Virgínia Barros: “Viver é lutar e lutar vale a pena” | UJS
Nesta última quarta (01), o movimento Bloco na Rua indicou Virgínia Barros como candidata a presidência da UNE. O 53º Congresso da entidade ocorrerá em Goiânia, de 29 de maio a 02 de junho.
Natural de Garanhuns (PE), Virgínia, mais conhecida como “Vic”, foi presidente da União dos Estudante de Pernambuco (UEP) entre 2009 e 2011, onde conquistou a gratuidade para os estudantes da Universidade de Pernambuco (UPE), que até então tinham que pagar para estudar. Atualmente cursa Letras na Universidade de São Paulo (USP). Virgínia exerce a função de diretora de comunicação da UNE.
Em entrevista exclusiva ao Bloco na Rua , a candidata à presidência da UNE fala das conquistas da entidade no último período e destaca os próximos desafios da União Nacional dos Estudantes.
Bloco na Rua: O que representa o congresso da UNE para o Brasil? Qual a participação do movimento Bloco na Rua?
Vic: Estamos chegando na reta final do congresso e teremos quase dois milhões de jovens elegendo seus representantes com votação direta em urna, em mais de 90% das universidades brasileiras! É desta maneira que a UNE se consolida como uma das entidades mais democráticas e legitimas do movimento social brasileiro.
Por esta amplitude o congresso da UNE é o principal espaço de discussão, mobilização e integração dos estudantes brasileiros. É no congresso da UNE que colocamos em revista toda a educação brasileira e, que os estudantes apontam novos desafios para melhorar a educação superior, por isso, o congresso da UNE é sempre um marco, um ponto de partida das grandes transformações educacionais.
O novo movimento Bloco na Rua é o maior coletivo de estudantes do Brasil, o único que consegue estar em todos os Estados, nas universidades públicas e privadas, a consequência é que temos uma opinião mais completa sobre a educação brasileira e, por isso, a maioria dos estudantes brasileiros tem votado nas propostas do nosso movimento, o que nos faz ser o maior movimento ao congresso da UNE, com maior número de delegados!
Bloco na Rua: Quais são as principais propostas que você defenderá em nome do movimento Bloco na Rua no Congresso da UNE?
Vic: Hoje o principal desafio dos estudantes e, acredito, do conjunto do povo brasileiro, é criar as condições para uma nova arrancada no desenvolvimento econômico, social e humano do nosso país. Para isso, a educação é fundamental.
Uma das principais pautas no campo educacional segue sendo a destinação de 10% do PIB, 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-sal para educação, por políticas mais eficazes de assistência estudantil, garantia da qualidade do ensino superior e por uma regulamentação democrática e soberana do ensino superior privado em nosso país. Para além disso, pautas mais gerais como a reforma política e a democratização dos meios de comunicação assumem cada vez mais centralidade nas lutas estudantis.
Bloco na Rua: Como você avalia a atuação da UNE neste último período?
Vic: A UNE conquistou muitas vitórias, a principal que eu destacaria foi a aprovação dos 10% do PIB para educação pública. Foi uma conquista obtida com muito suor e anos de luta – fizemos marcha em Brasília, #OcupeBrasilia, abaixo-assinado e muita pressão até que no dia 26 de Junho do ano passado ocupamos a Câmara e garantimos a aprovação da medida. O projeto agora está no Senado e seguimos na luta para consolidar esta vitória.
Também conseguimos, ao longo dos últimos anos, através de nossas lutas, convencer a presidenta Dilma da importância de utilizar a riqueza do petróleo brasileiro para a melhoria da educação do nosso país. No final do ano passado, ela editou uma Medida Provisória destinando 50% do Fundo Social do Pré-sal e 100% dos royalties do petróleo brasileiro para educação. Foi um golaço! A Medida caducou sem que fosse aprovada no Congresso Nacional, mas, essa semana, em rede nacional, a presidenta já anunciou que enviará um novo projeto sobre o mesmo tema para o Congresso.
Outras lutas que destaco é a aprovação da Lei de Reserva de Vagas, o aumento expressivo de verbas para assistência estudantil no orçamento federal deste ano, tivemos também uma atuação combativa e consequente no período de greve das universidade
s federais, por ultimo destacaria as obras da sede da UNE no Rio de Janeiro. Muitos dos frutos desta gestão só serão percebidos, inclusive, daqui a alguns anos. Tudo, tudo, tudo, valeu muito a pena.
Bloco na Rua: De que maneira você acha que a UNE poderá contribuir para a superação dos próximos desafios?
Vic: A gestão da UNE precisa ser construída em permanente diálogo com os Centros Acadêmicos, DCE’s, Uniões Estaduais dos Estudantes e demais organizações estudantis existentes na universidade, ampliando nossos instrumentos de comunicação, fazendo nossa opinião chegar a mais gente, ampliar a Ouvidoria da UNE, fortalecer cada vez mais os fóruns da entidade, é desta maneira que vamos conquistar mais e mais vitórias. Através deste tipo de ação, levamos os debates gerais e específicos do movimento estudantil para o cotidiano da universidade que agregamos cada vez mais gente.
Bloco na Rua: Como é se dedicar à luta dos estudantes?
Vic: É um aprendizado permanente. Abrir mão de sua individualidade para fazer parte das lutas coletivas é, certamente, uma opção de vida bonita e necessária para o país – opção, esta, trilhada por milhões de jovens heróis anônimos em todo o Brasil.
A gente passa por muito perrengue, mas também se diverte bastante, conhece muita gente, aprende a ser mais tolerante, mais aberto para as ideias avançadas. O movimento estudantil é o melhor espaço para um jovem brasileiro conhecer nosso país e aprender a amá-lo na sua diversidade e complexidade.
Não tem um dia que não tenha uma coisa pra fazer. Desde montar um mural do Centro Acadêmico da faculdade até ocupar o Congresso Nacional por 10% do PIB pra educação, cada gesto que um estudante faz pelo bem comum é fundamental para o fortalecimento da democracia de nosso país.
Bloco na Rua: Qual a principal mensagem do movimento Bloco na Rua aos estudantes brasileiros?
Vic: Na sede da União Nacional dos Estudantes, em São Paulo, tem uma grafitagem que diz: “Viver é lutar e lutar vale a pena”. Como eu acho isso bonito, essa coisa de saber que, unidos, podemos transformar a realidade! A principal mensagem que o nosso movimento quer deixar para o país é que a luta dos estudantes brasileiros carrega consigo os mais belos sonhos de um outro mundo possível.
Foi assim que, ainda na década de 1930, conquistamos a Petrobrás, foi assim que enfrentamos e contribuímos para derrubar a Ditadura Militar, foi assim que derrubamos um presidente da República!
E é assim que, no último período, através da ação combativa e consequente da UNE, temos contribuído para fazer o Brasil avançar no caminho das mudanças e se tornar um lugar melhor para o conjunto dos brasileiros e das brasileiras que constroem este país todos os dias.
Redação
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sexta-feira, 10 de maio de 2013
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