“en la lucha de clases / todas las armas son buenas / piedras, noches, poemas”
Paulo Leminski
Dias corridos. Realizou-se há uns dias na Venezuela, o Encontro Sindical Nossa América. Hugo Chávez esteve mais de duas horas em companhia de sindicalistas de todo o mundo. Depois, realizou-se o II Festival da Juventude Rural da CONTAG, reunindo milhares de jovens rurais, a juventude camponesa no parque da Cidade, em Brasília. E semana que vem, em Asunción, capital do Paraguai, começa o Fórum Social Américas. E a CTB se faz presente com feição própria e uma contribuição política do Brasil a esse momento político que vive a América Latina e o mundo.
E eu, lá do Ceará, - absolutamente despretensioso de chegar para além do Juazeiro do Norte do meu Padim - mais uma vez me vejo testemunha desses momentos de crescente encontro e entrelaçamento de nossas agendas políticas e destinos, na América Latina.
E infelizmente não é possível traduzir o que significa cada um desses grandes eventos. Gente solidária e preocupada com o mundo e as pessoas se encontrando em busca de caminhos.
E uma coisa que sempre procurei trazer de todos esses lugares aonde fui, foi música. Sendo eventos essencialmente políticos, muita música relacionada à luta do povo. E foi assim que descobri o que se convencionou falar de Folk Music, que é um rótulo que reúne muito mais do que escreve. Falo de Mercedes Sosa, Victor Jara, Violeta Parra, Pete Seeger, Joan Baez, Ali Primera, Sílvio Rodríguez, Pablo Milanés, o primeiro Bob Dylan, Quilapayun. (Falaremos de todos, mais amiúde.)
Fortíssimo isso também no Brasil nos anos 60 e 70, com o mesmo tom dessa expressão folk que, pelo mundo, representou uma opinião muito generosa, de que era importante fazer luta com os versos e as canções, e a história entranhada em cada uma dessas expressões musicais e poéticas que resgatavam aspectos essenciais da história desses povos.
(Inevitável a lembrança de Maria Betânia cantando Carcará, na busca de transpor para alago equivalente, assim como Luiz Gonzaga, Ednardo.)
E nessa viagem à Venezuela bolivariana - que figura importante e carismática foi Simón Bolívar, para além da ignorância do PIG a tentar estigmatizar o termo - peguei uns vídeos de Ali Primera e Victor Jara, o que me fez retomar essa ideia de, por meio desses textos transpor algo dessas canções, a fim de também aqui no Brasil podermos nos beneficiar dessas jóias musicais, culturais, de vida e luta. Muitos dos artistas tiveram suas existências violentamente interrompidas ou enfrentaram grandes provações pelo que cantavam e escreviam e significavam. É preciso simplesmente escutar toda a riqueza poética, o retrato de um povo, de uma época, tudo que se deixa transparecer no característico canto, nos temas, nas letras, nas faces, gestual e vestimentas. E ainda tem a política, cuja riqueza é à parte.
E não só da América Latina. Ouvi esses dias um CD de música grega que recebi quando estive no Congresso da KNE - Juventude Comunista da Grécia. Era um CD comemorativo que percorre praticamente um século de canções de luta. E eis-me insone a tentar entender o que me diziam aqueles gregos caracteres que realmente para mim são grego. Mas a internet é para isso, e descobri que uma das canções mais bonitas se chama "E os inimigos entraram na Cidade". E encontro as imagens do músico de grande parte das canções em um show. Seu nome, Nikos Xilouris. Encontro a trilha musical ilustrada por imagens da ditadura grega. Hoje, o mundo tem visto centenas milhares de trabalhadores gregos nas ruas de Atenas.
Em Atenas funciona a sede da federação Sindical Mundial. Esta cidade receberá em abril de 2010, ocorrerá o 16º Congresso da FSM, que em 2010 completou 65 anos. No dia 07 de agosto, a Federação Sindical Mundial chama um dia internacional de lutas contra as consequências que a crise econômica acarretam àqueles que não a engendraram, a maioria, os trabalhadores e trabalhadoras. Aqui no Brasil, na Cidade de Deus, nessa data a juventude mais progressista e representativa do Brasil se reunirá na Cidade de Deus, Rio de Janeiro, e se postará ombro a ombro com a companheira Dilma que apresentará suas propostas para a juventude. A luta avança por muitos caminhos. Viver e ouvir coisas novas, mesmo que antigas. Vitórias do povo, por exemplo, há tanto ansiadas e só agora vividas.
Ouçamos admirados Nikos Xilouris - E os inimigos entraram na Cidade -Mpikan Stin Poli Oxthroi - Μπήκαν στη πόλη οι οχτροί e um pouco mais.
SIGA O COLETIVIZANDO!
Páginas
Livro Kindle Textos de Combate - Venda Disponível
Textos de Combate: Sem perder a ternura, jamais - Paulo Vinícius da Silva - à Venda
O livro Textos de Combate: sem perder a ternura, jamais! já está disponível!Não precisa ter kindle, basta baixar o aplicativo ou entrar no c...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
-
E nossa história não estará pelo avesso, assim, sem final feliz: teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver, temos muito ainda...
-
Andei em busca da Cifra da Internacional, o hino mundial dos trabalhadores e trabalhadoras e não achei opções, excetuando-se a versão d...
-
A campanha nacional dos bancários termina com gosto amargo. Especialmente no BB, a revolta com a falta de ganho real significativo é imens...
Gostei muito PV. Sempre penso que nossa luta é permeada por uma trilha sonora imaginária e por isso me identifiquei com seu texto.
ResponderExcluirPaulo, amigo,
ResponderExcluirseu texto é sempre bom de ler, ideias organizadas, texto coerente, coeso e escorreito. Você tem todas as qualidades para um excelente cronista. Por isso, continue tentando, exercite-se, não tenha medo da poesia, esqueça um pouco os fatos e atenha-se mais às sensações. As sensações são as maiores e mais confiáveis aliadas de um artista da palavra, por isso, em consequencia, são literariamente mais verdadeiras que os fatos. Confie nelas, assim, ganha a literatura, você, e, pricipalmente, nós, leitores a cativar.
grande abraço
Nice brief and this post helped me alot in my college assignement. Thank you on your information.
ResponderExcluir