Na
jóia que é o Templo Budista da Terra Pura, na Asa Sul, ocorreu na noite de quarta-feira, 30 de julho, a
palestra que reuniu o Monge Sato e o ex-administrador de Brasília, Messias de
Sousa sobre o futuro desse Patrimônio da Humanidade, a Capital
feita com o trabalho de brasileiros de
todos os rincões do Brasil, sob o Tema Os desafios de Brasília e a Pós-Modernidade.
A beleza do templo e riqueza do debate combinam com o
momento de definições que vivemos, em que Brasília e o Distrito Federal estão para decidir se seguem para o futuro, retomando seus valores originários de humanismo, desenvolvimento e democracia, ou se retrocede, agravando os problemas relacionados ao seu crescimento e à apropriação de seus destinos por poucos .
O Monge Sato resgatou citações de JK, Lucio
Costa e Darcy Ribeiro, para firmar o sentido de sonho, de obra da brasilidade e
de visão de desenvolvimento inscrita na construção da Capital.
O convite a Messias se deveu à sua ligação de mais de 30 anos na Cidade, vindo de Alagoas em meio às lutas pela democratização. Recentemente sua presença na Administração de Brasília
encontrou a cidade em terrível estado, tomada pelo lixo e com a clara degradação de seu aspecto urbano, mas não apenas, pois também se viu em crise com a sua identidade às vésperas de seu cinquentenário. Foi nessas condições que enfrentou o desafio de democratizar o espaço
público, que teve papel ativo na retomada para a população do Parque
da Cidade como lugar das famílias, do lazer, da cultura e do esporte, do encontro de todos. Seu cuidado com as praças, as calçadas, as ciclovias. A criação de alternativas
de democratização do Lago - privatizado -, como a criação de dois Pontões, ao Norte e ao Sul, abertos a todos. A regularizaçao
de centenas de estabelecimentos com alvarás que uniram o respeito à
cidade e à cultura e o empreendedorismo.
Jean do Carmo, o jovem Administrador de Brasília, Augusto Madeira, Presidente do PCdoB-DF e Messias de Souza no Templo Budista da Terra Pura na Asa Sul |
Messias traz uma mensagem de fé em Brasília e na política como transformação, como
a praticou no Governo Agnelo, para resgatar o sentido democrático, urbano e do desenvolvimento com qualidade de vida na cidade
sonhada por Dom Bosco, prevista por José Bonifácio e construída pelos
Candangos a partir do Gênio de Lúcio Costa e do comunista Niemeyer.
Ao longo de cerca de duas horas e meia de debate, Messias de Souza abordou as principais tensões urbanas, possibilidades e desafios que marcam não apenas o Plano Piloto, mas o futuro do Destino Federal. Sua visão vai além de considerar que apenas os 250 mil residentes possuam Brasília, para ele, a cidade que vê mais de um milhão de pessoas virem nela trabalhar todos os dias deve aliar o projeto originário ao sentido humanístico e de desenvolvimento em busca de um Distrito Federal mais humano para todos. Assim, Brasília para além do Plano, sendo capital de todos, vê-se diante do desafio de afirmar a cidadania e a democracia diante das crescentes pressões da especulação imobiliária, da elitização, mas também do necessário exercício de tolerância, planejamento e preservação do Patrimônio que representa. Essa difícil equação só pode existir compreendendo o que ele qualificou como "dialética pura", a relação entre mudança imprescindível e defesa do legado e do projeto original, partes indissolúveis de uma vida desafiadora e em permanente mudança.
Projeta esse debate para além da cidade, colocando o sentido humanista e democrático como medida para contribuir com a democratização dos equipamentos culturais,
esportivos e dos parques para todo o DF. O transporte público como peça fundamental do direito de ir e vir e os riscos do crescimento dos veículos individuais e seus impactos para a qualidade de vida de todos. O meio ambiente, a utilização correta dos recursos hídricos, o papel complementar necessário de se afirmar entre as cidades do DF e sua interconexão ocuparam papel central na reflexão de Messias, que mostrou ter uma visão ampla, complexa, sobre os desafios de Brasília e do DF
Além disso pontua a necessária tolerância e o papel de mediar os conflitos inerentes a um Distrito Federal marcado por um período conservador que não teve qualquer compromisso nem com o traçado, nem com a qualidade de vida, privilegiando um setor elitizado da sociedade em detrimento de todos. Aponta para os dilemas geracionais e culturais inscritos na complexa relação entre gerações e a necessidade da cultura e do lazer para a juventude, diante da Lei do Silêncio, dando inúmeros exemplos de que o bom senso, um olhar humanista e inclusivo fazem toda a diferença para perseguir um caminho que foi retomado no Distrito Federal a partir do Governo Agnelo, que reordena, organiza, democratiza e combate as desigualdades no DF, de que sua administração foi uma grande expressão.
Messias ademais alerta sobre a necessidade de todos tomarem parte ativa na luta em curso para que a representação do DF no legislativo local e nacional expresse essa mudança de qualidade e os grandes propósitos para os quais Brasília foi criada. Sua fala foi um libelo em torno do desenvolvimento, da democracia, mas sobretudo do sentido democrático e humanista de Brasília e da possibilidade de expansão desse sonho nos dias de hoje, mediante o claro engajamento em torno das bandeiras justas desse nosso tempo. É preciso tomar lugar na batalha para o Distrito Federal seguir avançando!
SERVIÇO
Esse fim de semana começa a tradicional Quermesse do Templo Budista da Terra Pura, participe!
SERVIÇO
Esse fim de semana começa a tradicional Quermesse do Templo Budista da Terra Pura, participe!
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