O meu Luiz Aparecido, "...OU NÃO ! COMO DIRIA O CAETANO !"
Eis que o nosso Luiz Aparecido, "partiu fora do combinado", como diria o
Rolando Boldrin. Nos despedimos dele justamente num 07 de setembro, que
prá mim, doravante, será o feriado de Luiz Aparecido, sim, porque entre ele e Dom Pedro I, sou mais o meu amigo highlander !!!
Militante comunista, cangaceiro judeu, revolucionário até o último
fio de cabelo, sociólogo, compositor e poeta bissexto, bombeiro ( isso
mesmo, ele também manjava muito de bombas... ), e maior especialista em
capivaras de toda a "Grande Penápolis", que prá quem não sabe, e ele
vivia explicando: vai de Três Lagoas-MS até Bauru-SP.
Pai de
quem quisesse ser seu filho, meu camarada e amigo Aparecidinho não
tombou nem à tortura, que lhe ceifou um dos rins,nem às balas da
ditadura militar, uma das quais mora até hoje em seu crânio, e deve ter
permanecido lá para que nunca nos esqueçamos deste período nefasto da
história brasileira. Sim, amigos, se hoje estamos aqui em liberdade,
também é graças ao nosso Luiz Aparecido e tantos outros militantes que
deram seu sangue, sua saúde e muitos a própria vida.
Numa
certa manhã, quando trabalhávamos juntos aqui em Brasília, vindo do
Aeroporto, Aparecido adentra nossa sala, abre um enorme sorriso e diz :
"Acabei de dar de cara com um japa que foi um dos meus torturadores !".
Perguntei por que ele estava dizendo isso com tanta leveza e sorrindo,
se o sujeito foi um dos que quase o mataram. Ainda com ar sorridente ele
respondeu " Nos cinco segundos em que paramos frente a frente, vi o
desespero no olhar dele, desespero que nunca tive quando ele me torturou
!"
Dizia que era "highlander" e não iria morrer nunca... Assim
como seus camaradas Cloves Wonder e Arthur De La Meza. E só hoje
podemos constatar que é a pura verdade, não morrerá mesmo, e vivo está
por sua trajetória revolucionária, pelo sentimento de amizade que
cultivou do seu jeito, pelo seu humor ácido e certeiro.
Semana
passada ao visitá-lo no San Marcos, me despedí dizendo que ele sairia
dessa, pois já havia vencido embates piores. Ele me respondeu que iria
se reerguer mesmo, e quando eu já me afastava ele completou : "ou não,
como diria o Caetano".
Cada um tem o seu...Este é, e será sempre o meu Luiz Aparecido.
Rogério Siqueira 07/07/14
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