2º ENCONTRO NACIONAL DA JUVENTUDE DA CTB
28 A 30 DE JUNHO DE 2013, BELO HORIZONTE
ORGANIZAR A JUVENTUDE QUE ESTUDA E TRABALHA NA LUTA SINDICAL
A população entre 15 e 35 anos representa hoje cerca 2/3 da
População Economicamente Ativa, num momento de baixo desemprego, e
luta por desenvolvimento com valorização do trabalho. No entanto,
os indicadores relacionados aos jovens são preocupantes, em especial
entre os cerca de 50 milhões de brasileiros(as) entre 16 e 29 anos.
Segundo o DIEESE, a taxa de desocupação da juventude entre 16 e 29
era de 14,5% em 2009. Também nesse ano se verificou que a maioria da
juventude trabalha ou procura – 55,2%. Apenas 17,9% estuda e
trabalha (ou procura) e 13,5% apenas estuda. Em 2009, 66,4% ganhava
até 2 salários mínimos, e 37,4% não tinha carteira assinada.
Segundo o MEC, 29% dos estudantes do 1º ao 9º ano estuda e
trabalha, sendo que metade sem carteira de trabalho e 71% destes
ganhando menos de um salário mínimo. Segundo a mesma pesquisa, 20%
não estuda nem trabalha, percepção também do IPEA, que registrou
em 2010 um aumento em relação ao ano 2000, de 8,12 milhões para
8,83 milhões de jovens que nem estudam nem trabalham na população
entre 15 e 29 anos.
Desemprego, precarização do trabalho, práticas antissindicais,
novas doenças trabalhistas derivadas das novas tecnologias e não
reconhecidas, machismo, racismo, homofobia, violência contra a
juventude negra e da periferia, baixos salários, baixa qualificação
profissional, dificuldades na sucessão rural, inúmeros são os
problemas no ingresso da nova geração no mundo do trabalho. As
mortes violentas na juventude são 70% maiores que na população em
geral. A violência é também simbólica, seja pela ação da
imprensa burguesa, seja pelo machismo, o racismo ou a homofobia.
No campo, o Brasil tem perdido a batalha da sucessão rural. A
ausência de investimentos públicos, o fechamento de escolas e a
ausência de oportunidades educacionais e culturais/esportivas, a
falta de uma política séria de reforma agrária, crédito e
assistência técnica levam a uma incessante saída da juventude rumo
às cidades, ao envelhecimento e à masculinização do campo, com
consequências graves para a produção de alimentos e para a
continuidade da agricultura familiar.
A conclusão é clara: o investimento na juventude, e já, é
estratégico, em especial na interface entre educação e trabalho,
quando se abrem possibilidades e riscos ao país. Cresce o mercado
interno e a classe trabalhadora, o Brasil vive o período de grandes
obras, Copa e Olimpíadas e a exploração do Pré-Sal, mas a crise
internacional nos ameaça, com impactos inegáveis sobre a juventude,
que é a parte mais interessada no desenvolvimento com valorização
do trabalho.
É uma geração com outro horizonte para as jovens mulheres,
beneficiárias dos avanços da luta feminista e da ampliação de
direitos, com maior escolaridade, que divide os postos de trabalho.
Mas ainda é marcada pela violência e o machismo, a desigualdade de
direitos e pela ausência dupla de referência: não estão ligadas
ao movimento feminista nem ao movimento sindical, em que persiste uma
dinâmica pouco inclusiva, sem abrir-se a alternativas ao grave
problema da dupla e tripla jornada. Como o movimento sindical
classista e feminista dialoga e atrai as jovens mulheres?
Nunca houve nem haverá tantos(as) jovens no futuro. A tendência é
de envelhecimento da população. A juventude – para o bem ou para
o mal – está no centro do Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Diante dos dados acima, que futuro nos aguarda, com a juventude na
maior parte da vida marcada pelo desemprego, a precarização, os
baixos salários, a informalidade e a ausência de cobertura
previdenciária?
