Por: Ana Luiza Bitencourt | Edição: Marciele Brum
Depois de ser agredida e ameaçada verbalmente em sessão na Câmara dos Deputados, a Líder da Bancada recebe apoio da presidenta da República, de ministros e de deputados.
Lula Marques/Divulgação
Líder do PCdoB foi agredida por Roberto Freire (foto) e Alberto Fraga
A quarta-feira (6) foi um dia de vergonha na Câmara dos Deputados. Alberto Fraga, deputado e presidente do DEM do Distrito Federal, atacou a trajetória de luta e de conquistas femininas durante votação das Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665, ao afirmar à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) que “a mulher que participa da política como homem e fala como homem, também tem de apanhar como homem”.
A presidenta Dilma Rousseff manifestou apoio à líder do PCdoB na Câmara. "A política fica menor – com p minúsculo – quando é praticada com base no sexismo e no machismo. Minha solidariedade à deputada Jandira Feghali, ameaçada no plenário da Câmara, na noite de quarta-feira, por expor suas ideias. Jandira, você só engrandece a luta das mulheres na política brasileira. Avante, com força e fé".
Ministros, como a titular da Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, também criticaram a violência. "Solidariedade total à Jandira. A violência contra a mulher não pode mais ter espaço em nossa sociedade", afirma Edinho Silva, ministro da Secretaria de Comunicação.
Representantes de diferentes legendas condenaram as agressões e manifestaram solidariedade à Jandira. A violência sofrida pela parlamentar é a mesma que atinge diariamente muitas brasileiras. A deputada Maria do Rosário (PT-RS), que também foi agredida na Câmara e, por isso, está movendo processo no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro (PP-RJ), avalia o comportamento de Fraga. “Bate como machista, deve ser punido como machista. Não é possível que se incentive a violência de gênero em um país como Brasil, em que uma mulher morre a cada uma hora e meia, mais de 40% pelos próprios companheiros. Não é possível essa agressão de um deputado contra uma deputada, como não pode existir contra nenhuma outra mulher!”.
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) gritou “machista!” no momento em que as palavras foram proferidas. Glauber Braga (PSB-RJ) também criticou o discurso de Fraga. “A ameaça de qualquer parlamentar não vai me intimidar em ações contra esse tipo de medida machista, violenta e retrógada. A fama dele no Distrito Federal de matador ou qualquer coisa não vai me intimidar”.
Além dos diversos deputados que deram apoio à Jandira, entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), lançaram nota de repúdio. “É inadmissível que a violência contra a mulher e o machismo sejam reproduzidos no espaço que deveria combatê-los. Isso só reafirma a necessidade imediata de uma Reforma Política Democrática que crie condições e amplie a participação política das mulheres”, dizem.
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