecht, no valor equivalente a 70% do projeto. Se o
porto será de grande importância para o socialismo cubano, foi o
capitalismo brasileiro que mais ganhou até agora.
País que não exporta não cresce, não adquire divisas e não se insere na
economia internacional. A exportação de serviços suporta hoje 1,7 milhão
de postos de trabalho no Brasil, na interação com vários setores
produtivos. Promove a inovação e estimula a capacitação de mão de obra
altamente especializada.
Entretanto, lemos e ouvimos que o financiamento brasileiro gera empregos
no exterior; que os contratos são sigilosos, talvez para encobrir
negócios escusos; que drena recursos da nossa infraestrutura; e que o
TCU (Tribunal de Contas da União) não fiscaliza.
Nada disso é verdade.
financiou as exportações de cerca de 400 empresas brasileiras,
lideradas pela Odebrecht, no valor equivalente a 70% do projeto. Se o
porto será de grande importância para o socialismo cubano, foi o
capitalismo brasileiro que mais ganhou até agora.
País que não exporta não cresce, não adquire divisas e não se insere na
economia internacional. A exportação de serviços suporta hoje 1,7 milhão
de postos de trabalho no Brasil, na interação com vários setores
produtivos. Promove a inovação e estimula a capacitação de mão de obra
altamente especializada.
Entretanto, lemos e ouvimos que o financiamento brasileiro gera empregos
no exterior; que os contratos são sigilosos, talvez para encobrir
negócios escusos; que drena recursos da nossa infraestrutura; e que o
TCU (Tribunal de Contas da União) não fiscaliza.
Nada disso é verdade.
Primeiro: o financiamento à exportação
gera empregos no Brasil, porque não há remessa de dinheiro para o
exterior. Os recursos são desembolsados aqui, em reais, para a aquisição
de 85% dos bens e serviços produzidos e prestados por trabalhadores
brasileiros (os demais 15% são pagos à vista pelo importador).
Segundo: informações como o valor, destino e objeto do financiamento
sempre foram públicas, como pudemos ouvir e ler em todos os meios que
trataram de Mariel. As únicas informações que não são públicas são as
usuais das operações bancárias, como o valor do seguro, eventuais
contragarantias e as taxas que compõem a operação.
Nos financiamentos feitos pelos chineses, alemães, americanos, enfim,
por todos os países, essas informações também são confidenciais. Não
foram o Brasil e Cuba que inventaram essa regra.
Terceiro: os recursos que financiam exportações não concorrem com os
destinados a projetos no Brasil e são providos por fontes diferentes. Os
números falam por si: em 2012, o BNDES destinou cerca de US$ 7 bilhões
para apoiar o comércio exterior e US$ 173 bilhões para o mercado
interno.
O porto de Cuba não impediu a construção de nenhum projeto no Brasil. Aliás, até ajudou.
Por meio da exportação de serviços, como a de Mariel, a Odebrecht se
capacita e gera resultados que aplica aqui, como fez no terminal de
contêineres da Embraport, em Santos. É o maior do Brasil e foi
construído pela Odebrecht, simultaneamente a Mariel, com investimento
próprio de R$ 1,8 bilhão".
gera empregos no Brasil, porque não há remessa de dinheiro para o
exterior. Os recursos são desembolsados aqui, em reais, para a aquisição
de 85% dos bens e serviços produzidos e prestados por trabalhadores
brasileiros (os demais 15% são pagos à vista pelo importador).
Segundo: informações como o valor, destino e objeto do financiamento
sempre foram públicas, como pudemos ouvir e ler em todos os meios que
trataram de Mariel. As únicas informações que não são públicas são as
usuais das operações bancárias, como o valor do seguro, eventuais
contragarantias e as taxas que compõem a operação.
Nos financiamentos feitos pelos chineses, alemães, americanos, enfim,
por todos os países, essas informações também são confidenciais. Não
foram o Brasil e Cuba que inventaram essa regra.
Terceiro: os recursos que financiam exportações não concorrem com os
destinados a projetos no Brasil e são providos por fontes diferentes. Os
números falam por si: em 2012, o BNDES destinou cerca de US$ 7 bilhões
para apoiar o comércio exterior e US$ 173 bilhões para o mercado
interno.
