Com críticas e ironias a setores da mídia que tem feito campanha contrária à realização da Copa do Mundo no país, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, garantiu que “isso não vai impedir que o Brasil faça os dois eventos esportivos (Copa do Mundo deste ano e Jogos Olímpicos), porque não há nenhuma força relevante contra a Copa, o que há é parte da mídia, mas não creio que tenha sucesso.”
Agência CâmaraO ministro afirma que a Copa do Mundo não é de nenhum governo. “É de todos no que tem de qualidades e deficiências. É preciso tirar desse evento o que ele possa ter de melhor para o país”, afirmou.
O ministro participou, nesta terça-feira (15), de audiência pública na Comissão do Esporte na Câmara, quando falou sobre os preparativos para a Copa do Mundo que começa no próximo dia 12 de junho. Aldo Rebelo , em sua exposição inicial, se adiantou aos deputados, abordando todos os aspectos que envolvem os preparativos, desde os estádios até a segurança, passando por aeroportos, comunicação e mobilidade urbana.“O futebol é relevante e se auto protege”, disse o ministro, ao rechaçar a campanha midiática contra a Copa do Mundo, enfatizando que na final da última Copa do Mundo, o jogo foi visto por três bilhões de espectadores. “Não creio que a pujança e força desse evento vão sofrer abalo”, afirmou.
Parte da mídia deseja transformar a Copa do Mundo em uma catástrofe para o Brasil, insistiu o ministro, citando o editorial da Folha de São Paulo, que avaliou a repercussão da realização s Jogos Olímpicos no Japão em 2020. Segundo o jornal brasileiro, com o grande evento esportivo, o Japão vai garantir a retomada do seu crescimento econômico, que está a 10 anos estagnado, e do seu protagonismo político, ameaçado com o crescimento da China.
“Para nós, as Olimpíadas não servem para nada, talvez servisse para o Japão dobrar o seu crescimento e o seu protagonismo político”, ironizou o ministro.
Copa de todos
Aldo Rebelo disse que o Brasil não esconde suas deficiências, pelo contrário. “Eu sempre digo que a Copa do Mundo serve para que o país exiba seu crescimento civilizatório, mas também para corrigir suas limitações”.
E afirma que a Copa do Mundo não é de nenhum governo. “É de todos no que tem de qualidades e deficiências. É preciso tirar desse evento o que ele possa ter de melhor para o país”, afirmou. E, ao exemplo do que vem dizendo ao longo dos anos de preparação do evento, a Copa do Mundo é uma grande oportunidade para o país, citando o ciclo econômico que aponta para a criação de 36 milhões de empregos e para cada real investido pelo governo, três reais são investidos pela iniciativa privada.
Ao iniciar sua fala aos deputados, destacando que “os dois grandes eventos que se avizinham clamam por um acompanhamento mais sistemático e rigoroso dessa Casa”, o ministro do Esporte garantiu que “apesar do grosso noticiário que circula dando conta de problemas na preparação da Copa do Mundo, tudo o que foi assumido pelo governo está sendo cumprido.”
Dos 12 estádios, seis foram entregues ainda na Copa das Confederações. E nos seis outros, cinco já realizaram jogos-testes. O Corinthians, o último deles, já anunciou jogo-teste para início de maio. “Não há risco e nem possibilidade de não termos um dos estádios”, garantiu o ministro. Na Alemanha, um estádio teve que ser excluído por não estar totalmente preparado para receber os jogos da Copa do Mundo de 2006.
Nos outros setores, de aeroportos, comunicação, segurança e mobilidade, o ministro falou em detalhes sobre cada um deles. Ele destacou que as obras de mobilidade fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que foram antecipadas para que o país fizesse a Copa, mas já eram previstos.
Citou como exemplo o Veículo leve sobre trilhos (VLT) de Cuiabá (MT), cujas obras estão adiantadas. Todas as capitais tiveram as obras de mobilidade adiantadas para atender o período da Copa, como metrô de Fortaleza (CE) e as avenidas abertas em São Paulo próximo ao Itaquerão.
