CIA: "Podemos torturar?" Bush: "Com certeza!" - Portal Vermelho
Deu na BBC Brasil: Em livro de memórias, Bush justifica ‘tortura’ de mentor do 11 de setembro
Ao contrário do ditador brasileiro João Batista Figueiredo, cujo pedido ao povo brasileiro foi de que o esquecesse (desnecessário: ninguém iria lembrar dele, mesmo...), o execrável ex-presidente George W. Bush faz questão de reavivar a memória dos estadunidenses sobre sua passagem pelo poder.
Por Celso Lungaretti*
Bom para Barack Obama. Por comparação, ele fica parecendo um extraordinário estadista.
No livro, Bush admite ter sido consultado pela CIA, que lhe indagou se poderia torturar um suspeito de terrorismo, Khalid Sheikh Mohammed, com afogamento simulado.
Sua resposta confessa: "com certeza!".
Defende sua decisão com a surrada desculpa de que o interrogatório de Mohammed, capturado no Paquistão em 2003 e detido desde 2006 no campo de Guantánamo (na foto, uma amostra do que acontecia nesse DOI-Codi estadunidense durante a Era Bush), ajudou a “salvar vidas”.
Evidentemente, não especificou quais e quantas vidas, pois, fora da presidência, não tem mais quem forje, com um mínimo de verossimilhança, as versões falaciosas de que carece.
Era bem diferente quando ele e seus cúmplices inventavam que o Iraque possuía armas químicas ou biológicas e a mentira só se evidenciava depois que o governo de um país soberano tinha sido derrubado.
Diz ter ficado com "uma sensação de náuseas" ao ser informado de que as tais armas não haviam sido encontradas pelos invasores estadunidenses... porque, claro, não existiam.
Mesmo assim, justifica:
“Os Estados Unidos estão mais seguros sem um ditador homicida. (...) O povo iraquiano está melhor com um governo que responde a eles em vez de torturá-los e assassiná-los”.
Os EUA estão, isto sim, mais seguros sem um torturador, genocida e mentiroso compulsivo na Casa Branca.
Quanto ao povo iraquiano, nunca pediu a estrangeiros que viessem determinar qual o tipo de governo que teria. Mesmo que Saddam Hussein fosse um monstro, ainda assim os EUA não teriam direito de livrá-lo do monstro sem seu consentimento.
E pensar que uma nação capaz de tais feitos ainda se arroga o papel de defensor do mundo contra supostas bombas atômicas que viriam a ser produzidas em médio ou longo prazo no Irã!
É apenas a nova versão das mirabolantes armas químicas e biológicas que se desmancharam no ar, depois de terem cumprido seu papel de pretexto para uma brutal transgressão do princípio de autodeterminação dos povos.
Me engana duas vezes que eu gosto.
*Jornalista e escritor
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010
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