SIGA O COLETIVIZANDO!
Páginas
Livro Kindle Textos de Combate - Venda Disponível
Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda
O livro Textos de Combate: sem perder a ternura, jamais! já está disponível!Não precisa ter kindle, basta baixar o aplicativo ou entrar no c...
domingo, 30 de setembro de 2018
sexta-feira, 28 de setembro de 2018
Xadrez da recuperação da economia, por Luis Nassif - Jornal GGN
Xadrez da recuperação da economia, por Luis Nassif
QUA, 26/09/2018 - 00:23 - ATUALIZADO EM 26/09/2018 - 07:17
Luis Nassif
A crise brasileira será solucionada pela política. Caso seja eleito presidente, Fernando Haddad contará com uma série de fatores que permitirá uma rápida recuperação da economia, sem grandes rupturas. O desafio maior será recompor as alianças com as forças democráticas de vários campos, e selar acordos de governabilidade com o STF (Supremo Tribunal Federal),
Os trunfos são os seguintes:
Recuperação no preço das commodities, especialmente petróleo e grãos.
Desvalorização cambial que se seguirá à vitória de Haddad.
Espaço para redução dos juros, liberando recursos para o mercado de renda variável, especialmente debêntures de infraestrutura.
Uma carteira de projetos de infraestrutura já licitados e negociados com o BNDES, aguardando apenas que se espante o fantasma da Lava Jato.
Vamos por partes:
Peça 1 - recuperação das commodities
Uma das grandes manipulações da mídia nos últimos anos foi associar os problemas da Petrobras apenas à corrupção e ao congelamento de tarifas do governo Dilma Rousseff. Os problemas maiores foram decorrência da queda brutal dos preços do petróleo, de mais de 100 dólares o barril para um fundo do poço.
Os tais R$ 20 bilhões que a Petrobras abateu do seu balanço referem-se exclusivamente ao ajuste para acompanhar o novo preço dos combustíveis, e não às propinas, como falsamente foi espalhado pela Lava Jato. E nunca esteve à beira da insolvência, como fez crer uma propaganda maciça de fakenewspela mídia.
Com a recuperação das cotações internacionais, os ganhos serão imediatos. Além disso, embora não se vislumbre em Haddad a disposição de denunciar os contratos já fechados para a exploração do pré-sal, é quase certo que interromperá os leilões e irá recuperar os princípios básicos da lei da partilha: voltar os componentes de conteúdo nacional, retomar as encomendas para a indústria naval e interromper os leilões de exploração.
Peça 2 – a política cambial
Sem afrontar os dogmas do sistema de metas inflacionárias, o novo presidente poderá se valer das próprias regras do mercado para flexibilizar a política monetária e cambial.
Especialistas do mercado enxergam as seguintes possibilidades.
Câmbio - Receberá o país com o câmbio desvalorizado e com as contas externas em dia. Aliás, uma das grandes heranças do lulismo foi ter aproveitado a enchente de dólares da economia mundial para zerar o passivo externo e montar uma boa base de reservas cambiais.
Fluxo cambial - A recuperação do preço das commodities injetará uma boa quantidade de divisas na economia. Será importante não permitir uma nova apreciação do real. Isso será possível em duas pontas:
Ponta 1 - a redução do diferencial de juros entre o real e o dólar.
Espera-se uma elevação na taxa de juros americana. Estima-se que poderá chegar a 3% ao ano. A estratégia brasileira consistiria em reduzir ainda mais a Selic, eliminando o diferencial de juros com os EUA.
Será possível mesmo incorporando uma miragem criada pelo mercado: a taxa de juros de equilíbrio, ou seja, a taxa de juros que seja neutra em relação à inflação e à atividade econômica.
Essa miragem foi desenvolvida por Pérsio Arida anos atrás. Estimava, então, que o Brasil jamais conseguiria conviver com taxas reais de juros de um digito apenas. Com o tempo deu um desconto para 10%, Depois, para 8%. Hoje em dia, a taxa real oscila entre 3% e 4% e a inflação continua domada.
O mercado também desenvolveu cálculos sobre o chamado PIB potencial - isto e, o crescimento possível dadas as condições da economia. Hoje em dia, há um hiato de PIB. Ou seja, o país cresce abaixo do PIB potencial. Significa que as taxas de juros deveriam estar abaixo da tal taxa de equilíbrio.
O real está colado nas moedas dos emergentes. Mas é a moeda de maior liquidez. A cada crise, é a primeira moeda a ser vendida. Passada a crise, a primeira a ser comprada.
Mesmo assim, fechando o diferencial entre juros americanos e brasileiros, se ainda assim houvesse um fluxo de dólares, ele poderia ser esterilizado com operações de swap - que tem um custo, mas não impactam a dívida líquida nacional.
Peça 3 – a política monetária
Confirmada a vitória de Fernando Haddad, o mercado tenderia a puxar as taxas de juros longas, da NTNB.
Trata-se de um título da dívida que paga IPCA mais uma taxa de juros negociada a mercado. Com a Selic elevada, as NTN-Bs se tornaram um sorvedouro da poupança privada, especialmente dos fundos de pensão, por oferecer rentabilidade maior do que a taxa atuarial necessária, sem risco algum. O patrimônio total dos fundos chega a R$ 1 trilhão. Sua meta atuarial é de IPCA + 5,5%. As NTNBs longas pagam 6,5% mais IPCA, sem risco nenhum.
Com um diretor de política monetária habilidoso, será possível montar a seguinte estratégia:
Se o mercado puxa a taxa de juros para cima, há uma queda no valor do título à vista - o chamado PU (Preço Unitário). É simples entender. O preço de vencimento do papel é, digamos, 100. Se ele rende 10% ao ano, e falta um ano para o vencimento, seu PU será de 90,91 (100 / 1,10 = 90,91). Se a taxa sobre para, digamos, 15% ao ano, o valor do PU cairá para 86,96 (100 / 1,15 = 86,96). O BC pode se aproveitar desse movimento para recomprar as NTNBs e substituí-las por LTNs (Letras do Tesouro Nacional), pré-fixadas. O aumento da demanda por LTNs promoverá uma elevação no seu PU – resultando em menor custo para o BC.
Com esse movimento, e com a redução das taxas de juros, os fundos de pensão terão que buscar papéis mais rentáveis. E aí, abre-se o mercado para papéis privados, os CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas) e debêntures de infraestrutura.
O mesmo ocorrerá com os bancos que emitem CDBs e que não terão mais as facilidades dos juros da dívida pública para se remunerar.
Haverá outro ganho indireto. Com as NTNBs, o mercado sempre apostava no caos: quando mais desarrumada a economia, mais elevadas são as taxas das NTNBs. Com os pré-fixados, passarão a ser sócios da estabilidade.
Peça 4 – retomada das obras paradas
Para completar o quadro, há uma imensidão de projetos públicos já licitados, analisados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e suspensos devido aos receios com a irracionalidade da Lava Jato e seus filhos.
Esses projetos foram completados no governo Dilma. Para cada um deles exigiu-se a constituições de SPEs (Sociedades de Propósito Específico), com o capital blindado em relação aos acionistas principais – as grandes empreiteiras.
Mas, depois dois abusos do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, com condução coercitiva de dezenas de técnicos do BNDES, criminalização de qualquer operação, houve o chamado apagão das canetas – nada se aprovava, nenhuma medida era tomada, porque tudo estava exposto à criminalização pelo MPF.
Um pacto entre o governo, o STF, a PGR, destravaria os investimentos que seriam rapidamente colocados em marcha. Vale o exemplo dos EUA. A Odebrecht recebeu uma multa bilionária da SEC (a CVM dos EUA). Imediatamente após a aplicação da multa, a própria SEC entrou em conta com os bancos norte-americanos solicitando que destravassem os financiamentos à Odebrecht, inclusive para que a multa pudesse ser honrada.
Além disso, com a taxa de juros em 6,5%, o governo poderia injetar recursos no BNDES sem impacto na dívida pública. O impacto ocorria devido ao diferencial entre as taxas do BNDES e a Selic de 14%. Com Selic próxima às taxas do BNDES, não há impacto na dívida pública.
Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), cada R$ 1 milhão investido no setor gera, em média, 26 empregos.
Só a Linga 6 do Metrô de São Paulo exigirá R$ 15 bilhões de investimento. O PAC Mobilidade, outros R$ 32 bilhões espalhados por várias capitais.
