Leiam abaixo entrevista de Alice Portugal na Tribuna da Bahia, onde ela explica a decisão do PCdoB de aceitar a vice de Pellegrino, para unificar a esquerda na disputa de Salvador, ante o assanhamento do carlismo e a confusão entre a esquerda - em grande parte por erros do governo Wagner, é certo, mas não justifica abrir o flanco pros coronéis...
Parabéns à direção do PCdoB de Salvador pela postura corajosa e honesta, pelo espírito unitário com que, vendo a confusão no seio da própria esquerda, não se exime de sua responsabilidade e, ampliando seu espaço político e influência, indica com o apoio de Alice uma mulher também guerreia como Olívia Santana para ser vice de Pellegrino, o que dará grandes possibilidades de vitória na capital. Correto o Partido, que não tem saudades do Carlismo nem se propõe a esquerda que a Direita gosta.
Tribuna da Bahia - Deputada, o que levou o PCdoB a retirar a candidatura que era defendida com tanta força e com tanta garra pela senhora e pelo PCdoB?
Alice Portugal - A direção do partido analisa uma mudança na conjuntura da cidade. O crescimento das forças remanescentes do carlismo e o desgaste de certa forma do governo, em função de problemas relacionados com a greve da polícia, com a greve dos professores, esta relação conflituosa com o funcionalismo público e com os movimentos sociais. Área da qual, inclusive, sou oriunda com muita honra. Essa avaliação levou os setores da base do governo, especialmente o governador, a optar por uma tática de concentração desde o primeiro turno. A nossa preferência era uma tática de pulverização das forças da base para que dialogássemos com as faixas do eleitorado de cada um e no segundo turno nos alinhássemos em torno do que tivesse melhor desempenho. Evidentemente, essa tática faria com que buscássemos alcançar todos os segmentos, desde os mais satisfeitos até aqueles que neste momento têm efetivas insatisfações, mas que se mantêm firme ao projeto de mudança. Essa tática não foi aceita. Os partidos se alinharam um a um com a proposta do governador. A força gravitacional do governo é muito grande e, sem dúvida alguma, esta circunstância nos deixou num semi-isolamento. Tivemos duas legendas menores, não quero citar, que se dispuseram a se alinhar conosco, mas a opção do partido foi a de evitar essa diminuição de tamanho do ponto de vista da coligação e migrar, abrindo mão da candidatura.
Tribuna da Bahia - A pressão foi muito grande? O governador chegou a pressionar diretamente para a desistência da candidatura?
Alice Portugal – Não digo que houve assim uma pressão. Houve uma conversa. Inicialmente, com o deputado Daniel Almeida sozinho, na quarta-feira. Depois, na quinta-feira, o governador me ligou pela manhã, de uma maneira extremamente cortês e respeitosa. Aliás, como tem sido o tratamento dele para comigo. Conhecedor da minha ênfase em relação à política, às coisas do povo e a seriedade dos meus compromissos com o povo, quando os assumo. Houve uma conversa muito séria e muito longa. À noite, ele nos chamou e fomos ao gabinete. Eu, o deputado Daniel Almeida e mais a presença do presidente do PT, Jonas Paulo. O convite me foi feito de maneira direta para ser vice. Inclusive, reconhecendo os valores dos demais, mas sem querer comparar pessoas. Elogiando a nossa vereadora Olívia Santana, que agrega tanto a questão de gênero como de etnia. Todos sabem da minha relação extremamente positiva para com ela. Mas com a preferência explícita para mim.
Tribuna da Bahia - E o deputado Nelson Pelegrino?
Alice Portugal - Na sexta de manhã, tomei um café com ele. E essa conversa também se deu neste sentido. O deputado Nelson é meu amigo de muitos anos, um parceiro de muitas lutas. Aliás, já fomos chamados de Nelson papa-greve e Lili passeata. Continuo sendo. E, neste momento, a solicitação foi feita. Elegante, direta, pessoal, personalizada. Mas, a minha avaliação é que o meu papel foi cumprido. O meu papel foi cumprido. Fiz uma embalada pré-candidatura com uma decisão coletiva entusiasmada do partido no município de mostrar propostas que o número 65 do velho PCdoB. PCdoB que fez 90 anos este ano, que de maneira festiva elegeu o desejo de mostrar a sua cara, a sua liderança.
Tribuna da Bahia - O desejo de crescimento do PT aqui em Salvador frustrou os planos e os projetos então do PCdoB?
