Compartilho o esboço da minha fala no Congresso da CTB, que não foi possível fazer por limitações de tempo.
O movimento sindical classista brasileiro e as representações da classe trabalhadora de quase trinta países vieram ao 4º Congresso Nacional da CTB para viver a canção de Dorival Caymmi: "Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem". Essa acolhida é ainda mais especial no atual momento de tristeza, apreensão e revolta que inunda o Brasil. Celebremos o reencontro de tantos amigos e amigas, ao lado de quem temos lutado entre vitórias e derrotas. Daqui sairá parte do ânimo, das bandeiras e da tática que permitirão à classe trabalhadora posicionar-se como eixo de uma frente ampla para responder à destruição da Nação Brasileira pelo governo ilegítimo, entreguista e inimigo do povo.
Parte da perplexidade deriva da velocidade com que a direita golpista e subalterna ao imperialismo escancara os limites da democracia burguesa, desfazendo inclusive as ilusões reformistas que subestimaram a pressão e a organização popular para assegurar os avanços iniciados a partir de 2003, com a eleição do Presidente Lula e promovendo um retrocesso civilizatório no Brasil, querendo levá-lo para o período anterior a Vargas, destruindo a estrutura necessária ao desenvolvimento e a inclusão social que formou de fato a Nação Brasileira, com a incorporação de toda sua população, combatendo as consequências do colonialismo, do escravismo e da exclusão. Sem isso, o Brasil será de poucos, não será o Brasil. Isso reafirma a convicção de que só o socialismo assegura o pleno desenvolvimento econômico, a harmonia entre estado e mercado, os direitos do povo, a democracia e a soberania nacional.
Nesse sentido, destaco a importância da unidade entre trabalhadores e jovens, mulheres e estudantes, pois parte da superação da desmobilização atual passa por esse caminho. A construção e a realização do 42° Congresso da UBES, em dezembro, são oportunidade para responder aos ataques brutais à educação, e devem estimular o apoio dos trabalhadores, em especial da Educação, para a sua construção, o que favorecerá amplas jornadas de lutas de trabalhadores e estudantes, para virar o jogo da atual perplexidade para povo na rua contra o governo ilegítimo de Temer e por Eleições Diretas Já. Pode ser a faísca que incendeia o capinzal, abrasileirando a expressão de Lênin.
Esta unidade entre os movimentos sindical e os demais movimentos sociais é decisiva, expressa a coluna da resistência, mas é insuficiente para virar o jogo. A CTB, classista e consequente, compreende seu papel avançado na construção da unidade dos trabalhadores e da Frente Ampla, que se dá de modo concreto na defesa da continuidade do Fórum das Centrais, em busca da unidade de ação, contra a agenda de destruição dos direitos da classe e de suas organizações.
Tal ataque às organizações sindicais se dá a partir de duas vias: o estímulo ao paralelismo sindical patronal e a destruição das condições de financiamento que assegurem a autonomia da luta dos trabalhadores diante de patrões e governos. Devemos enfrentar o debate do financiamento do movimento sindical e do relacionamento que devemos ter com nossa base social. A luta da classe trabalhadora deve ser financiada pelos trabalhadores e trabalhadoras.
Há que constatar a necessidade de reforço da legitimidade da representação sindical, através do estreitamento dos laços entre as direções sindicais e suas categorias. A CTB deve reforçar o contato com a base do movimento, combater práticas cupulistas, burocráticas, machistas e caducas que ignoram a importância da renovação das direções sindicais, com o necessário revigoramento da representação, com a ampliação da presença de mulheres e jovens no movimento. Tais movimentos são fundamentais para reforçar nossa legitimidade e favorecer uma nova política de financiamento, baseada na relação mais estreita e na monetização da nossa base social em favor da organização dos trabalhadores, inclusive compreendendo a importância das atividades assistenciais e dos serviços que os sindicatos junto às categorias.
O Golpe escancara os limites do sindicalismo corporativo e economicista, incapaz de elevar a classe trabalhadora à disputa do poder na sociedade - mesmo nos limites da democracia burguesa, que conquistamos em parte e que se desmonta diante de nós. A ausência de candidaturas competitivas dos trabalhadores e trabalhadoras e a ofensiva de direita levaram a uma brutal redução da bancada dos trabalhadores no Congresso, e isso deve ser levado em conta, deve ser dito para a nossa base, para que perceba a importância de fazer política e a necessidade de candidaturas que a representem, em especial de sindicalistas, para enfrentar o conjunto de medidas adotadas e em curso, que é avassalador:
1) O Teto de Gastos que é a redução das despesas que asseguram a movimentação da economia real para alimentar o rentismo e a especulação em torno da dívida pública;
2) A Contra-Reforma Trabalhista e a Lei da Terceirização Ilimitada;
3) A Reforma da Previdência;
4) A Reforma Política, que visa a a impedir que o povo possa decidir seu futuro;
5) A destruição do patrimônio público, a entrega das riquezas e a destruição das ferramentas essenciais ao desenvolvimento (venda da ELETROBRAS, da Caixa, do Banco do Brasil, do BNDES, a entrega do Banco Central e do Ministério da Fazenda aos agiotas da banca privada, a entrega do Pré-Sal e da Amazônia).
Diante de uma tal agenda, não bastará mudar o(a) Presidente(a), dado que sua margem de ação será apenas a de entregar o país aos banqueiros, às custas do sangue e da miséria do povo. Por isso, a CTB deve ter a clareza de pautar a necessidade da REVOGAÇÃO DAS MEDIDAS DO GOVERNO GOLPISTA E DA CORRUPÇÃO INSTALADA NO CONGRESSO. Além de expulsar o golpista Temer, renovar o Congresso, obtendo maioria e elegendo a Presidência, precisaremos de um caminho para retomar uma agenda em favor do Brasil e seus povo. É diante desse momento dramático que a FRENTE AMPLA é imprescindível e o hegemonismo é insustentável no seio da esquerda.
Precisamos unir muito mais que a esquerda, diante das ameaças que avançam contra o Brasil. E a CTB, democrática, classista, politizada e de luta, deve empreender todos os esforços para que o povo retome a iniciativa política, e é para isso que servirão as resoluções aqui aprovadas e a nova direção eleita.
Viva o 4º Congresso da CTB!
Fora Temer! Diretas Já! Revogação das medidas do golpe contra o Brasil e o Povo!
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