A terceira etapa de concessão de rodovias, outros R$ 13 bilhões, divididos entre a BR 153, BR 101, BR 163, BR 050.
No setor ferroviários, apenas o Ferroanel de São Paulo exigirá outros R$ 3,5 bilhões; a Norte-Sul, mais R$ 4 bilhões. A modernização da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) outros R$ 6 bilhões. Há R$ 3,5 bilhões de projetos parados dos aeroportos.
Destravando os investimentos, só nessa retomada de obras haverá condições de gerar, por baixo, 2 milhões de empregos.
Sem contar os investimentos externos. Os chineses, por exemplo, estão aguardando os primeiros sinais de estabilidade política para voltar a investir.
Peça 5 – a PEC do gasto
A desastrada PEC do Gasto produziu um pterodátilo nas contas públicas. A alegação final era a necessidade de conter gastos para aumentar os investimentos públicos. Mas incluiu-se o investimento público na lei.
Então, se o PIB crescer, digamos, 2,5% ao ano, os investimentos públicos permanecerão congelados, sem conseguir acompanhar o PIB e, por consequência, sem conseguir melhorar a produtividade da economia.
De alguma maneira terá que ser revista.
QUA, 26/09/2018 - 00:23 - ATUALIZADO EM 26/09/2018 - 07:17
Luis Nassif
A crise brasileira será solucionada pela política. Caso seja eleito presidente, Fernando Haddad contará com uma série de fatores que permitirá uma rápida recuperação da economia, sem grandes rupturas. O desafio maior será recompor as alianças com as forças democráticas de vários campos, e selar acordos de governabilidade com o STF (Supremo Tribunal Federal),
Os trunfos são os seguintes:
Recuperação no preço das commodities, especialmente petróleo e grãos.
Desvalorização cambial que se seguirá à vitória de Haddad.
Espaço para redução dos juros, liberando recursos para o mercado de renda variável, especialmente debêntures de infraestrutura.
Uma carteira de projetos de infraestrutura já licitados e negociados com o BNDES, aguardando apenas que se espante o fantasma da Lava Jato.
Vamos por partes:
Peça 1 - recuperação das commodities
Uma das grandes manipulações da mídia nos últimos anos foi associar os problemas da Petrobras apenas à corrupção e ao congelamento de tarifas do governo Dilma Rousseff. Os problemas maiores foram decorrência da queda brutal dos preços do petróleo, de mais de 100 dólares o barril para um fundo do poço.
Os tais R$ 20 bilhões que a Petrobras abateu do seu balanço referem-se exclusivamente ao ajuste para acompanhar o novo preço dos combustíveis, e não às propinas, como falsamente foi espalhado pela Lava Jato. E nunca esteve à beira da insolvência, como fez crer uma propaganda maciça de fakenewspela mídia.
Com a recuperação das cotações internacionais, os ganhos serão imediatos. Além disso, embora não se vislumbre em Haddad a disposição de denunciar os contratos já fechados para a exploração do pré-sal, é quase certo que interromperá os leilões e irá recuperar os princípios básicos da lei da partilha: voltar os componentes de conteúdo nacional, retomar as encomendas para a indústria naval e interromper os leilões de exploração.
Peça 2 – a política cambial
Sem afrontar os dogmas do sistema de metas inflacionárias, o novo presidente poderá se valer das próprias regras do mercado para flexibilizar a política monetária e cambial.
Especialistas do mercado enxergam as seguintes possibilidades.
Câmbio - Receberá o país com o câmbio desvalorizado e com as contas externas em dia. Aliás, uma das grandes heranças do lulismo foi ter aproveitado a enchente de dólares da economia mundial para zerar o passivo externo e montar uma boa base de reservas cambiais.
Fluxo cambial - A recuperação do preço das commodities injetará uma boa quantidade de divisas na economia. Será importante não permitir uma nova apreciação do real. Isso será possível em duas pontas:
Ponta 1 - a redução do diferencial de juros entre o real e o dólar.
Espera-se uma elevação na taxa de juros americana. Estima-se que poderá chegar a 3% ao ano. A estratégia brasileira consistiria em reduzir ainda mais a Selic, eliminando o diferencial de juros com os EUA.
Será possível mesmo incorporando uma miragem criada pelo mercado: a taxa de juros de equilíbrio, ou seja, a taxa de juros que seja neutra em relação à inflação e à atividade econômica.
Essa miragem foi desenvolvida por Pérsio Arida anos atrás. Estimava, então, que o Brasil jamais conseguiria conviver com taxas reais de juros de um digito apenas. Com o tempo deu um desconto para 10%, Depois, para 8%. Hoje em dia, a taxa real oscila entre 3% e 4% e a inflação continua domada.
O mercado também desenvolveu cálculos sobre o chamado PIB potencial - isto e, o crescimento possível dadas as condições da economia. Hoje em dia, há um hiato de PIB. Ou seja, o país cresce abaixo do PIB potencial. Significa que as taxas de juros deveriam estar abaixo da tal taxa de equilíbrio.
O real está colado nas moedas dos emergentes. Mas é a moeda de maior liquidez. A cada crise, é a primeira moeda a ser vendida. Passada a crise, a primeira a ser comprada.
Mesmo assim, fechando o diferencial entre juros americanos e brasileiros, se ainda assim houvesse um fluxo de dólares, ele poderia ser esterilizado com operações de swap - que tem um custo, mas não impactam a dívida líquida nacional.
Peça 3 – a política monetária
Confirmada a vitória de Fernando Haddad, o mercado tenderia a puxar as taxas de juros longas, da NTNB.
Trata-se de um título da dívida que paga IPCA mais uma taxa de juros negociada a mercado. Com a Selic elevada, as NTN-Bs se tornaram um sorvedouro da poupança privada, especialmente dos fundos de pensão, por oferecer rentabilidade maior do que a taxa atuarial necessária, sem risco algum. O patrimônio total dos fundos chega a R$ 1 trilhão. Sua meta atuarial é de IPCA + 5,5%. As NTNBs longas pagam 6,5% mais IPCA, sem risco nenhum.
Com um diretor de política monetária habilidoso, será possível montar a seguinte estratégia:
Se o mercado puxa a taxa de juros para cima, há uma queda no valor do título à vista - o chamado PU (Preço Unitário). É simples entender. O preço de vencimento do papel é, digamos, 100. Se ele rende 10% ao ano, e falta um ano para o vencimento, seu PU será de 90,91 (100 / 1,10 = 90,91). Se a taxa sobre para, digamos, 15% ao ano, o valor do PU cairá para 86,96 (100 / 1,15 = 86,96). O BC pode se aproveitar desse movimento para recomprar as NTNBs e substituí-las por LTNs (Letras do Tesouro Nacional), pré-fixadas. O aumento da demanda por LTNs promoverá uma elevação no seu PU – resultando em menor custo para o BC.
Com esse movimento, e com a redução das taxas de juros, os fundos de pensão terão que buscar papéis mais rentáveis. E aí, abre-se o mercado para papéis privados, os CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas) e debêntures de infraestrutura.
O mesmo ocorrerá com os bancos que emitem CDBs e que não terão mais as facilidades dos juros da dívida pública para se remunerar.
Haverá outro ganho indireto. Com as NTNBs, o mercado sempre apostava no caos: quando mais desarrumada a economia, mais elevadas são as taxas das NTNBs. Com os pré-fixados, passarão a ser sócios da estabilidade.
Peça 4 – retomada das obras paradas
Para completar o quadro, há uma imensidão de projetos públicos já licitados, analisados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e suspensos devido aos receios com a irracionalidade da Lava Jato e seus filhos.
Esses projetos foram completados no governo Dilma. Para cada um deles exigiu-se a constituições de SPEs (Sociedades de Propósito Específico), com o capital blindado em relação aos acionistas principais – as grandes empreiteiras.
Mas, depois dois abusos do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, com condução coercitiva de dezenas de técnicos do BNDES, criminalização de qualquer operação, houve o chamado apagão das canetas – nada se aprovava, nenhuma medida era tomada, porque tudo estava exposto à criminalização pelo MPF.
Um pacto entre o governo, o STF, a PGR, destravaria os investimentos que seriam rapidamente colocados em marcha. Vale o exemplo dos EUA. A Odebrecht recebeu uma multa bilionária da SEC (a CVM dos EUA). Imediatamente após a aplicação da multa, a própria SEC entrou em conta com os bancos norte-americanos solicitando que destravassem os financiamentos à Odebrecht, inclusive para que a multa pudesse ser honrada.