É a geração pós-queda do muro de Berlim, que domina as novas
tecnologias acessa uma quantidade de informação nunca vista, mas
foi criada sob bombardeio ideológico neoliberal, em sua pregação
contra a esquerda, o socialismo, a política, o coletivo, os partidos
e os sindicatos. É fortemente disputada pela imprensa golpista,
pelas religiões fundamentalistas conservadoras, por movimentos
pós-modernos e muitas vezes o financiamento e ideologias daninhas,
como o ecoimperialismo e a negação do Brasil. São fortes barreiras
à consciência de classe e podem levar a derrotas dos
trabalhadores(as) e sindicalismo classista.
Apesar das dificuldades, o país evoluiu muito nos últimos 10 anos
em relação ao neoliberalismo. Há presença importante de jovens
nas categorias, a exemplo dos comerciários, bancários, na educação
e saúde, na indústria, nos transportes e no serviço público em
geral. Ampliou-se a educação para os mais pobres e excluídos e a
educação pública, com impactos nos setores de ponta.
Por isso, temas de crescente são a educação, o Estatuto e as
Conferências de Juventude, os 10% do PIB em educação, a educação
profissional, técnica e tecnológica, a sucessão rural e a luta
contra a violência física e simbólica que atinge a juventude
(pobre, negra, da periferia, e trabalhadora ou estudante ou
desempregada, LGBTT).
Nesse contexto, como o movimento sindical classista dialoga com essa
parcela da classe? Como incorpora suas bandeiras e métodos de
comunicação e luta? Como atrai para suas fileiras as lideranças
que podem se dirigir a essa massa de trabalhadores(as). Como
incorporamos às direções, à imprensa, às políticas esportivas e
culturais a juventude trabalhadora? Qual o papel dessa geração para
CTB disputar a hegemonia entre os trabalhadores(as) na luta pelo
socialismo?
Parte da resposta foi dada pela CTB nesse mandato. Desde 2009, quando
realizamos o I Encontro Nacional de Juventude em São Paulo,
inaugurou-se crescente participação, visibilidade e formulação
sobre temas juvenis, em que a CTB tem cumprido papel superior a sua
estrutura organizativa.
É imensa a demanda política, sindical e institucional da juventude
da CTB. São espaços em departamentos juvenis dos sindicatos;
comissões de jovens rurais da CONTAG e FETAGs; conselhos de
políticas de juventude municipais, estaduais e nacional; espaços
tripartites e relacionados ao trabalho decente e à formação
profissional, com maior complexidade a partir do PRONATEC; entre as
centrais nacional e estadualmente; de representação internacional
na FSM, ESNA e CCSCS. O tema aos pouco ganha peso na formação
sindical.
Por tudo isso é inadiável dar um passo adiante no funcionamento
orgânico, com apoio da CTB para a Secretaria, um coletivo nacional
mais maduro e dedicado à ação intersindical e de juventude, com
lideranças que possam dirigir o trabalho juvenil nos Estados. É o
fator decisivo para pautar a incorporação da juventude aos ramos, e
ampliar a representação da CTB nos temas juvenis ante da sociedade.
São oportunidades sintonizadas com os avanços da Central no seu 3º
Congresso.
Para colher os frutos plantados desde o 2º Congresso, há que
assegurar lugar para a juventude em nosso movimento, integrar suas
demandas na luta dos trabalhadores(as), a exemplo da CONTAG. Nesse
rumo, é precisamos de duas esferas de articulação que permitam
diálogo permanente:
I – Direção Nacional - Secretaria Nacional – Coletivo Nacional
de Juventude – Ramos e categorias fundamentais
II – Direção Estadual - Secretários Estaduais de Juventude em
todas as direções estaduais – Coletivos Estaduais –
Departamentos juvenis em todos os sindicatos.
Será um segundo passo, mas importante para que a CTB possa se
mostrar, combativa, democrática, de luta, abrindo os braços aos
jovens trabalhadores e trabalhadoras que anseiam por uma alternativa
que só a CTB pode oferecer, em permanente diálogo com a juventude
estudanitil e os movimentos sociais, preparando um salto para o
futuro.
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