Wagner Gomes cobra Dilma: é preciso enfrentar os rentistas
Ao longo de três horas, representantes de dezenas de entidades deram um recado claro à sociedade: a crise que assola a indústria nacional é grava e o governo não tem agido com a firmeza necessária para enfrentar essa questão.
Para o presidente da CTB, Wagner Gomes, o ato desta quarta-feira coroou o pacto celebrado entre as centrais sindicais e o setor produtivo do país, enviando um recado claro para a presidenta Dilma Rousseff: “Um país sem indústria forte está condenado a ser um país pequeno”, disse.
O dirigente da CTB também reafirmou que as medidas anunciadas pelo governo federal um dia antes, em Brasília, são insuficientes para enfrentar o atual cenário. Para ele, a indústria nacional só conseguirá retomar a força de décadas passadas quando o país alterar sua política macroeconômica. “Presidenta Dilma, é preciso abaixar os juros e mexer no câmbio, sob o risco de nos tornarmos uma nação que vive apenas de exportação de soja e café”, cobrou. “Uma indústria forte é fundamental para o emprego e a valorização do trabalho. Mas esta batalha não termina hoje. Ela só acabará quando o governo tiver coragem de dizer aos bancos: ‘vocês já ganharam muito e agora precisam produzir para ajudar o Brasil’”, afirmou.
Centrais, empresários e estudantes unidos
As medidas anunciadas nesta terça-feira pelo governo federal, no sentido de tentar frear a desindustrialização, foram tema recorrente ao longo do ato. “Vamos continuar cobrando mudanças”, disse Arthur Henrique, presidente da CUT. “Queremos participar da construção do nosso país”, destacou Ricardo Patah, presidente da UGT, adiantando que certamente o Grito de Alerta terá desdobramento. “A proposta do governo é muito pequeno. Temos que continuar na luta”, sustentou Ubiraci Dantas, presidente da CGTB.
Multidão acompanhou as manifestações em defesa da indústria nacional
A união com o empresariado também foi um tema recorrente nas falas dos sindicalistas. “Estamos todos no mesmo barco, em defesa da economia do nosso país”, afirmou José Calixto, presidente da NCST. “Esta unidade não nos envergonha, pois estamos ao lado dos empresários que defendem o Brasil”, destacou Paulo Pereira da Silva, presidente da FS.
O presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu, trouxe o ponto de vista dos estudantes para o ato. “Estamos aqui para defender e ressaltar a importância de um projeto nacional de desenvolvimento para o país, para que sua juventude e toda sua população tenham melhores condições de vida. O Brasil não pode se tornar a sexta economia mundial com apenas 15% de seu PIB ligado à indústria”, protestou.
Presidente da UNE trouxe o apoio dos estudantes ao ato dos empresários e das centrais
Os empresários, por sua vez, fizeram questão de ressaltar a mobilização dos trabalhadores presentes ao ato, destacando a necessidade de unir os dois setores neste momento de crise da indústria. “Este é um dia histórico. Não tem sentido o Brasil exportar metade de seu algodão, justamente no ano de sua maior colheita, para depois importar 50% de seus produtos têxteis”, pontuou Alfredo Bonduki, presidente do Sindtêxtil de São Paulo. “Essa situação é inadmissível. Precisamos de condições mais justas para concorrer com os produtos de outros países”, destacou Aguinaldo Diniz, presidente da Abit, lembrando que a indústria têxtil é a segunda maior geradora de empregos do país.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, destacou que o ato é um movimento da sociedade do século 21, organizado e com a participação de cidadãos que buscam soluções para um problema concreto do país. “As medidas anunciadas ontem pelo governo foram boas, mas ela está combatendo os efeitos da desindustrialização, não sua causa. E a principal causa é a falta de competitividade do Brasil. Temos que combater essa causa”, afirmou.
Skaf defende a união entre empresários e trabalhadores
Próximos atos
Após os atos realizados em São Paulo e Porto Alegre, agora o Grito de Alerta percorrerá outras cidades brasileiras. Durante as próximas semanas, estão previstas manifestações para Belo Horizonte (12 de abril), Manaus (13 de abril) Salvador (a definir), Recife (a definir) e Brasília (10 de maio). Além disso, as comemorações do 1º de Maio Unificado deste ano terão como mote principal a questão da desindustrialização.
Fernando Damasceno – Portal CTB
Fotos: CTB e Joca Duarte
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