Além disso, com a taxa de juros em 6,5%, o governo poderia injetar recursos no BNDES sem impacto na dívida pública. O impacto ocorria devido ao diferencial entre as taxas do BNDES e a Selic de 14%. Com Selic próxima às taxas do BNDES, não há impacto na dívida pública.
Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), cada R$ 1 milhão investido no setor gera, em média, 26 empregos.
Só a Linga 6 do Metrô de São Paulo exigirá R$ 15 bilhões de investimento. O PAC Mobilidade, outros R$ 32 bilhões espalhados por várias capitais.
A terceira etapa de concessão de rodovias, outros R$ 13 bilhões, divididos entre a BR 153, BR 101, BR 163, BR 050.
No setor ferroviários, apenas o Ferroanel de São Paulo exigirá outros R$ 3,5 bilhões; a Norte-Sul, mais R$ 4 bilhões. A modernização da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) outros R$ 6 bilhões. Há R$ 3,5 bilhões de projetos parados dos aeroportos.
Destravando os investimentos, só nessa retomada de obras haverá condições de gerar, por baixo, 2 milhões de empregos.
Sem contar os investimentos externos. Os chineses, por exemplo, estão aguardando os primeiros sinais de estabilidade política para voltar a investir.
Peça 5 – a PEC do gasto
A desastrada PEC do Gasto produziu um pterodátilo nas contas públicas. A alegação final era a necessidade de conter gastos para aumentar os investimentos públicos. Mas incluiu-se o investimento público na lei.
Então, se o PIB crescer, digamos, 2,5% ao ano, os investimentos públicos permanecerão congelados, sem conseguir acompanhar o PIB e, por consequência, sem conseguir melhorar a produtividade da economia.
De alguma maneira terá que ser revista.
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
Marilena Chauí e o neoliberalismo - Portal Vermelho
Marilena Chauí e o neoliberalismo - Portal Vermelho:
"O neoliberalismo tem uma particularidade, explica Chauí, não se trata de uma mutação histórica do capitalismo com a passagem da hegemonia econômica do capital produtivo para o capital financeiro. O neoliberalismo é uma mutação sócio-política: é a nova forma do totalitarismo".
"O neoliberalismo tem uma particularidade, explica Chauí, não se trata de uma mutação histórica do capitalismo com a passagem da hegemonia econômica do capital produtivo para o capital financeiro. O neoliberalismo é uma mutação sócio-política: é a nova forma do totalitarismo".
Por Pedro Oliveira*
A professora Emérita da USP e filosofa Marilena Chauí -- ex secretária municipal de Cultura de São Paulo durante a gestão Luiza Erundina (1989-1992) -- participou no último dia 14 de setembro de um seminário internacional patrocinado pela Fundação Perseu Abramo onde se debateu as "Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar". Ao seu lado estiveram presentes o ex ministro de Relações Exteriores da França, Dominique de Villepin, o ex Primeiro Ministro da Itália, Massimo D'Alema, o ex Diretor Adjunto da UNESCO, o senegalês Pierre Sané, e Jorge Taiana, ex Ministro de Relações Exteriores da Argentina. No início de sua palestra, a professora Chauí ousou dizer que não entendia nada de Multilateralismo, mas que poderia falar da questão democrática, que ela assegurou ser a "sua praia". Na verdade, como se poderá ver em seguida, ela tem ideias muito bem desenvolvidas não só a respeito do multilateralismo, mas dos processos em curso de aplicação do neoliberalismo no mundo e no Brasil.
A professora Chauí começou sua exposição contextualizando a crise na qual o país está engolfado depois do golpe perpetrado contra o mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff, em fins de 2016, como sendo um momento trágico. Disse que o Brasil vive um processo de desinstitucionalização da República e de desmontagem da Democracia sob a égide da economia política neoliberal. Em seguida, Chauí procurou conceituar o significado de dois termos importantes para sua argumentação: os conceitos de Instituição e de organização.
Instituição é uma ação e uma prática social, que é fundada no reconhecimento público da sua atividade e de suas atribuições, explica a professora. Uma instituição é estruturada por ordenamentos internos, por regras e normas, por valores de reconhecimento e de legitimidade. Organização difere da instituição, porque ela se define por uma outra prática, diz Chauí, pela prática da instrumentalidade e pela ideia de operação. Ela se concretiza através de meios que são utilizados para atingir objetivos pre determinados, levando em conta a gestão, o planejamento, a previsão e o controle para se conseguir êxito. A marca da organização é que ela opera num tempo determinado e delimitado -- e não tem relação com a temporalidade histórica. Terminada essa operação, dá-se início a uma nova operação, sem conexão com a anterior.
Marilena Chauí sintetiza, nesta altura de sua fala, que a instituição é o locus da continuidade histórica, enquanto a organização é a área da fragmentação, da particularização. O neoliberalismo, segundo a filosofa, opera com a organização e a destruição das instituições. É assim que estamos assistindo a desinstitucionalização no Brasil, ou seja, a substituição das instituições pelas organizações. O neoliberalismo tem uma particularidade, explica Chauí, não se trata de uma mutação histórica do capitalismo com a passagem da hegemonia econômica do capital produtivo para o capital financeiro. O neoliberalismo é uma mutação sócio-política: é a nova forma do totalitarismo.
O que caracteriza o totalitarismo -- na concepção de Chauí -- não é a do chefe autocrata, como fazem crer os filmes de Hollywood, e não é fundamentalmente a presença do racismo, do nacionalismo. Estes fenômenos diz ela, estão à margem do totalitarismo. A questão é que o totalitarismo transforma todas as instituições sociais em uma única instituição homogênea: ele torna a sociedade indiferenciada, totalizando a sociedade inteira.
A forma pela qual o neoliberalismo totaliza a sociedade contemporânea completamente se dá através de um tipo determinado de organização: a empresa. A escola se transforma numa empresa, conclui Chauí, o Centro Cultural vira uma empresa, a cultura é encarada como empresa, assim como o próprio Estado. O que se dá é o bloqueio da diferenciação interna, das práticas pelas quais ela se realizam, ou em harmonia ou em conflito, em reconhecimento ou não-reconhecimento. Seguindo esse raciocínio, Chauí demonstra que o que é fundamental para a existência da Democracia -- que é a necessidade e a legitimidade da diferença e do conflito -- isso é apagado sob o manto da homogeneidade da sociedade e da política como empresas. Desta maneira é que se processa da institucionalização à organização. Este é o fundamento do pensamento totalitário que estrutura a sociedade como empresa.
Esta concepção se dá não somente ao nível das instituições, pondera a filosofa, mas também no surgimento de uma ideologia peculiar que vai ajudar a compreensão do porque aparece o ódio, o ressentimento, o medo. O problema é que agora temos apenas indivíduos e não classes sociais, ou coletivos de pessoas. O indivíduo passa a ser o empresário de si mesmo. É o surgimento de um neo-calvinismo, onde reina o princípio universal da concorrência e da competição, uma verdadeira luta mortal onde impera a meritocracia. Como consequência, essa configuração explica certo tipo de comportamento nas redes sociais, onde polulam a pós-verdade e as fake news, fruto de uma subjetividade narcisista e propensa à depressão. Por outro lado, a inculcação da culpa naqueles que eventualmente perdem a competição, desencadeiam sentimentos de ódio e ressentimentos de todo o tipo como referido acima -- particularmente contra imigrantes, migrantes, sindicalizados, os negros, mendigos, e os LGBT.
Os efeitos dessa estruturação organizacional é a destruição da concepção de que as pessoas são parte de algo, de uma classe, destruindo qualquer resquício de solidariedade humana, diz Marilena Chauí. Não é por acaso que vivemos um processo de deterioração da democracia sob o neoliberalismo, quando se dá a passagem da instituição para a organização. Isso significa que o Estado deixa de ser considerado uma instituição pública regida pelos princípios e valores democráticos e republicanos. Passa, assim, a ser encarado como uma empresa, onde se verifica o encolhimento do espaço público -- da democracia e da república -- e o alargamento do espaço privado. É em função disso que a política passa a ser encarada como uma questão técnica, administrativa, que deve ficar nas mãos de "técnicos competentes". Passa-se a exigir que o governante se transforme num gestor.
