Foram surpreendidos pela perseguição da Ditadura, não iniciaram o combate. Mas, sob o fogo pesado, Davi se resistiu e se agigantou. Combateu não contra a polícia, mas contra o Exército. Por duas vezes sua ação redundou na retirada das FFAA da confrontação, malgrado infinita desigualdade de forças. Dezenas de milhares de soldados, terrorismo de Estado contra toda a população camponesa da região, a própria mudança do modelo de desenvolvimento para aquela parte do país, só a tal preço, e ao custo de crimes, foi possível derrotar a Guerrilha. Por isso ela é ainda hoje o grande tabu do Regime Cívico-Militar de 1964, tabu que precisa ser desfeito para que a verdade e a justiça prevaleçam.
A partir de hoje, homenageemos esses herois da juventude, da luta pela democracia e por uma vida melhor para os povos da Amazonia. Gente de bem, exemplos, gente corajosa, solidária, que se fez querida pelo povo simples e lutador, por estar com eles ombro a ombro, no eito, na dificuldade, no carinho com a saúde, na luta.
De todo o pais vieram, como os mártires cearenses Bergson Gurjão Farias, Jana Moroni Barroso, Custódio Saraiva Neto. Bergson foi recentemente sepultado, enfim. Inomináveis crimes foram cometidos contra esses jovens e a população camponesa que tanto bem lhes queria: tortura, sevícias, assassinato covarde, decapitação, e, até o presente, ocultação de cadáveres... As Forças Armadas não podem se confundir com essas monstruosidades cometidas por uma geração que não foi digna do histórico papel progressista que as FFAA cumpriram na História do Brasil, como com Euclides da Cunha, a FEB e Lott, papel que, para o bem do Brasil, ainda hão de cumprir, na defesa de nossa soberania contra o imperialismo. Esse caráter e esse papel progressistas, no entanto, são incompatíveis com a postura covarde e cínica dos criminosos do passado. Não devem as gerações atuais compactuar com os crimes, mas ao contrário, repudiá-los, unir-se ao povo, fazer sua parte na expiação de tamanha vergonha que segue a separar as Forças Armadas de seu povo.
O mínimo seria o que ainda aguardamos: que se permita às familias enlutadas e insones o direito universal de poderem sepultar seus entes queridos. Direito que Aquiles assegurou a Príamo na Guerra de Tróia, como se narra na Ilíada, quando entregou o corpo de Heitor para que o pai lhe pranteasse. Direito que se assegura a combatentes inimigos em guerra entre paises, direito ainda hoje negado a esses brasileiros que lutavam contra um regime que violentou a democracia, o Estado de Direito e os Direitos Humanos.
Onde estão os nossos mortos e "desaparecidos" da Guerrilha do Araguaia?
Leia mais sobre a Guerrilha do Araguaia
www.grabois.org.br
A passagem dos 40 anos do início dos combates no Araguaia, em 12 de abril, será lembrada em diferentes pontos do Brasil. Em São Paulo haverá um evento dia 14. O momento é de reflexão sobre o significado da heróica resistência dos guerrilheiros que lutaram nas selvas amazônicas em defesa da liberdade, da nação e dos direitos do povo brasileiro.Em Coletivizando:
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