Alice Portugal - A avaliação é de que, separados no primeiro turno, poderíamos perder. Só isso. Na verdade, a argumentação é essa. Que se sai cada candidato da base, sozinhos, poderia se perder no primeiro turno. Essa é uma avaliação. E, evidentemente, a direção do PCdoB optou por ela.
Tribuna da Bahia - Houve ameaças de perder espaços no governo?
Alice Portugal - Não. Não houve isso. Não houve isso e houve, de imediato, com adesão de setores ao governo e houve acomodação deste segmento que está sobejamente divulgada na mídia. Não houve nenhum tipo de ameaça ao PCdoB e muito menos a mim.
Tribuna da Bahia – A senhora falou da questão da greve. A extensão da greve vai dificultar demais a candidatura de Pelegrino? Pode prejudicar? Este desgaste do governo pode prejudicar o processo eleitoral?
Alice Portugal – O desgaste existe. Existe e está diagnosticado. E o apelo, inclusive, para esta tática de aglutinação, se dá em torno destas duas questões. Da mudança conjuntural relacionada com o crescimento do carlismo, pelo menos momentâneo, eu julgo. Não creio que vá adiante, o povo de Salvador é inteligente. O povo de Salvador é inteligente, é politizado, já há muito tempo derrotou o carlismo, espero que não caia no “canto da sereia”. E, evidentemente, esta circunstância da greve, ela abala relações. Relações tradicionais da política entre segmentos avançados da sociedade, organizados da sociedade e o governo, mas isso é superável na minha compreensão, desde que haja habilidade, flexibilidade e respeito.
Tribuna da Bahia - Temem desgastes e a expectativa realmente dos protestos grandes contra o governo, contra o PCdoB no cortejo do Dois de Julho?
Alice Portugal – Enquanto a mesa de negociação não for montada, este tensionamento acontecerá. Para o PCdoB, nós estamos muito tranquilos porque nós temos militantes e dirigentes no Sindicato, mas todos os partidos têm. E, por isso mesmo, é necessário que se deixe claro que a greve é a greve dos professores. Na minha opinião, o governador não merece agressões nem enterro. Mas os professores merecem mesa de negociação.
Tribuna da Bahia – A senhora acha então que o governo está sendo intransigente? O governador deveria sentar para conversar?
Alice Portugal – Eu não faria adjetivações, mas a mesa é uma necessidade. Greve é direito do trabalhador e a mesa é uma necessidade.
Tribuna da Bahia - Como foi feita a escolha da candidata a vice? O que a senhora acha que pesou mais, o fato de Olívia Santana ser negra, como forma de se tentar contrabalancear com os outros dois candidatos da oposição a vice que são negros?
Alice Portugal - Na medida que eu não aceitei ser vice, o partido abriu a discussão à sua direção, com a minha participação, com a participação de todos. E alguns nomes foram postos à mesa, vários nomes com condições. Assim como em relação à candidatura própria. Inicialmente, nós tínhamos vários nomes. E, agora, surge esta circunstância do partido. De o partido desistir da candidatura própria. Porque tem alguns meios de comunicação dizendo que Alice recuou. Não. Foi uma decisão partidária. A nossa decisão era pela candidatura própria coletiva. Uma decisão coletiva, e a análise foi feita em relação a um nome que somaria mais à chapa de Pelegrino. Já que a tática é essa de aglutinação, temos que jogar para ganhar. E para ganhar, o nome é o de Olívia. Mulher, negra, militante, professora, e então realmente é um nome que toma a chapa de Pelegrino. E eu volto para o meu mandato como deputada. Terceiro como deputada federal. O partido tem só catorze deputados. Um está exercendo o ministério dos Esportes, que é Aldo. Evidentemente, as responsabilidades são grandes, e quando eu fui destacada, fui destacada para uma candidatura de prefeita e não de vice-prefeita.
Tribuna da Bahia – Como vê as duas candidaturas de oposição? Elas ameaçam realmente o projeto do PT, dos partidos da base do governo?
Alice Portugal – Oposição mesmo é o DEM e o PSDB, infelizmente, com o PV deixando a sua identidade de lado. O PMDB faz parte da base da presidenta Dilma (Rousseff). Portanto, nas últimas das hipóteses, se tivermos a necessidade de um segundo turno para combater a remanescência carlista de ACM, o Neto, da infeliz oligarquia que assolou a Bahia por mais de 40 anos, eu tenho certeza que, conforme o próprio Mário (Kertész) já disse, ele não votará nele. Então, trataremos como oposição quem é oposição.