Como desdobramento destas ideias a política neoliberal, segundo Chauí, passa a destinar os fundos públicos para o pagamento de dívidas, sendo que se procura cada vez mais eliminar os direitos do cidadão, em proveito de interesses privados, transformando na verdade os direitos em serviços, definidos pela lógica do mercado. Trata-se da privatização dos direitos, transformados em serviços, comprados e vendidos no mercado. Essa é a política que está em operação no Brasil, que apunhala a democracia por seus dois pilares: o conflito e a criação de direitos.
Quais são as consequências desse processo? Pergunta a professora. E ela mesma responde, dizendo que em primeiro lugar é o fim da democracia social, com a privatização de direitos. Em segundo, trata-se do fim da democracia representativa, na medida em que a política é encarada como gestão. A política deixa de ser encarada como uma prática, na qual os indivíduos são considerados gestores. A figura do Parlamento deixa de ter sentido. Ele se torna algo menor que tem como função policiar os interesses de fulano e beltrano. A função legislativa tal como ela é concebida numa Republica representativa desaparece, ou está em vias de desaparecimento no Brasil com a judicialização da política.
A judicialização é o efeito do neoliberalismo na política, na medida que a política é pensada de maneira empresarial e como um jogo de interesses privados. Como no mundo empresarial os conflitos são resolvidos?, pergunta a professora Chauí. Os conflitos dentro da empresa e entre empresas, diz ela, são resolvidos pela via jurídica. A judicialização que estamos assistindo no Brasil, lembra Chauí, não é um destempero de um bando de ignorantes ou malucos completamente servis, ela é mesmo a maneira de resolução dos problemas da política neoliberal. Judicializar é neutralizar qualquer possibilidade de dar voz e legitimidade ao conflito. É por isso que as eleições estão da forma como estão, conclui Chauí. Elas se tornaram um problema para a política neoliberal, porque não se esperava que depois de tudo feito, o impeachment de Dilma e a prisão de Lula, que ainda haveria vigor político de esquerda na sociedade brasileira que pudesse renascer. Por isso, argumenta Chauí, não devemos acreditar em leis históricas inexoráveis, nem o destino, nem a providência divina. Nós podemos mudar as coisas e a prova disso é a realidade atual, explica a professora.
Por fim, Marilena Chauí resolveu dar uma opinião sobre o multilateralismo. Diz ela que em consequência da nova forma assumida pelo imperialismo, o multilateralismo está sendo atacado de várias maneiras. Num primeiro momento, no pós-Segunda Grande Guerra, vivemos um período bipolar. Depois passamos a um mundo multipolar, na era da globalização. E, finalmente, chegamos a um novo imperialismo. Porque ele é de novo tipo? Responde Chauí: em primeiro lugar o paradigma deste novo imperialismo não é mais o capital produtivo, que exige uma ocupação de territórios no nível da própria infraestrutura. Ele passa a ter como paradigma o capital financeiro, que não precisa de infraestrutura territorial. O novo imperialismo opera com a destruição do multilateralismo. E também opera não mais com uma ocupação política de sua infraestrutura, mas com operações em determinado local de um território para exploração temporária, delimitada, ocupando através de suas empresas. Trata-se de uma operação com objetivo determinado. A organização delimita o seu êxito ou o seu fracasso. Esse é o modelo neoliberal: abocanhar o petróleo do Pre-Sal, a Embraer, a Embratel entre outras empresas.
Desta forma o novo imperialismo não precisa mais ter um plano para o mundo. O novo imperialismo é pontual e específico, e Donald Trump precisa apenas manter o poder dos Estados Unidos. Não precisa mais invadir outros países, mas apenas organizar operações em determinadas geografias. Note-se, assim, que a professora Marilena Chauí tem opiniões consistentes sobre o multilateralismo na atual conjuntura mundial.
A professora Chauí começou sua exposição contextualizando a crise na qual o país está engolfado depois do golpe perpetrado contra o mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff, em fins de 2016, como sendo um momento trágico. Disse que o Brasil vive um processo de desinstitucionalização da República e de desmontagem da Democracia sob a égide da economia política neoliberal. Em seguida, Chauí procurou conceituar o significado de dois termos importantes para sua argumentação: os conceitos de Instituição e de organização.
Instituição é uma ação e uma prática social, que é fundada no reconhecimento público da sua atividade e de suas atribuições, explica a professora. Uma instituição é estruturada por ordenamentos internos, por regras e normas, por valores de reconhecimento e de legitimidade. Organização difere da instituição, porque ela se define por uma outra prática, diz Chauí, pela prática da instrumentalidade e pela ideia de operação. Ela se concretiza através de meios que são utilizados para atingir objetivos pre determinados, levando em conta a gestão, o planejamento, a previsão e o controle para se conseguir êxito. A marca da organização é que ela opera num tempo determinado e delimitado -- e não tem relação com a temporalidade histórica. Terminada essa operação, dá-se início a uma nova operação, sem conexão com a anterior.
Marilena Chauí sintetiza, nesta altura de sua fala, que a instituição é o locus da continuidade histórica, enquanto a organização é a área da fragmentação, da particularização. O neoliberalismo, segundo a filosofa, opera com a organização e a destruição das instituições. É assim que estamos assistindo a desinstitucionalização no Brasil, ou seja, a substituição das instituições pelas organizações. O neoliberalismo tem uma particularidade, explica Chauí, não se trata de uma mutação histórica do capitalismo com a passagem da hegemonia econômica do capital produtivo para o capital financeiro. O neoliberalismo é uma mutação sócio-política: é a nova forma do totalitarismo.
O que caracteriza o totalitarismo -- na concepção de Chauí -- não é a do chefe autocrata, como fazem crer os filmes de Hollywood, e não é fundamentalmente a presença do racismo, do nacionalismo. Estes fenômenos diz ela, estão à margem do totalitarismo. A questão é que o totalitarismo transforma todas as instituições sociais em uma única instituição homogênea: ele torna a sociedade indiferenciada, totalizando a sociedade inteira.
A forma pela qual o neoliberalismo totaliza a sociedade contemporânea completamente se dá através de um tipo determinado de organização: a empresa. A escola se transforma numa empresa, conclui Chauí, o Centro Cultural vira uma empresa, a cultura é encarada como empresa, assim como o próprio Estado. O que se dá é o bloqueio da diferenciação interna, das práticas pelas quais ela se realizam, ou em harmonia ou em conflito, em reconhecimento ou não-reconhecimento. Seguindo esse raciocínio, Chauí demonstra que o que é fundamental para a existência da Democracia -- que é a necessidade e a legitimidade da diferença e do conflito -- isso é apagado sob o manto da homogeneidade da sociedade e da política como empresas. Desta maneira é que se processa da institucionalização à organização. Este é o fundamento do pensamento totalitário que estrutura a sociedade como empresa.
Esta concepção se dá não somente ao nível das instituições, pondera a filosofa, mas também no surgimento de uma ideologia peculiar que vai ajudar a compreensão do porque aparece o ódio, o ressentimento, o medo. O problema é que agora temos apenas indivíduos e não classes sociais, ou coletivos de pessoas. O indivíduo passa a ser o empresário de si mesmo. É o surgimento de um neo-calvinismo, onde reina o princípio universal da concorrência e da competição, uma verdadeira luta mortal onde impera a meritocracia. Como consequência, essa configuração explica certo tipo de comportamento nas redes sociais, onde polulam a pós-verdade e as fake news, fruto de uma subjetividade narcisista e propensa à depressão. Por outro lado, a inculcação da culpa naqueles que eventualmente perdem a competição, desencadeiam sentimentos de ódio e ressentimentos de todo o tipo como referido acima -- particularmente contra imigrantes, migrantes, sindicalizados, os negros, mendigos, e os LGBT.
Os efeitos dessa estruturação organizacional é a destruição da concepção de que as pessoas são parte de algo, de uma classe, destruindo qualquer resquício de solidariedade humana, diz Marilena Chauí. Não é por acaso que vivemos um processo de deterioração da democracia sob o neoliberalismo, quando se dá a passagem da instituição para a organização. Isso significa que o Estado deixa de ser considerado uma instituição pública regida pelos princípios e valores democráticos e republicanos. Passa, assim, a ser encarado como uma empresa, onde se verifica o encolhimento do espaço público -- da democracia e da república -- e o alargamento do espaço privado. É em função disso que a política passa a ser encarada como uma questão técnica, administrativa, que deve ficar nas mãos de "técnicos competentes". Passa-se a exigir que o governante se transforme num gestor.