Sobre os aeroportos, o ministro disse que não é como alegoria de Carnaval, para durar três dias. É para a população brasileira, assim como a rede hoteleira. “Estamos criando uma infraestrutura para a Copa, mas principalmente para o Brasil”, disse. E reafirmou a importância de que 12 cidades do país, incluindo a região da Amazônia, sejam sedes de jogos da Copa do Mundo.
Ações de segurança
Ele se adiantou aos deputados, que revelaram preocupação com as manifestações, falando sobre as medidas que vem sendo adotadas na área de segurança. “Nós temos a Constituição para nos orientar sobre as manifestações pacíficas, que são permitidas por lei, constitui direito do cidadão, não há o que discutir; nos casos de violência contras as pessoas e o patrimônio público e privado, são proibidos por lei. A Polícia tem que coibir”, explicou Rebelo.
Ele também falou sobre a possibilidade dos eventos esportivos atraírem casos como os ocorridos em 1972, na Alemanha, e em 1996, nos Estados Unidos. Na Alemanha, cinco árabes do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a vila olímpica, mataram dois membros da equipe de Israel e fizeram outros nove de reféns. O que se seguiu, com a paralisação temporária dos Jogos e a morte de todos os reféns israelitas, ficou conhecido como o Massacre de Munique. Sem que o governo conseguisse defendê-los e dois anos depois a Alemanha sediou a Copa do Mundo
Nos Estados Unidos, durante os Jogos Olímpicos de Atlanta, uma bomba explodiu no Centennial Olympic Park, a poucos metros da vila olímpica. A explosão matou duas pessoas e feriu 112. Poucos anos depois, um suspeito alegadamente chamado Eric Robert Rudolph, simpatizante de milícias extremistas e movimentos religiosos hostis ao governo federal foi julgado e condenado à prisão perpétua.
“Não creio que o Brasil atraia esse tipo de casos, produtos das rivalidades dos conflitos nacionais, étnicos e religiosos do qual o mundo permanece prenhe, nós temos preocupação com a violência do dia-a-dia, e vamos procurar meios de proteger os atletas, os turistas e a população”, afirmou o ministro.
Ele lembrou que Londres trouxe suas tropas do Afeganistão, com todo o aparato de guerra, para proteger as Olimpíadas de 2012. Segundo Aldo Rebelo, no Brasil, a expectativa é que a segurança seja feita pelas polícias dos estados e o Exército funcione com objetivo de retaguarda e não na execução de tarefas ligadas a segurança.
E citou o exemplo da cidade de Natal (RN), onde já está em funcionamento o Centro de Comando e Controle para operação policial, com equipamentos modernos, que estão sendo instalados em todos os estados, para garantir segurança do cidadão.
Rebatendo críticas
Em termos de telecomunicações, o ministro ofereceu como referência os investimentos feitos para integrar a Amazônia ao Brasil e ao mundo. “Hoje, graças aos investimentos públicos e privados, todos os centros de pesquisa da Amazônia estão conectados com rede de pesquisa do Brasil e do mundo; graças a esses investimentos que vão servir a Copa, mas servirão também à comunidade, à ciência e à pesquisa no Brasil.”
Aldo Rebelo disse que as críticas sobre os gastos públicos na preparação da Copa, de que superariam as despesas com saúde e educação, “não resistem ao menor cotejamento estatístico”. O orçamento do esporte – que nunca recebeu tantos recursos como agora – não chega a 1% da saúde e educação. Ele reafirmou que o governo não teve despesas na preparação da Copa do Mundo, que é um evento privado.
E novamente disse que o governo contribuiu apenas com empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas com cobrança de garantias, e com a renúncia fiscal dos materiais para construção dos estádios, que não chegou a 600 milhões de reais, valor bem inferior a renúncia fiscal que o governo concedeu a indústria automobilística, de 200 bilhões de reais.
E, ao encerrar suas palavras, o ministro disse que o retorno social para o país é muito importante e que, após a Copa do Mundo, os negócios do futebol terão características especiais, com maior contribuição financeira para o país. “O futebol brasileiro é, além da paixão e da fantasia, um negócio importante, emprega muita gente”, disse, manifestando desejo de que os eventos esportivos contribuam para um processo de modernização e gestão do futebol brasileiro.
De Brasília
Márcia Xavier
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