Tribuna da Bahia - Com o cenário delineado, qual a aposta da senhora para um segundo turno?
Alice Portugal - É ganhar no primeiro turno.
Tribuna da Bahia - E Mário, a senhora acha que ele pode surpreender, ele pode ser o fiel da balança nessa eleição?
Alice Portugal - O debate é tudo. Por isso eu gostaria de participar dele.
Tribuna da Bahia - E Pelegrino? Agora com os partidos da base do governo, a senhora acha que ele vai conseguir pegar fôlego?
Alice Portugal – Espero. E contará com o meu apoio.
Tribuna da Bahia - Mas ele tem dificuldades hoje em deslanchar com a candidatura?
Alice Portugal - A coalizão é uma coalizão forte e poderosa. Todos os partidos, todas as inteligências desses anos de construção, então eu acredito que, com base nesta coalizão agregada, bastante intensa, a tendência é da vitória.
Tribuna da Bahia – O que tem no programa ou tinha no programa do PCdoB que vocês queriam levar para discussão e que será abraçado agora por Pelegrino?
Alice Portugal - Essa é uma discussão que vai começar agora, porque até então nós tínhamos um programa do PCdoB e ainda não tivemos acesso ao programa do PT. E, evidentemente, a partir desta aglutinação de força terá que ser compatibilizada.
Tribuna da Bahia - Quais são as duas prioridades que a senhora acha que deve ser o norte do próximo prefeito, independentemente de qual seja o partido?
Alice Portugal - Primeiro, fazer com que a cidade seja escutada. É preciso ouvir a cidade na sua totalidade, instalar o Conselho da Cidade, garantir que, de fato, esta democracia seja plena em Salvador. É necessário ouvir o que querem os trabalhadores, os empresários, a juventude, os estudantes, as mulheres. É fundamental que, de fato, esta relação entre o poder municipal e a cidade seja estabelecida. Isso eu faria em primeira hora se prefeita fosse. Depois, há problemas crônicos que nós sabemos que não são apenas culpa do último gestor, mas que ele tem grande responsabilidade. A mobilidade urbana, é preciso ter coragem e boa relação com o governo federal e estadual e atitude intrépida para buscar, inclusive, capital fora. Ao mesmo tempo, é preciso ter coragem para tomar medidas internas em relação a Salvador e sua arrecadação para que Salvador seja uma cidade viável financeiramente.
Tribuna da Bahia - Deputada, o que levou o PCdoB a retirar a candidatura que era defendida com tanta força e com tanta garra pela senhora e pelo PCdoB?
Alice Portugal - A direção do partido analisa uma mudança na conjuntura da cidade. O crescimento das forças remanescentes do carlismo e o desgaste de certa forma do governo, em função de problemas relacionados com a greve da polícia, com a greve dos professores, esta relação conflituosa com o funcionalismo público e com os movimentos sociais. Área da qual, inclusive, sou oriunda com muita honra. Essa avaliação levou os setores da base do governo, especialmente o governador, a optar por uma tática de concentração desde o primeiro turno. A nossa preferência era uma tática de pulverização das forças da base para que dialogássemos com as faixas do eleitorado de cada um e no segundo turno nos alinhássemos em torno do que tivesse melhor desempenho. Evidentemente, essa tática faria com que buscássemos alcançar todos os segmentos, desde os mais satisfeitos até aqueles que neste momento têm efetivas insatisfações, mas que se mantêm firme ao projeto de mudança. Essa tática não foi aceita. Os partidos se alinharam um a um com a proposta do governador. A força gravitacional do governo é muito grande e, sem dúvida alguma, esta circunstância nos deixou num semi-isolamento. Tivemos duas legendas menores, não quero citar, que se dispuseram a se alinhar conosco, mas a opção do partido foi a de evitar essa diminuição de tamanho do ponto de vista da coligação e migrar, abrindo mão da candidatura.
Tribuna da Bahia - A pressão foi muito grande? O governador chegou a pressionar diretamente para a desistência da candidatura?