Como desdobramento destas ideias a política neoliberal, segundo Chauí, passa a destinar os fundos públicos para o pagamento de dívidas, sendo que se procura cada vez mais eliminar os direitos do cidadão, em proveito de interesses privados, transformando na verdade os direitos em serviços, definidos pela lógica do mercado. Trata-se da privatização dos direitos, transformados em serviços, comprados e vendidos no mercado. Essa é a política que está em operação no Brasil, que apunhala a democracia por seus dois pilares: o conflito e a criação de direitos.
Quais são as consequências desse processo? Pergunta a professora. E ela mesma responde, dizendo que em primeiro lugar é o fim da democracia social, com a privatização de direitos. Em segundo, trata-se do fim da democracia representativa, na medida em que a política é encarada como gestão. A política deixa de ser encarada como uma prática, na qual os indivíduos são considerados gestores. A figura do Parlamento deixa de ter sentido. Ele se torna algo menor que tem como função policiar os interesses de fulano e beltrano. A função legislativa tal como ela é concebida numa Republica representativa desaparece, ou está em vias de desaparecimento no Brasil com a judicialização da política.
A judicialização é o efeito do neoliberalismo na política, na medida que a política é pensada de maneira empresarial e como um jogo de interesses privados. Como no mundo empresarial os conflitos são resolvidos?, pergunta a professora Chauí. Os conflitos dentro da empresa e entre empresas, diz ela, são resolvidos pela via jurídica. A judicialização que estamos assistindo no Brasil, lembra Chauí, não é um destempero de um bando de ignorantes ou malucos completamente servis, ela é mesmo a maneira de resolução dos problemas da política neoliberal. Judicializar é neutralizar qualquer possibilidade de dar voz e legitimidade ao conflito. É por isso que as eleições estão da forma como estão, conclui Chauí. Elas se tornaram um problema para a política neoliberal, porque não se esperava que depois de tudo feito, o impeachment de Dilma e a prisão de Lula, que ainda haveria vigor político de esquerda na sociedade brasileira que pudesse renascer. Por isso, argumenta Chauí, não devemos acreditar em leis históricas inexoráveis, nem o destino, nem a providência divina. Nós podemos mudar as coisas e a prova disso é a realidade atual, explica a professora.
Por fim, Marilena Chauí resolveu dar uma opinião sobre o multilateralismo. Diz ela que em consequência da nova forma assumida pelo imperialismo, o multilateralismo está sendo atacado de várias maneiras. Num primeiro momento, no pós-Segunda Grande Guerra, vivemos um período bipolar. Depois passamos a um mundo multipolar, na era da globalização. E, finalmente, chegamos a um novo imperialismo. Porque ele é de novo tipo? Responde Chauí: em primeiro lugar o paradigma deste novo imperialismo não é mais o capital produtivo, que exige uma ocupação de territórios no nível da própria infraestrutura. Ele passa a ter como paradigma o capital financeiro, que não precisa de infraestrutura territorial. O novo imperialismo opera com a destruição do multilateralismo. E também opera não mais com uma ocupação política de sua infraestrutura, mas com operações em determinado local de um território para exploração temporária, delimitada, ocupando através de suas empresas. Trata-se de uma operação com objetivo determinado. A organização delimita o seu êxito ou o seu fracasso. Esse é o modelo neoliberal: abocanhar o petróleo do Pre-Sal, a Embraer, a Embratel entre outras empresas.
Desta forma o novo imperialismo não precisa mais ter um plano para o mundo. O novo imperialismo é pontual e específico, e Donald Trump precisa apenas manter o poder dos Estados Unidos. Não precisa mais invadir outros países, mas apenas organizar operações em determinadas geografias. Note-se, assim, que a professora Marilena Chauí tem opiniões consistentes sobre o multilateralismo na atual conjuntura mundial.
*Pedro Oliveira é jornalista e assessor da presidência do PCdoB.
#eleNAO - o ator inglês Stephen Fry e a entrevista assustadora do fascista
Ator britânico Stephen Fry diz que discurso de Bolsonaro contra negros, mulheres e a comunidade LGBTQ é "aterrorizante" pic.twitter.com/68iTyQNmGG— BuzzFeedNewsBR (@BuzzFeedNewsBR) 25 de setembro de 2018
Lei dos Estágios, 10 anos - #LulaHaddadManu13
A lei dos estágios completou dez anos. Tenho orgulho de ter sido relatora do projeto enviado pelo Haddad enquanto ministro da educação do presidente Lula. pic.twitter.com/TarpMKLkoM— Manuela (@ManuelaDavila) 26 de setembro de 2018
terça-feira, 25 de setembro de 2018
A injustiça tributária brasileira em 10 pontos - Portal Vermelho
A injustiça tributária brasileira em 10 pontos - Portal Vermelho:
O economista João Sicsú, professor da UFRJ, elencou os 10 pontos que provam como o sistema tributário do Brasil é injusto.
Por João Sicsú*
1. Um sistema tributário para ser socialmente justo deve concentrar sua arrecadação sobre a renda e o patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas. Esses dois elementos (renda e patrimônio) diferenciam de forma clara os cidadãos e as empresas de acordo com a sua capacidade contributiva. Os impostos sobre o consumo e os serviços, pelo contrário, transformam todos como iguais diante do sistema tributário. Por exemplo, a tributação sobre os achocolatados (em torno de 40%) é injusta porque o pobre e o rico pagam o mesmo imposto ao adquiri-los.
2. No Brasil, do total da arrecadação pública, 4,7% vem da propriedade, 19,9% vem dos ganhos de renda, 47,4% das compras de bens e serviços, 1,7% das transações financeiras e 26,3% dos recolhimentos de contribuições sobre a folha salarial.
3. O Brasil, quando comparado com os países da OCDE, é o vice-campeão na cobrança de impostos sobre a compra de bens e serviços. Aqui, arrecadamos 15,8% do PIB em impostos dessa natureza. Nos Estados Unidos, arrecada-se 4,4% do PIB e na Suíça, 6,1%.
4. No Brasil, do total arrecadado, a parte referente a impostos advindos da renda e da propriedade (somados) é de 24,6%. Ao mesmo tempo, na Dinamarca, Estados Unidos, Canadá, Suíça, Noruega, Irlanda e Noruega, tal parcela é superior a 50% do total arrecadado. E no Chile, nosso vizinho, é superior a 40%.
5. No Brasil, aqueles que recebem lucros e dividendos (que são rendas) são totalmente isentos de impostos. Os beneficiários desses rendimentos isentos podem ser pessoas físicas ou pessoas jurídicas, domiciliados aqui ou no estrangeiro. Isso significa que a remessa de lucros ou dividendos ao exterior feita por multinacionais também está isenta. Somente a Estônia, entre os países da OCDE, possui tal legislação.
6. Os 67.934 empresários (que recebem lucros) e/ou acionistas (que recebem dividendos) mais ricos do Brasil declararam no Imposto de Renda Pessoa Física, de 2016, que receberam 258,5 bilhões de reais sem pagar qualquer imposto sobre esse montante. Isso dá uma média de rendimento mensal de 317 mil reais por pessoa sem qualquer tributação.
7. Esses 67.934 milionários possuem também muitos “bens e direitos”. Isso significa que possuem prédios, automóveis de luxo, apartamentos, fazendas, sítios, terrenos, obras de arte, aplicações financeiras, helicópteros, jatinhos, lanchas, iates etc. Eles possuem 1,8 trilhão de reais em “bens e direitos” – um patrimônio médio de 26 milhões de reais por pessoa. Eles não pagam também qualquer centavo de imposto pelas fortunas que possuem. O Brasil estabeleceu a possibilidade de cobrança de tal imposto na Constituição de 1988. Mas o imposto sobre Grandes Fortunas jamais foi regulamentado.
8. Aquele trabalhador que comprou um carro popular tem que arcar todos os anos com o IPVA (imposto sobre a propriedade de veículos automotores). Mas o milionário que possui um helicóptero não paga IPVA. Proprietários de embarcações luxuosas, jet skis, lanchas, jatinhos e helicópteros não pagam IPVA. Foram isentados pelo STF, que entende que IPVA deve ser pago apenas por proprietários de veículos automotores que possuem rodas e percorrem ruas e rodovias.