O porto de Cuba não impediu a construção de nenhum projeto no Brasil. Aliás, até ajudou.
Por meio da exportação de serviços, como a de Mariel, a Odebrecht se
capacita e gera resultados que aplica aqui, como fez no terminal de
contêineres da Embraport, em Santos. É o maior do Brasil e foi
construído pela Odebrecht, simultaneamente a Mariel, com investimento
próprio de R$ 1,8 bilhão".
Já Mauro Hueb, diretor-superintendente em Cuba da Odebrecht, destacou em
outra entrevista: “É importante ressaltar que US$ 800 milhões foram
gastos integralmente no Brasil para financiar exportação de bens e
serviços brasileiros para construção do porto e, como consequência
disso, gerando algo em torno de 156 mil empregos diretos, indiretos e
induzidos, quando se analisa que a partir de cada US$ 100 milhões de
bens e serviços exportados do Brasil, por empresas brasileiras, geram-se
algo em torno de 19,2 mil empregos diretos, indiretos e induzidos”.
Assista ao vídeo:
Vendas a Cuba foram incrementadas a partir do governo FHC
A bem da verdade, os primeiros negócios dessa natureza com Cuba foram
iniciados ainda no governo Fernando Henrique, como ressaltou o diretor
do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Fiesp,
Thomaz Zanotto, em entrevista a Record News em 31 de janeiro de 2014.
No caso do porto de Mariel, a principal garantia é a sua própria
receita. Toda a operação lá é gerenciada por uma empresa de Cingapura,
que faz o mesmo em outros países do mundo. Segundo o diretor da Fiesp,
como você verá no vídeo da Record,
desde o tempo de FHC Cuba vem pagando os financiamentos brasileiros
rigorosamente em dia. Nesses mais de 16 anos, o Brasil somou US$ 1,8
bilhão em investimentos em Cuba, sem nenhum problema registrado.
Ao inaugurar a obra da empresa brasileira, no início deste ano, a
presidenta Dilma Rousseff observou: "É um processo ganha-ganha, Cuba
ganha e o Brasil também ganha. É um bom negócio (…) Nós continuamos
fazendo investimentos na área de portos no Brasil. O Brasil hoje é um
país líder na América Latina e tem suas responsabilidades. Assim como a
gente saúda países desenvolvidos que, ao fazer investimentos, financiam o
fornecimento de suas empresas nacionais, por exemplo, o Brasil
financiou o Porto de Mariel, agora, no acordo, quem forneceu os
equipamentos, os bens e os serviços foram empresas brasileiras. Mais de
400 empresas brasileiras participaram desse esforço, gerando emprego e
renda”.
Para entender melhor a importância das exportações de serviços na
economia de qualquer país, vale dar uma lida no artigo da
superintendente da Área de Comércio Exterior, Luciene Machado, e do
chefe do Departamento de Comércio Exterior do BNDES, Luiz de Castro
Neves, sobre o apoio do BNDES a projetos de infraestrutura no exterior,
publicado no jornal Valor Econômico
em 17 de abril de 2014. " Os principais benefícios da
internacionalização são sentidos no Brasil. Para as empresas, a inserção
internacional representa não só a oportunidade de ampliar sua produção e
obter economias de escala, mas também de diversificar sua carteira de
clientes e mitigar riscos. Obter sucesso no mercado externo, onde a
competição é mais acirrada requer produtos de qualidade e preços
competitivos e capacidade de absorver e desenvolver novas tecnologias.
Já o mercado interno se beneficia não só dos impactos favoráveis sobre
emprego e renda, mas também dos ganhos na qualidade dos bens e serviços
disponíveis aos consumidores, usualmente a preços decrescentes. Basta
lembrar dos automóveis comercializados pelo país na década de 80".
Como se vê, age de má fé quem critica uma política de exportação de
serviços altamente benéfica para a economia brasileira, movido apenas
pela mais obsoleta intolerância ideológica.
*Publicado também no site Pátria Latina
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