Alice Portugal – Não digo que houve assim uma pressão. Houve uma conversa. Inicialmente, com o deputado Daniel Almeida sozinho, na quarta-feira. Depois, na quinta-feira, o governador me ligou pela manhã, de uma maneira extremamente cortês e respeitosa. Aliás, como tem sido o tratamento dele para comigo. Conhecedor da minha ênfase em relação à política, às coisas do povo e a seriedade dos meus compromissos com o povo, quando os assumo. Houve uma conversa muito séria e muito longa. À noite, ele nos chamou e fomos ao gabinete. Eu, o deputado Daniel Almeida e mais a presença do presidente do PT, Jonas Paulo. O convite me foi feito de maneira direta para ser vice. Inclusive, reconhecendo os valores dos demais, mas sem querer comparar pessoas. Elogiando a nossa vereadora Olívia Santana, que agrega tanto a questão de gênero como de etnia. Todos sabem da minha relação extremamente positiva para com ela. Mas com a preferência explícita para mim.
Tribuna da Bahia - E o deputado Nelson Pelegrino?
Alice Portugal - Na sexta de manhã, tomei um café com ele. E essa conversa também se deu neste sentido. O deputado Nelson é meu amigo de muitos anos, um parceiro de muitas lutas. Aliás, já fomos chamados de Nelson papa-greve e Lili passeata. Continuo sendo. E, neste momento, a solicitação foi feita. Elegante, direta, pessoal, personalizada. Mas, a minha avaliação é que o meu papel foi cumprido. O meu papel foi cumprido. Fiz uma embalada pré-candidatura com uma decisão coletiva entusiasmada do partido no município de mostrar propostas que o número 65 do velho PCdoB. PCdoB que fez 90 anos este ano, que de maneira festiva elegeu o desejo de mostrar a sua cara, a sua liderança.
Tribuna da Bahia - O desejo de crescimento do PT aqui em Salvador frustrou os planos e os projetos então do PCdoB?
Alice Portugal - A avaliação é de que, separados no primeiro turno, poderíamos perder. Só isso. Na verdade, a argumentação é essa. Que se sai cada candidato da base, sozinhos, poderia se perder no primeiro turno. Essa é uma avaliação. E, evidentemente, a direção do PCdoB optou por ela.
Tribuna da Bahia - Houve ameaças de perder espaços no governo?
Alice Portugal - Não. Não houve isso. Não houve isso e houve, de imediato, com adesão de setores ao governo e houve acomodação deste segmento que está sobejamente divulgada na mídia. Não houve nenhum tipo de ameaça ao PCdoB e muito menos a mim.
Tribuna da Bahia – A senhora falou da questão da greve. A extensão da greve vai dificultar demais a candidatura de Pelegrino? Pode prejudicar? Este desgaste do governo pode prejudicar o processo eleitoral?
Alice Portugal – O desgaste existe. Existe e está diagnosticado. E o apelo, inclusive, para esta tática de aglutinação, se dá em torno destas duas questões. Da mudança conjuntural relacionada com o crescimento do carlismo, pelo menos momentâneo, eu julgo. Não creio que vá adiante, o povo de Salvador é inteligente. O povo de Salvador é inteligente, é politizado, já há muito tempo derrotou o carlismo, espero que não caia no “canto da sereia”. E, evidentemente, esta circunstância da greve, ela abala relações. Relações tradicionais da política entre segmentos avançados da sociedade, organizados da sociedade e o governo, mas isso é superável na minha compreensão, desde que haja habilidade, flexibilidade e respeito.
Tribuna da Bahia - Temem desgastes e a expectativa realmente dos protestos grandes contra o governo, contra o PCdoB no cortejo do Dois de Julho?
Alice Portugal – Enquanto a mesa de negociação não for montada, este tensionamento acontecerá. Para o PCdoB, nós estamos muito tranquilos porque nós temos militantes e dirigentes no Sindicato, mas todos os partidos têm. E, por isso mesmo, é necessário que se deixe claro que a greve é a greve dos professores. Na minha opinião, o governador não merece agressões nem enterro. Mas os professores merecem mesa de negociação.
Tribuna da Bahia – A senhora acha então que o governo está sendo intransigente? O governador deveria sentar para conversar?
Alice Portugal – Eu não faria adjetivações, mas a mesa é uma necessidade. Greve é direito do trabalhador e a mesa é uma necessidade.
Tribuna da Bahia - Como foi feita a escolha da candidata a vice? O que a senhora acha que pesou mais, o fato de Olívia Santana ser negra, como forma de se tentar contrabalancear com os outros dois candidatos da oposição a vice que são negros?