9. A Constituição Federal prevê que os estados e o Distrito Federal podem cobrar impostos sobre heranças e doações, que é o ITCMD (imposto de transmissão sobre causa mortis e doação). A alíquota máxima e a possibilidade de progressividade são decisões do Senado Federal. A alíquota máxima estabelecida é de 8%. Tal alíquota máxima é 55% no Japão, 50% na Coreia do Sul, 45% na França e 40% nos Estados Unidos e Reino Unido.
10. O Imposto Territorial Rural (ITR) gera uma arrecadação irrisória. O ITR representou, em 2016, apenas 0,05% de toda a arrecadação tributária brasileira. A área total rural está em torno de 335 milhões de hectares. Um hectare tem uma área um pouco maior que um campo de futebol. De forma aproximada, pode-se inferir que 1% dos proprietários rurais detêm mais que 40% das terras rurais. Paga-se em média entre 3 e 4 reais por ano de ITR pela propriedade de um hectare.
Fonte: Carta Capital
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
O candidato dos fascistas é uma mentalidade (SIC)* - Juremir Machado da Silva
* substitui o nome no título. Não merece ser nominado.
Não, Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é um imaginário, uma mentalidade, uma visão de mundo. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.
Bolsonaro encarna o pensamento do homem medíocre, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações, é por falta de ordem. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que, com pretensa convicção amparada em evidências jamais demonstradas, diz:
– Não se pode mais ser homem neste país. Vamos ser todos gays.
Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Estado. Bolsonaro é o sujeito desinformado que sustenta que na ditadura não havia corrupção. É o empresário ambicioso que se for para ganhar mais dinheiro abre mão da democracia. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal, em momentos de estresse, chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto. Aparelhamento da democracia. Na parede do imaginário e de certas propagandas de Bolsonaro e dos seus fiéis aparecem ditadores. O seu paraíso é da paz dos cemitérios e das prisões para os dissidentes. Um imaginário é uma representação que se torna realidade. Uma realidade que se torna representação. Bolsonaro é um modo de ser no mundo baseado na truculência, na restrição de liberdade, na eliminação da complexidade, no encurtamento dos processos de tomada de decisões.
Bolsonaro usa a democracia para asfixiá-la. É um efeito perverso do jogo democrático. Condensa uma interpretação do mundo que não suporta a diversidade, o respeito à diferença, a pluralidade, o dissenso, o conflito, o embate. Inculto, ignora a história. Não há dívida com os escravizados e seus descendentes. A culpa pela infâmia da escravidão não é de quem escravizou. O presente exime-se do passado. Bolsonaro é a ignorância que perdeu a vergonha. Contra ele só há um procedimento eficaz: o voto. Se necessário, o voto útil.
Não, Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é um imaginário, uma mentalidade, uma visão de mundo. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.
Bolsonaro encarna o pensamento do homem medíocre, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações, é por falta de ordem. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que, com pretensa convicção amparada em evidências jamais demonstradas, diz:
– Não se pode mais ser homem neste país. Vamos ser todos gays.
Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Estado. Bolsonaro é o sujeito desinformado que sustenta que na ditadura não havia corrupção. É o empresário ambicioso que se for para ganhar mais dinheiro abre mão da democracia. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal, em momentos de estresse, chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto. Aparelhamento da democracia. Na parede do imaginário e de certas propagandas de Bolsonaro e dos seus fiéis aparecem ditadores. O seu paraíso é da paz dos cemitérios e das prisões para os dissidentes. Um imaginário é uma representação que se torna realidade. Uma realidade que se torna representação. Bolsonaro é um modo de ser no mundo baseado na truculência, na restrição de liberdade, na eliminação da complexidade, no encurtamento dos processos de tomada de decisões.
Bolsonaro usa a democracia para asfixiá-la. É um efeito perverso do jogo democrático. Condensa uma interpretação do mundo que não suporta a diversidade, o respeito à diferença, a pluralidade, o dissenso, o conflito, o embate. Inculto, ignora a história. Não há dívida com os escravizados e seus descendentes. A culpa pela infâmia da escravidão não é de quem escravizou. O presente exime-se do passado. Bolsonaro é a ignorância que perdeu a vergonha. Contra ele só há um procedimento eficaz: o voto. Se necessário, o voto útil.
Missa de 30 dias de Dona Lourdes, nossa mãe - terça, 11/09/2018
Missas pelos 30 dias do Falecimento de Maria de Lourdes dos Santos da Silva
*20-08-1948 +11-082-018
Brasília:
Paróquia Nossa Senhora da Consolata
11/09/2018 - 19h00
Fortaleza:
Paróquia de Nossa Senhora da Assunção - Nova Assunção
11/09/2018 - 19h00
Paróquia Santo Antônio de Pádua - Maraponga
09/09/2018 - 17h00
Barbalha:
Igreja Matriz de Santo Antônio
11/09/2018 - 17h00
Manaus:
Igreja de São Pedro - Petrópolis
11/09/2018 - 17h00
Araguaína:
Igreja São Pedro de Alcântara - 19h00
Agradecemos a arte gráfica produzida por Andrea Oliveira e Davi a partir de imagens da família. |
1ª Leitura - 1Cor 6,1-11 Irmão contra irmão vai a juízo, e isso perante infiéis!
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 6,1-11
Irmãos: 1 Quando um de vós tem uma questão com um outro, como se atreve a entrar na justiça perante os injustos, em vez de recorrer aos santos? 2 Será que ignorais que os santos julgarão o mundo? Ora, se o mundo está sujeito ao vosso julgamento, seríeis acaso indignos de deliberar e julgar sobre questões tão insignificantes? 3 Ignorais que julgaremos os anjos? Quanto mais, coisas desta vida! 4 No entanto, se tendes dessas questões a resolver, recorreis a juízes que a igreja não pode recomendar. 5 Digo isso, para confusão vossa! Será, então, que aí entre vós não se encontra ninguém sensato e prudente que possa ser juiz entre irmãos? 6 Ao invés disso, irmão contra irmão vai a juízo, e isso perante infiéis! 7 Aliás, já é uma grande falta haver processos entre vós. Por que não suportais, antes, a injustiça? Por que não tolerais, antes, ser prejudicado? Pelo contrário, vós é que cometeis injustiças e fraudes, e isso contra irmãos! 9 Porventura ignorais que pessoas injustas não terão parte no reino de Deus? Não vos iludais: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem pederastas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem beberrões, nem insolentes, nem salteadores terão parte no reino de Deus. 11 E vós, isto é, alguns de vós, éreis isso! Mas fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. Palavra do Senhor.
Salmo - Sl 149, 1-2. 3-4. 5-6a.9b (R.4a) R. O Senhor ama seu povo de verdade. Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia
1 Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembléia dos fiéis!
2 Alegre-se Israel em Quem o fez, * e Sião se rejubile no seu Rei!R.
3 Com danças glorifiquem o seu nome, * toquem harpa e tambor em sua honra!
4 Porque, de fato, o Senhor ama seu povo * e coroa com vitória os seus humildes.R.
5 Exultem os fiéis por sua glória, * e cantando se levantem de seus leitos,
6 com louvores do Senhor em sua boca * 9 b Eis a glória para todos os seus santos.R.
Evangelho - Lc 6,12-19 Passou a noite toda em oração. Escolheu doze dentre os discípulos, aos quais deu o nome de apóstolos.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 6,12-19
12 Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 17 Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judéia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Vieram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. 19 A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. Palavra da Salvação.
Saudades, mãe, mater amabilis
Consolamo-nos, mas o coração segue contrito. Foste no dia 11 de agosto, exatamente na véspera da tua tão amada festa da padroeira, em Fortaleza, no Santuário de Nossa Senhora da Assunção, nosso bairro, nossa paróquia, cujos tijolos assentamos em mutirão e que assentaram nosso caráter. Nova Assunção - Nova Ascensão - tudo é homenagem a quem foste tão devota, Nossa Senhora, devoção que nos ensinaste exclusivamente pelo teu amor. Então, velávamos-te, mas pelo teu amor a tua casa, a teu bairro e à Nossa Senhora, compreendemos o sentido de terdes ido no sábado, por tua fé na ressurreição e no Coração de Maria, porque querias celebrar com Ela.
