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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Crítica e autocrítica são coisas de comunistas - Paulo Vinícius Silva


Crítica e autocrítica são coisas de comunistas. Já outros ataques são outra coisa. A gente sabe diferenciar, a gente até se reconhece por isso.

Por essas duas réguas seguimos a medir e reconhecer os camaradas:  a linha e a capacidade de crítica e autocrítica.

Falta uma fonte essencial: a História, a teoria, a Cência.
Assim, reconhecemos arrivistas, traíras, infiltrados, ignorantes, inocentes úteis, e seguimos nossa senda. E encontramos os/as camaradas, é uma coisa única. Reconhecer um camarada, chamar de camarada, convidar a ser um camarada são elogios, formas superiores de admiração, ser camarada é um querer bem. Vocês não tem ideia da minha alegria pela incorporação do PPL ao PCdoB, nesse momento, essa unidade singela e sincera em defesa da Nação Brasileira.

Ser camarada.

Quantos amigos e amigas não fiz nas lutas estudantis, juvenis e sindicais, quando encontrei uma pessoa que nunca conhecera e defendia as mesmas ideias, com a mesma preocupação de unir o povo, com a mesma doação de vida e de alma que eu incorporei, desde que me filiei, em maio de 1991 na Rua São Paulo, em Fortaleza.

Isso foi vida, não foi apenas narrativa de  uma vida. Foi uma experiência real e transcendente - não está na minha time Line.

As redes sociais a que sou imensamente conectado geram essa anomalia que são as vidas inventadas e a cultura própria dos avatares. Avatar precisa lacrar. Suas opiniões são definitivas e sem responsabilidade com a verdade ou os acontecimentos ulteriores. É vida de videogame. E a vida real? Se uma parcela nada expressiva dela passamos conectados e em interação - uma categoria sociológica importantíssima -, sempre há o risco de sermos atropelados ao não cruzar, cabeça baixa, o sinal vermelho - porque quem guia podia estar vendo um zap. Tudo demais é veneno, até água, diz a sabedoria.

Ferreira Gullar dizia: "a vida pulsa" e seguirá pulsando. É preciso sim, lamber as feridas. Mas no nosso caso, é diferente, não tem nada de vergonhoso, aqui ninguém curte auto-imolação. Autocrítica é um momento importantíssimo, libera, galvaniza, mobiliza criatividade e o comprometimento coletivo. Autocrítica não é vergonha, em grande medida define-nos.

É para nós imperioso analisar o fechamento desse ciclo político e o início de outro. Nesse balanço, os métodos, princípios e debates são influenciados de modo invasivo pela cultura dos avatares, que tem uma função, objetivos e natureza diferente do que é um(a)militante. Essa dimensão virtual não esgota a pessoa, o quadro. E o debate auto-crítico e crítico se deve fazer entre nós, olhos nos olhos, com o devido carinho, o devido respeito e inclusive com as devidas fúrias. Sabemos o que está envolvido quando apontamos o dedo para um camarada. Ao mesmo tempo, a dimensão pedagógica, o cuidado com a organização, o direito de defesa, que lógica distinta das baixarias que se vê por aí.

Então existe sim um amor muito grande pelo partido como característica central da personalidade dos e das camaradas, existe essa vida interna democrática, pulsante e intensa, riquíssima, que se traduz no conhecimento da linha pelo estudo e a reflexão, e pela ligação com o povo onde você tiver na vida, na vida real. A tal da praxis, uma convicção que deixa de ser apenas intenção e "se transforma em gesto", ação coletiva, luta política, luta de massas, revolucionando a realidade e mudando em profundidade a vida da gente.

Esse é o instrumento partido que Lenin e gerações anteriores e posteriores plasmaram como a consciência avançada da nossa época, o mais eficaz instrumento de unificação do povo e da nação para a tarefa histórica indeclinável da transição ao socialismo, renovado pela experiencia chinesa e pelo balanço dos erros e inúmeros acertos do ciclo soviético. O socialismo é uma necessidade histórica. Há tanto a criar para perseguir a felicidade de toda a gente! A vida e a natureza são muito mais que o interesse no vil metal. A vida não é pra dar lucro, a natureza não é pra dar lucro, a gente merece viver sem essa brutal opressão do capitalismo, uma vida de terra, trabalho e pão. Sim. Nós somos socialistas. Aliás, somos até mais, somos comunistas. Por isso, é preciso unir utopia e perspectiva histórica. Sem agonia. Mas sem entregar a rapadura.

E por sermos comunistas somos patriotas, somos os democratas mais consequentes porque sabemos dos limites de uma democracia burguesa e acreditamos que é possível construir muito mais participação popular, para que a energia manietada da classe trabalhadora se solte com toda a força e beleza, transformando a vida do país. Que lindo será quando o povo brasileiro puder dirigir esse país. Vejam o quanto fizemos com a experiência de Lula - preso injustamente, candidato ao Nobel. Foi só um ensaio.

Há muita força, beleza, coragem, amor, superação no Povo Brasileiro. Rede social nenhuma poderá mudar o nosso povo, essa raízes são profundas e doloridas. Somos os que prosseguimos a luta contra a escravidão. Querem escravizar o nosso povo, vender nossas riquezas, controlar Nossa sexualidade, matar a nossa gente. Haverá força bastante na nossa gente para vencer esses baixos instintos que estão a perder a nossa Pátria Amada, nossa mãe gentil.

Não tremem de indignação nossos corações ante as infâmias contra nosso país, a venda da Embraer, subalternidade maluca ao Trump-EUA?! E pensar numa base militar ianque no nosso país?! E as agressões que querem propor, colocar irmão contra irmão, brasileiros contra venezuelanos?! A a venda das empresas estatais que construímos que a ganância nos quer tirar, para escravizar-no?!
Soa, sim, em nossos corações, o refrão:
Brava gente brasileira
Longe vá temor servil
Ou ficar a Pátria Livre
Ou morrer pelo Brasil!

É a nossa luta a defesa do Brasil. Jamais aceitaremos dividir o nosso povo. Tá certo o Mano Brown, o povo não é fascista. Nós amamos profundamente o nosso povo. Temos de ouvir mais o que o povo diz. Mudou tudo. Mas a verdade está lá fora. Qual a ligação nossa, real, com o povo? Estamos dando a batalha na disputa cultural da nossa sociedade? É nas ruas, muito mais que nas redes, que devemos buscar a resposta.

A realidade se impõe. A vida e a morte se impõem, assim como o renascimento sucede à mortandade. Ano passado a minha mãe morreu e o Bolsonaro foi eleito. Tenho muita esperança num 2019 melhor. Aurora será o nome da filha dos meus queridos André e Flavinha - que emoção -  que surge com esse novo ano. Castro Alves ensinou que toda noite tem Aurora.  Eu sou otimista. Nosso povo está na luta, não está vacilando no combate. Mas o isolamento e as bolhas, a ilusão esconde uma grande necessidade de reformulação da nossa luta de massas e no campo das ideias, num contexto de resistência.

Precisamos ouvir e refletir muito, camaradas. Estou com uma grande saudade de tantos(as) de vocês, que tudo que queria era esse reencontro, de gênio, de poesia, de debate, tipo assim, um congresso.

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