Alice Portugal - Na medida que eu não aceitei ser vice, o partido abriu a discussão à sua direção, com a minha participação, com a participação de todos. E alguns nomes foram postos à mesa, vários nomes com condições. Assim como em relação à candidatura própria. Inicialmente, nós tínhamos vários nomes. E, agora, surge esta circunstância do partido. De o partido desistir da candidatura própria. Porque tem alguns meios de comunicação dizendo que Alice recuou. Não. Foi uma decisão partidária. A nossa decisão era pela candidatura própria coletiva. Uma decisão coletiva, e a análise foi feita em relação a um nome que somaria mais à chapa de Pelegrino. Já que a tática é essa de aglutinação, temos que jogar para ganhar. E para ganhar, o nome é o de Olívia. Mulher, negra, militante, professora, e então realmente é um nome que toma a chapa de Pelegrino. E eu volto para o meu mandato como deputada. Terceiro como deputada federal. O partido tem só catorze deputados. Um está exercendo o ministério dos Esportes, que é Aldo. Evidentemente, as responsabilidades são grandes, e quando eu fui destacada, fui destacada para uma candidatura de prefeita e não de vice-prefeita.
Tribuna da Bahia – Como vê as duas candidaturas de oposição? Elas ameaçam realmente o projeto do PT, dos partidos da base do governo?
Alice Portugal – Oposição mesmo é o DEM e o PSDB, infelizmente, com o PV deixando a sua identidade de lado. O PMDB faz parte da base da presidenta Dilma (Rousseff). Portanto, nas últimas das hipóteses, se tivermos a necessidade de um segundo turno para combater a remanescência carlista de ACM, o Neto, da infeliz oligarquia que assolou a Bahia por mais de 40 anos, eu tenho certeza que, conforme o próprio Mário (Kertész) já disse, ele não votará nele. Então, trataremos como oposição quem é oposição.
Tribuna da Bahia - Com o cenário delineado, qual a aposta da senhora para um segundo turno?
Alice Portugal - É ganhar no primeiro turno.
Tribuna da Bahia - E Mário, a senhora acha que ele pode surpreender, ele pode ser o fiel da balança nessa eleição?
Alice Portugal - O debate é tudo. Por isso eu gostaria de participar dele.
Tribuna da Bahia - E Pelegrino? Agora com os partidos da base do governo, a senhora acha que ele vai conseguir pegar fôlego?
Alice Portugal – Espero. E contará com o meu apoio.
Tribuna da Bahia - Mas ele tem dificuldades hoje em deslanchar com a candidatura?
Alice Portugal - A coalizão é uma coalizão forte e poderosa. Todos os partidos, todas as inteligências desses anos de construção, então eu acredito que, com base nesta coalizão agregada, bastante intensa, a tendência é da vitória.
Tribuna da Bahia – O que tem no programa ou tinha no programa do PCdoB que vocês queriam levar para discussão e que será abraçado agora por Pelegrino?
Alice Portugal - Essa é uma discussão que vai começar agora, porque até então nós tínhamos um programa do PCdoB e ainda não tivemos acesso ao programa do PT. E, evidentemente, a partir desta aglutinação de força terá que ser compatibilizada.
Tribuna da Bahia - Quais são as duas prioridades que a senhora acha que deve ser o norte do próximo prefeito, independentemente de qual seja o partido?
Alice Portugal - Primeiro, fazer com que a cidade seja escutada. É preciso ouvir a cidade na sua totalidade, instalar o Conselho da Cidade, garantir que, de fato, esta democracia seja plena em Salvador. É necessário ouvir o que querem os trabalhadores, os empresários, a juventude, os estudantes, as mulheres. É fundamental que, de fato, esta relação entre o poder municipal e a cidade seja estabelecida. Isso eu faria em primeira hora se prefeita fosse. Depois, há problemas crônicos que nós sabemos que não são apenas culpa do último gestor, mas que ele tem grande responsabilidade. A mobilidade urbana, é preciso ter coragem e boa relação com o governo federal e estadual e atitude intrépida para buscar, inclusive, capital fora. Ao mesmo tempo, é preciso ter coragem para tomar medidas internas em relação a Salvador e sua arrecadação para que Salvador seja uma cidade viável financeiramente.