Ainda assim, passaste dois dias fazendo todos rezarem à tua Mãe Rainha, e o pranto e as orações dos comunistas tinham a sinceridade de sempre, mas eram um tributo à parte. A mesma sinceridade que comovera teus filhos quando ingressaram na Luta, e que foi comovendo a teu esposo e a ti, fazendo-nos todos queridos camaradas. E se teu jeitinho conseguia tudo, conseguiu inclusive uma cepa de comunistas Marianos, hehehehe.
No dia 15, na Marcha com Maria, percorri caminhos que já fizeras, no sentido inverso. Se vim contigo da Catedral até a Juvêncio Barroso, à Francisco Sá, ao Nova Assunção, e daí para o mundo; refiz então o caminho que fizeste, da casa de teu irmão Antônio, na Gomes Passos, à Catedral onde me batizaste.
E já estavas com teu amado Louro, pois Betinho resolveu tudo.
E sábado, teu Sétimo Dia aconteceu outra vez em torno da Amada Maria, no dia solenemente dedicado à sua ascensão em todas as missas do Brasil. Brasília, Fortaleza, Barbalha, Manaus, Araguaína, por toda parte pranteávamos-te, e em cada missa a mensagem de amor e consolo foi a mesma: não tenhais medo da morte, vede Maria. Não temais por mim, estou bem. Olhai como é lindo o amor por Nossa Senhora.
Então, com toda dor, sabemos que não somos quem escolhemos a nossa data, consolamo-nos pelas suficientes demonstrações das graças da tua devoção, que nos consola e que aprendemos. Ensinaste-nos a viver sem nos deter nas tragédias. Surgiste em meio a um mar de provações de que só agora temos ideia, ouvindo tristes umas histórias que levaram ao teu nascimento, e que só aprendemos agora, porque era hora. Daí aquele teu sorriso perpétuo, aquela força sem quartel, o bom humor indefectível, a esperança e a fé. Procuramos, e não achamos a lição da tristeza.
MUITO OBRIGADO. ESTAMOS BEM, MÃE. AMÉM.
Paulo e Roberto
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
Neta de Prestes é candidata a deputada federal pelo PCdoB - Portal Vermelho
Neta de Prestes é candidata a deputada federal pelo PCdoB - Portal Vermelho:
Ana Prestes, neta do Cavaleiro da Esperança, disputa pela primeira vez uma vaga na Câmara dos Deputados. Socióloga e doutora em Ciência Política, iniciou sua trajetória no movimento estudantil. “Período de muita efervescência política, com uma onda de neoliberalismo e desmonte do nosso país”, lembra.
Ana Prestes, neta do Cavaleiro da Esperança, disputa pela primeira vez uma vaga na Câmara dos Deputados. Socióloga e doutora em Ciência Política, iniciou sua trajetória no movimento estudantil. “Período de muita efervescência política, com uma onda de neoliberalismo e desmonte do nosso país”, lembra.
Por Roberta Quintino, especial para o Portal Vermelho
De acordo com Ana, que estará nas urnas pelo Distrito Federal, a sua candidatura nasce a partir de uma plataforma democrática e popular, que tem como premissa a luta pela retomada dos direitos que foram perdidos após “o rompimento do governo da presidente Dilma, que teve 54 milhões de votos, de forma fraudulenta, arrancados da população”.
Feminista e mãe de Helena e Gabriela, Ana é escritora e autora do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. Ela luta pela ampliação da bancada de mulheres no Congresso Nacional, que hoje representa cerca de 10% do conjunto de parlamentares.
Nas propostas da candidata, estão o cumprimento do Plano Nacional de Educação, a anulação da Emenda 95 que congelou os investimentos da saúde e educação por 20 anos, retomada das políticas de geração de emprego e renda como forma de combater as desigualdades sociais. Lutar pelo desenvolvimento integrado do DF e do Brasil com inclusão de verdade, educação, saúde, cultura, e participação democrática.
Filiada ao PCdoB há 20 anos, Ana nasceu em Moscou em 1977, período em que seus avós, Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes, militantes históricos do país, estavam exilados na ainda União Soviética. No Brasil, foram perseguidos na época da ditadura militar instalada em 1964.
Como foi o início da sua militância?
A política nunca foi algo estranho pra mim, sou de uma família que vivia e falava muito sobre política, principalmente, na casa do meu avô. Perseguida politicamente na época da ditadura militar, minha família foi para Rússia, então União Soviética, e só mais tarde com a redemocratização é que começamos a voltar para o Brasil, e foi no movimento estudantil que comecei a militância, era um período de muita efervescência política, com uma onda de neoliberalismo e desmonte do nosso país que crescia na década de 1990. Foi nesse contexto de defesa da universidade pública, do ensino médio e da melhora da qualidade do ensino técnico que conheci a União da Juventude Socialista. Depois atuei ainda na base da União Nacional dos Estudantes e da Associação Nacional de Pós-graduandos. Logo me filiei também no PCdoB, onde estou há 20 anos.
Mesmo com uma trajetória sólida na militância, essa é a sua primeira disputa para um cargo político. Como é se colocar à disposição para participar de um processo eleitoral?
Ao longo desses 20 anos de militância, atuar em campanhas eleitorais sempre foi um processo muito natural. Participei de uma série de campanhas, nas ruas, com panfletagens nas portas de fábricas, das escolas, em eventos culturais. Mas há uma diferença quando você coloca o seu nome disponível para o Partido e representa um conjunto de ideias elaboradas em coletivo, de forma crítica, para o bem comum de uma sociedade, principalmente em um país onde a política se dá de maneira personalista, e o que propomos é romper com essa lógica.
O país atravessa um período de fragilidade política e de sérios retrocessos nos direitos sociais e trabalhistas da população brasileira. Por que disputar uma vaga para a Câmara Federal nesse ambiente de imprevisibilidade?
Desde os protestos de junho de 2013 estamos vivemos um ambiente social e político de instabilidade. E foi nesse cenário que forças reacionárias da direita e, até mesmo fascistas, encontraram no meio da efervescência do momento uma forma de ressurgir. Ainda estávamos vivendo a reconstrução da nossa democracia, com inclusão social, ampliação do acesso aos direitos, fortalecimento do SUS e ampliação das Universidades. E vimos, em 2016, a consolidação de um golpe, com o rompimento do governo da presidenta Dilma, que teve 54 milhões de votos, de forma fraudulenta, arrancados da população. Nesse último período, vimos ainda o desmonte total das políticas públicas, com a aprovação da reforma trabalhista, da terceirização, o não cumprimento do Plano Nacional de Educação e outros retrocessos. Então, a nossa candidatura vem no sentido de fazer a defesa dos direitos, de recobrar os direitos que foram perdidos e colocar um freio nesse desmonte.
As eleições deste ano abrem uma oportunidade para a renovação da política brasileira?
Sim, nós vimos muito claramente com o processo do golpe quão arcaico está o nosso Congresso Nacional. É um Congresso em que há uma sub-representação de mulheres, de jovens, negros, homossexuais, indígenas e todas as camadas mais vulneráveis da nossa sociedade. Nós podemos dizer que a nossa democracia não está plenamente representada no parlamento e é nesse espaço que todas as vozes que fazem parte da sociedade devem estar vocalizadas. As mulheres são mais de 50% da população e nós temos cerca de 10% de representação no Congresso brasileiro, é assim com outros segmentos da nossa sociedade. Diante desse cenário, é urgente a participação, a disputa e renovação no campo político. Precisamos de pessoas mais jovens, renovar também nesse sentido e atuar de forma coletiva. Sintetizando os pensamentos dos diversos setores e pautar propostas concretas para os movimentos de moradia, dos pequenos agricultores, de mulheres, estudantes, indígenas.
Qual o diferencial da sua campanha?
Apresento minha candidatura à Câmara dos Deputados, a partir de uma plataforma democrática e popular e começa com o diferencial de que é uma campanha de uma pessoa que nunca ocupou um cargo político eletivo, mas que traz uma experiência nas lutas sociais. Considerando a representação feminina no parlamento, é a candidatura de uma mulher que vem de uma família de tradição política na esquerda brasileira há quase 100 anos, que ajudou a organizar politicamente o país. Além disso, vemos como algo novo a forte atuação na solidariedade internacional, uma das vias da minha militância.
Quais são as propostas da sua candidatura?
