Com o PSDB e demais aliados da oposição divididos sobre a estratégia de golpe, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou artigo neste domingo (3), no Estadão, para tentar tirar a oposição da encruzilhada que eles próprios criaram. O tucano mantém a defesa da judicialização da política e num tom marcado pelo ódio afirma que o alvo não deve ser a presidenta Dilma Rousseff, como quer o inconformado senador Aécio Neves e outros, mas o ex-presidente Lula.
Por Dayane Santos
Liderança de Lula incomoda, e muito, os tucanos
Assumindo de vez o posto de arauto da direita golpista, FHC prega que o discurso da oposição deve ser o de desconstrução da imagem da principal liderança das forças progressistas para, assim, conseguir levar adiante o golpe.
“Embora os diretores da Petrobras diretamente envolvidos na roubalheira devam ser penalizados, não foram eles os responsáveis maiores. Quem enganou o Brasil foi o lulopetismo”, disse ele. “E agora, José? Não há culpabilidade política? Vai-se apelar aos ‘exércitos do MST’ para encobrir a verdade?”, disse ele.
Como já havia afirmando anteriormente, a tese é focar-se na Operação Lava Jato, mesmo que não exista sequer uma prova ou indício capaz de fundamentar sua acusação.
Apesar das investigações apontarem que o esquema de corrupção na Petrobras funcionava desde 1997, portanto durante o seu governo, e de os delatores afirmarem que lideranças do PSDB receberam propina, FHC constrói em seu artigo uma narrativa de criminalização do PT e do ex-presidente Lula, como responsáveis pelos desmandos na estatal.
Liderança de Lula incomoda
Apontado pelos brasileiros em recente pesquisa Datafolha como o melhor presidente de todos os tempos, Lula tem sido o principal alvo da direita conservadora liderada por Fernando Henrique.
O motivo do inconformismo vem das derrotas sucessivas dos tucanos nas urnas. Mas não é só. Apoiado pelas forças progressistas e pelos movimentos sociais, Lula mudou a realidade socioeconômica do Brasil, promovendo o desenvolvimento com avanços sociais e melhoria da renda. Essa herança também levou à eleição e reeleição da presidenta Dilma, que deu continuidade a essa agenda de inclusão.
A feroz campanha de mentiras da grande mídia não conseguiu tirar de Lula o seu legado, que já entrou para a história.
Além disso, Lula é uma liderança que une diversos setores. Na atual crise política, ele tem cumprido um papel importante na articulação política e na relação com os movimentos sociais. Tem atuado fortemente na batalha da comunicação por meio das redes sociais e participado ativamente das mobilizações, o que arrefeceu os intentos da direita golpista, haja vista os atos pró-golpe do último dia 12 de abril. Verdadeiros fiascos.
Essa liderança de Lula incomoda, e muito. Com o resultado do arrefecer das ruas em torno da bandeira do impeachment, o discurso de FHC, José Serra e outros, busca manobrar as forças conservadoras para – por meio da mentira e do apoio da mídia –, desqualificar Lula.
FHC e a corrupção
Não é à toa que no artigo FHC avisa: “Não estou insinuando que sem impeachment não há solução. Nem dizendo o contrário, que impeachment é golpe. Estou apenas alertando que as lideranças brasileiras (e escrevo assim no plural) precisam se dar conta de que desta vez os desarranjos (não só no plano econômico, mas no político também) foram longe demais”.
“A raiz dos desmandos foi plantada antes da eleição da atual presidente. Vem do governo de seu antecessor e padrinho político”, completa o tucano se referindo a Lula.
Para ele, tudo que se sabe até agora é “suficientemente grave para que a sociedade repudie as forças e lideranças políticas que teceram a trama da qual o escândalo faz parte”.
A cara de pau do tucano beira à psicopatia. FHC subestima e despreza a consciência política do povo brasileiro refletida nas urnas. Aliás, essa é uma prática recorrente do tucano que chegou a dizer que aposentados eram “vagabundos” ou, mais recentemente, que os eleitores da presidenta Dilma votaram nela porque “são menos informados”.
FHC fala de corrupção como se isso não lhe pertencesse. Pensa que o Brasil esqueceu, entre outros desmandos, de que ele só manteve-se por oito anos no governo por ter garantido no Congresso a reeleição, num esquema de compra de votos de parlamentares.
Resposta de Lula
A resposta de Lula a FHC veio antes da publicação de artigo. Durante ato do 1º de Maio, Dia do Trabalhador, em São Paulo, Lula afirmou que parte da elite tem medo de que ele volte a ser candidato à Presidência da República. “Eu ‘tô’ notando, todo santo dia, insinuações. Ah, lá na Operação Lava Jato estão esperando que alguém cite o nome do Lula. Ah, estão tentando fazer com que os empresários citem o nome de Lula”, pontuou.
Para o desespero da elite, Lula disse que vai continuar a mobilizar pela defesa do governo da presidenta Dilma contra os golpistas de plantão. “Eles têm que saber que, se tentarem mexer com a Dilma, eles não estão mexendo com uma pessoa, eles estão mexendo com milhões e milhões de brasileiros”, disse.
E aos desavisados, como FHC, advertiu: “Eu estou quietinho no meu lugar. Não me chame para a briga porque eu sou bom de briga e eu gosto dessa briga. Eu não tenho intenção de ser candidato a nada, mas está aceita a convocação. Eu agora vou começar a andar o país outra vez”.
Do Portal Vermelho
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