Portanto, mobilidade urbana, restauração da saúde financeira da cidade, discussão sobre o espaço urbano, requalificação das políticas culturais na cidade que estão em grave dificuldade. A intelectualidade, os artistas, os literatos da cidade que sofrem neste momento e o turismo como grande indústria esquecida e que precisa, pelos órgãos municipais, ter a efetiva atenção para que nós possamos, inclusive, aproveitar essa realização de grandes eventos. Em Salvador, agora tem mais o sorteio da Copa do Mundo, além da Copa das Confederações e com bom desempenho destas obras relacionadas com o parque esportivo, é preciso fazer com que a cidade ganhe com isto. Então, é uma tarefa de gigante.
Tribuna da Bahia – A senhora acha que o governador Jaques Wagner poderia estar investindo mais em Salvador? Poderia dar uma atenção maior à cidade, mesmo ele sendo governador de um estado com 417 municípios?
Alice Portugal - Tenho consciência de que o governador tem investido bastante com obras de grande porte. Obras como a Via Expressa, a solução da Rótula do Abacaxi. A assinatura da Consulta Pública, que resultará na futura licitação da linha 2 do metrô. Agora, a cidade entrou em caos. Em caos financeiro, em caos fiscal. Ficou inadimplente junto ao CAUC [uma espécie de Serasa das prefeituras], impedida de receber determinados convênios em nível nacional. Enfim, então tem que restaurar a cidade até para ela poder abrir os braços, para ela poder receber ajuda. Salvador chegou a um ponto que não tinha capacidade de receber ajuda de políticas que estão sendo instaladas em todo o Brasil. No interior do estado as políticas públicas chegam muito mais do que na periferia de Salvador. Você vai a qualquer cidade média, pequena, do interior da Bahia e estão lá as políticas públicas. Programas de lazer na cidade, de esporte, programas relacionados com a saúde, relacionados com os direitos humanos. Salvador não se preparou nestes oitos anos para receber políticas básicas que o governo federal e o governo estadual já realizam. Não é um problema do governador, é um problema da gestão municipal.
Tribuna da Bahia - O PT e o PCdoB estão juntos agora com o prefeito João Henrique, do PP. Dividem o mesmo palanque. Isso vai causar incômodo no processo eleitoral?
Alice Portugal - O PCdoB não foi responsável pela aglutinação das forças em torno do candidato. O PCdoB foi o último partido a incorporar porque defendíamos uma outra tática. A tática de que cada um dialogasse com a sua faixa eleitoral. Então, evidentemente, a coligação é de responsabilidade do partido nuclear e a nossa posição é de apoiar em função da conjuntura de uma circunstância de semi-isolamento que o PCdoB estaria e, obviamente, estaremos com o candidato Nelson Pelegrino. Quanto à companhia coletiva, quem construiu a arquitetura do palanque, evidentemente, tem que dar suporte para que ele fique de pé.
Tribuna da Bahia – O PT vai defender a gestão atual do PP ou pelo menos vai tentar diminuir as críticas do discurso durante a campanha?
Alice Portugal – Acredito que não. Mas essa questão você vai ter que perguntar ao PT. A nossa opinião é esta que eu estou exarando. A cidade é uma cidade antiga, uma cidade que as ruas centrais foram construídas para carros de tração animal, o planejamento da administração do susto. Você vê uma avenida como a Tancredo Neves, que tem grandes edifícios, construções arrojadas do ponto de vista arquitetônico, com estacionamentos insuficientes, automóveis nas ruas, sem área para pedestres. Ou seja, uma concentração de interesses na especulação imobiliária e nenhum cuidado com a cidade. É evidente que estas coisas não são de responsabilidade total do atual gestor, mas ele corroborou de maneira intensa com essa desconstrução de Salvador. Portanto, merece a crítica. Onde eu estiver, a farei.
Tribuna da Bahia - A senhora acha que o próximo prefeito deve levar as relações com o empresariado de forma mais clara para a sociedade? Chamando o setor para ajudar, para investir, para participar de parcerias públicas ou privadas e dar a sua contrapartida mesmo para a população?
Alice Portugal – O governo municipal deve dialogar com todos os setores da cidade: trabalhadores, empresários, juventude movimento social organizado, setor cultural, setor do turismo e no caso do empresariado, que gera emprego na cidade, este tem que ser conversado para buscar a contrapartida social. Queremos, todos, que cresça a construção civil na cidade, que tenha emprego para a construção civil em todas as áreas, desde a mais especializada à mais básica, inclusive para mulheres. Mas não dá para desmatar de maneira indistinta, não dá para sombrear a praia. Olha a decisão do Tribunal de Justiça em relação à Lous (Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo), que, por sinal, me orgulhou muito. Portanto, é evidente que nós precisamos ter uma relação ampla com todos os setores da cidade, mas que a prioridade seja a população de Salvador.