Muitas das nossas propostas são de resistência para barrar os retrocessos que estão colocados para os trabalhadores, à juventude, mulheres e retomar a nossa democracia. Além de implementar o Sistema Nacional de Educação e exigir o cumprimento do Plano Nacional de Educação, anular a Emenda 95, que congelou os investimentos da saúde e educação por 20 anos, retomar as políticas de geração de emprego e renda como forma de combater as desigualdades sociais. Revogar a reforma trabalhista. Aprovar o Plano Nacional de Cultura e reformular a Lei Rouanet. Lutar pelo desenvolvimento integrado do DF e do Brasil com inclusão de verdade, em educação, saúde, cultura e participação democrática.
Você traz muito forte a questão do feminismo, da luta e direitos da mulher. Como as suas filhas veem sua participação na política e agora com a candidatura a deputada federal?
Eu tenho duas filhas, a Helena e a Gabriela, e desde que elas estavam na barriga me acompanham na militância. Com sete meses de gravidez da Gabriela, participei de um congresso na África do Sul, fiz a marcha do Fórum Social Mundial. Acompanham-me sempre e é dessa forma que elas entendem que mulher, que criança tem que ter voz, tem que participar. Nós escrevemos o livro infanto-juvenil Mirela e o Dia Internacional da Mulher, que traz uma temática feminista. E eu percebo que nesse sentido elas veem na militância política algo mais leve, e a minha candidatura para as meninas é algo entusiasmante. Elas são minhas parceiras de jornada
Ana e suas filhas
Feminista e mãe de Helena e Gabriela, Ana é escritora e autora do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. Ela luta pela ampliação da bancada de mulheres no Congresso Nacional, que hoje representa cerca de 10% do conjunto de parlamentares.
Nas propostas da candidata, estão o cumprimento do Plano Nacional de Educação, a anulação da Emenda 95 que congelou os investimentos da saúde e educação por 20 anos, retomada das políticas de geração de emprego e renda como forma de combater as desigualdades sociais. Lutar pelo desenvolvimento integrado do DF e do Brasil com inclusão de verdade, educação, saúde, cultura, e participação democrática.
Ana e sua mãe, em Moscou
Filiada ao PCdoB há 20 anos, Ana nasceu em Moscou em 1977, período em que seus avós, Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes, militantes históricos do país, estavam exilados na ainda União Soviética. No Brasil, foram perseguidos na época da ditadura militar instalada em 1964.
Como foi o início da sua militância?
A política nunca foi algo estranho pra mim, sou de uma família que vivia e falava muito sobre política, principalmente, na casa do meu avô. Perseguida politicamente na época da ditadura militar, minha família foi para Rússia, então União Soviética, e só mais tarde com a redemocratização é que começamos a voltar para o Brasil, e foi no movimento estudantil que comecei a militância, era um período de muita efervescência política, com uma onda de neoliberalismo e desmonte do nosso país que crescia na década de 1990. Foi nesse contexto de defesa da universidade pública, do ensino médio e da melhora da qualidade do ensino técnico que conheci a União da Juventude Socialista. Depois atuei ainda na base da União Nacional dos Estudantes e da Associação Nacional de Pós-graduandos. Logo me filiei também no PCdoB, onde estou há 20 anos.
Ana ao lado do avó Luis Carlos Prestes
Mesmo com uma trajetória sólida na militância, essa é a sua primeira disputa para um cargo político. Como é se colocar à disposição para participar de um processo eleitoral?
Ao longo desses 20 anos de militância, atuar em campanhas eleitorais sempre foi um processo muito natural. Participei de uma série de campanhas, nas ruas, com panfletagens nas portas de fábricas, das escolas, em eventos culturais. Mas há uma diferença quando você coloca o seu nome disponível para o Partido e representa um conjunto de ideias elaboradas em coletivo, de forma crítica, para o bem comum de uma sociedade, principalmente em um país onde a política se dá de maneira personalista, e o que propomos é romper com essa lógica.
O país atravessa um período de fragilidade política e de sérios retrocessos nos direitos sociais e trabalhistas da população brasileira. Por que disputar uma vaga para a Câmara Federal nesse ambiente de imprevisibilidade?
Desde os protestos de junho de 2013 estamos vivemos um ambiente social e político de instabilidade. E foi nesse cenário que forças reacionárias da direita e, até mesmo fascistas, encontraram no meio da efervescência do momento uma forma de ressurgir. Ainda estávamos vivendo a reconstrução da nossa democracia, com inclusão social, ampliação do acesso aos direitos, fortalecimento do SUS e ampliação das Universidades. E vimos, em 2016, a consolidação de um golpe, com o rompimento do governo da presidenta Dilma, que teve 54 milhões de votos, de forma fraudulenta, arrancados da população. Nesse último período, vimos ainda o desmonte total das políticas públicas, com a aprovação da reforma trabalhista, da terceirização, o não cumprimento do Plano Nacional de Educação e outros retrocessos. Então, a nossa candidatura vem no sentido de fazer a defesa dos direitos, de recobrar os direitos que foram perdidos e colocar um freio nesse desmonte.
As eleições deste ano abrem uma oportunidade para a renovação da política brasileira?
Sim, nós vimos muito claramente com o processo do golpe quão arcaico está o nosso Congresso Nacional. É um Congresso em que há uma sub-representação de mulheres, de jovens, negros, homossexuais, indígenas e todas as camadas mais vulneráveis da nossa sociedade. Nós podemos dizer que a nossa democracia não está plenamente representada no parlamento e é nesse espaço que todas as vozes que fazem parte da sociedade devem estar vocalizadas. As mulheres são mais de 50% da população e nós temos cerca de 10% de representação no Congresso brasileiro, é assim com outros segmentos da nossa sociedade. Diante desse cenário, é urgente a participação, a disputa e renovação no campo político. Precisamos de pessoas mais jovens, renovar também nesse sentido e atuar de forma coletiva. Sintetizando os pensamentos dos diversos setores e pautar propostas concretas para os movimentos de moradia, dos pequenos agricultores, de mulheres, estudantes, indígenas.
Qual o diferencial da sua campanha?
Apresento minha candidatura à Câmara dos Deputados, a partir de uma plataforma democrática e popular e começa com o diferencial de que é uma campanha de uma pessoa que nunca ocupou um cargo político eletivo, mas que traz uma experiência nas lutas sociais. Considerando a representação feminina no parlamento, é a candidatura de uma mulher que vem de uma família de tradição política na esquerda brasileira há quase 100 anos, que ajudou a organizar politicamente o país. Além disso, vemos como algo novo a forte atuação na solidariedade internacional, uma das vias da minha militância.
Quais são as propostas da sua candidatura?
Muitas das nossas propostas são de resistência para barrar os retrocessos que estão colocados para os trabalhadores, à juventude, mulheres e retomar a nossa democracia. Além de implementar o Sistema Nacional de Educação e exigir o cumprimento do Plano Nacional de Educação, anular a Emenda 95, que congelou os investimentos da saúde e educação por 20 anos, retomar as políticas de geração de emprego e renda como forma de combater as desigualdades sociais. Revogar a reforma trabalhista. Aprovar o Plano Nacional de Cultura e reformular a Lei Rouanet. Lutar pelo desenvolvimento integrado do DF e do Brasil com inclusão de verdade, em educação, saúde, cultura e participação democrática.
Ana Prestes e sua avó Maria Ribeiro Prestes
Você traz muito forte a questão do feminismo, da luta e direitos da mulher. Como as suas filhas veem sua participação na política e agora com a candidatura a deputada federal?
Eu tenho duas filhas, a Helena e a Gabriela, e desde que elas estavam na barriga me acompanham na militância. Com sete meses de gravidez da Gabriela, participei de um congresso na África do Sul, fiz a marcha do Fórum Social Mundial. Acompanham-me sempre e é dessa forma que elas entendem que mulher, que criança tem que ter voz, tem que participar. Nós escrevemos o livro infanto-juvenil Mirela e o Dia Internacional da Mulher, que traz uma temática feminista. E eu percebo que nesse sentido elas veem na militância política algo mais leve, e a minha candidatura para as meninas é algo entusiasmante. Elas são minhas parceiras de jornada
Assinar:
Postagens (Atom)
-
E nossa história não estará pelo avesso, assim, sem final feliz: teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver, temos muito ainda...
-
Andei em busca da Cifra da Internacional, o hino mundial dos trabalhadores e trabalhadoras e não achei opções, excetuando-se a versão d...
-
A campanha nacional dos bancários termina com gosto amargo. Especialmente no BB, a revolta com a falta de ganho real significativo é imens...