Interesses estrangeiros e oligárquicos associados à maioria das FFAA de então cometeram crimes que violam inclusive convenções internacionais aplicáveis às guerras. Ora, somos todos brasileiros. É motivo de luto e de reflexão. As indignas declarações do malfadado presidente dão azo a que se debata o assunto, e o depoimento que apareceu no Twitter é valioso pela sua crueza.
Neste sentido, não há mistério, mas há a vileza torpe, o desrespeito e o escárnio diante da familia enlutada de Fernando Santa Cruz e de todos os vitimados pela repressão da ditadura de 1964. Nós já tivemos a Anistia, tivemos a Constituição de 1988, já tivemos Lula Presidente. Nós fomos muito longe e sabemos o quanto caminhamos. O Brasil fez as pazes com a democracia, pensávamos, mas persistiu impedindo-o a lista de crimes e injustiças cometidos e que, enfim se desvelam, inclusive com a colaboração de elementos que repudiam seus crimes pretéritos, que dão satisfação às famílias e à História. É prciso debater o assunto, pois está provado que a mentira e a ignorância são as armas que usam para nos negar a nossa própria História, a história de inúmero heróis e heroínas sacrificados. É preciso debater o assunto. É por isso que Bolsonaro quer fazer da Comissão da Verdade, a comissão da mentira.
Há contas a acertar com a História sobre essa crueldade do estado com os que questionam uma ordem social profundamente injusta. Contra os indígenas e os escravos. Contra os pobres e a população negra e da periferia. Violenta e cruel contra aqueles que questionam a ordem estabelecida, assentada no domínio colonial. É uma elite contra o povo, cujo coração está na casa grande, a separar os brasileiros entre escravos e senhores. Por isso, o inimigo é sempre interno, e ao longo da História foram inúmeras as vezes em que se desrespeitaram os corpos e as memórias dos aparentemente derrotados, mas que deram a volta por cima pela História, pela Verdade de seu sublime e excruciante sacrifício pelas nossas liberdade e soberania. Tiradentes, Zumbi, Lampião e Maria Bonita, Osvaldão e Dina, Fernando Santa Cruz, tantos são os nomes, e é decisivo saber de sua História, o tanto que nos deram, suas próprias vidas. Essa consciência liberta-nos e precisa ser compartilhada.
Bolsonaro fala barbaridades vis e busca fazer-se de oráculo de quem não representa. Não devemos aceitar as provocações que ele faz para semear a confusão e a discórdia e blindar seus apoios. Gente verdadeiramente representativa de nossas FFAA que estava no comando do Golpe de 1964 foi parte de uma saída nacional pactuada que abriu caminho à retomada da democracia, ainda que com as deformações inerentes à desigualdade social e à nossa história escravocrata. O que importa é, ainda que com falhas, a Abertura aqui houve, e Bolsonáro, à época já, fora derrotado e desautorizado por quem podia falar por aquele período histórico. Assim, não tem representatividade de puxar nossas FFAA para esse buraco. Ao contrário, milita contra a imagem de nossas FFAA, busca mostrá-las como de fato não são. Não devemos colocar as FFAA na conta de Bolsonaro, é tudo que ele quer, é uma provocação. E o dano maior é contra o papel transcendente que devem cumprir as FFAA brasileiras de nos defender do ataque brutal à nossa soberania, inclusive territorial, em curso. Quem ameaça o Brasil, senão o imperialismo estadunidense?! Não é papel defender-nos, todos, brasileiros, contra isso?! A artimanha desse velho político é a do abraço de afogado, ele tenta contrapor a sociedade brasileira, ele promove a desunião do Brasil. Serve, claramente ao interesse estrangeiro mais nocivo. Seus atos desmoralizam o Brasil para abrir caminho para a intervenção estrangeira, faz parte do jogo contra a soberania brasileira e nossas imensas riquezas. Seus patrões estão lá fora, em Washington, eles o assumem.
Desse modo, o repúdio às declarações rancorosas e vis não deve igualá-lo à totalidade das FFAA, esse mistério quanto à opinião e à sua vocação. É uma nova geração, não pode ser culpada pelos crimes nem deve ser blocada automaticamente. Somos chamados ainda a contar o que houve para que a verdade e a justiça permitam unir o Brasil e superar esse trauma. Quem faz o inverso, trabalha contra o país, busca tripudiar sobre as chagas, as tensões no seio do povo, faz o jogo do imperialismo quem divide o Brasil. Por isso, por esse compromisso com a Democracia, a Frente Ampla é tão importante. É preciso diferenciar-se de monstros, de escravocratas, de vende-pátrias.
Rendamos homenagens aos nossos mártires assassinados covardemente sob tortura e que, mesmo na morte, foram agredidos e fraudados em seu direito a uma sepultura digna, INCINERADOS os corpos, na usina de Cambaíba de:
+ João Batista Rita - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/246
+ Joaquim Pires Cerveira - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/257
+ Ana Rosa Kucinski - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/96
+ David Capistrano - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/203
+ João Massena - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/253
+ Fernando Augusto Santa Cruz https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/121
+ Eduardo Collier Filho - http://memoriasdaditadura.org.br/memorial/eduardo-collier-filho/
+ José Roman - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/274
+ Luís Ignácio Maranhão - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/158
+ Armando Teixeira Frutuoso - http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=258&m=3
+ Tomás Antônio Meireles - https://cemdp.sdh.gov.br/modules/desaparecidos/acervo/ficha/cid/304
— OMAR NA RESISTÊNCIA (@OMARBATISTA) July 30, 2019
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