Tribuna da Bahia – A senhora acha que o governador Jaques Wagner poderia estar investindo mais em Salvador? Poderia dar uma atenção maior à cidade, mesmo ele sendo governador de um estado com 417 municípios?
Alice Portugal - Tenho consciência de que o governador tem investido bastante com obras de grande porte. Obras como a Via Expressa, a solução da Rótula do Abacaxi. A assinatura da Consulta Pública, que resultará na futura licitação da linha 2 do metrô. Agora, a cidade entrou em caos. Em caos financeiro, em caos fiscal. Ficou inadimplente junto ao CAUC [uma espécie de Serasa das prefeituras], impedida de receber determinados convênios em nível nacional. Enfim, então tem que restaurar a cidade até para ela poder abrir os braços, para ela poder receber ajuda. Salvador chegou a um ponto que não tinha capacidade de receber ajuda de políticas que estão sendo instaladas em todo o Brasil. No interior do estado as políticas públicas chegam muito mais do que na periferia de Salvador. Você vai a qualquer cidade média, pequena, do interior da Bahia e estão lá as políticas públicas. Programas de lazer na cidade, de esporte, programas relacionados com a saúde, relacionados com os direitos humanos. Salvador não se preparou nestes oitos anos para receber políticas básicas que o governo federal e o governo estadual já realizam. Não é um problema do governador, é um problema da gestão municipal.
Tribuna da Bahia - O PT e o PCdoB estão juntos agora com o prefeito João Henrique, do PP. Dividem o mesmo palanque. Isso vai causar incômodo no processo eleitoral?
Alice Portugal - O PCdoB não foi responsável pela aglutinação das forças em torno do candidato. O PCdoB foi o último partido a incorporar porque defendíamos uma outra tática. A tática de que cada um dialogasse com a sua faixa eleitoral. Então, evidentemente, a coligação é de responsabilidade do partido nuclear e a nossa posição é de apoiar em função da conjuntura de uma circunstância de semi-isolamento que o PCdoB estaria e, obviamente, estaremos com o candidato Nelson Pelegrino. Quanto à companhia coletiva, quem construiu a arquitetura do palanque, evidentemente, tem que dar suporte para que ele fique de pé.
Tribuna da Bahia – O PT vai defender a gestão atual do PP ou pelo menos vai tentar diminuir as críticas do discurso durante a campanha?
Alice Portugal – Acredito que não. Mas essa questão você vai ter que perguntar ao PT. A nossa opinião é esta que eu estou exarando. A cidade é uma cidade antiga, uma cidade que as ruas centrais foram construídas para carros de tração animal, o planejamento da administração do susto. Você vê uma avenida como a Tancredo Neves, que tem grandes edifícios, construções arrojadas do ponto de vista arquitetônico, com estacionamentos insuficientes, automóveis nas ruas, sem área para pedestres. Ou seja, uma concentração de interesses na especulação imobiliária e nenhum cuidado com a cidade. É evidente que estas coisas não são de responsabilidade total do atual gestor, mas ele corroborou de maneira intensa com essa desconstrução de Salvador. Portanto, merece a crítica. Onde eu estiver, a farei.
Tribuna da Bahia - A senhora acha que o próximo prefeito deve levar as relações com o empresariado de forma mais clara para a sociedade? Chamando o setor para ajudar, para investir, para participar de parcerias públicas ou privadas e dar a sua contrapartida mesmo para a população?
Alice Portugal – O governo municipal deve dialogar com todos os setores da cidade: trabalhadores, empresários, juventude movimento social organizado, setor cultural, setor do turismo e no caso do empresariado, que gera emprego na cidade, este tem que ser conversado para buscar a contrapartida social. Queremos, todos, que cresça a construção civil na cidade, que tenha emprego para a construção civil em todas as áreas, desde a mais especializada à mais básica, inclusive para mulheres. Mas não dá para desmatar de maneira indistinta, não dá para sombrear a praia. Olha a decisão do Tribunal de Justiça em relação à Lous (Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo), que, por sinal, me orgulhou muito. Portanto, é evidente que nós precisamos ter uma relação ampla com todos os setores da cidade, mas que a prioridade seja a população de Salvador.
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