O 17° Congresso da União da Juventude Socialista (UJS) terminou neste domingo (25) em Brasília com a eleição da nova diretoria da entidade e a definição dos seus posicionamentos para o ano de 2014. Foi também o congresso de comemoração dos 30 anos da organização e o maior já realizado. Com a participação de três mil jovens de diversos estados brasileiros, o encontro elegeu o amazonense Renan Macaxeira como seu novo presidente. Além disso, foram aprovadas resoluções e diretrizes para a a mobilização da entidade nos próximos meses, que envolvem a realização da Copa do Mundo e as eleições.
O presidente eleito da UJS afirmou que o congresso mostrou uma militância “vibrante”, sintonizada com o tema “Amar e Mudar as Coisas”, para fazer um balanço dos últimos 12 anos de governo popular no Brasil, assim como consolidar as reivindicações para o próximo período: “Estamos nos atualizando com as demandas das novas gerações, a juventude está sempre em movimento e essa reflexão é muito importante. O nosso encontro fez bem em olhar além do processo somente conjuntural e apontar, na verdade, as grandes contradições e entraves para o desenvolvimento e a democracia”, destacou.
Natural de Manaus, com 27 anos e estudante de tecnologia mecânica na FATEC de São Paulo, Renan Macaxeira acredita que o momento do país nunca foi tão fértil para organizar e politizar a juventude:
“Primeiramente temos uma situação de bônus demográfico, com grande número de jovens na população brasileira, depois temos o episódio das manifestações de junho, que foi realizado pela juventude e foi muito positivo. Aqueles jovens que foram às ruas venceram, conseguiram a redução nas passagens do transporte público, conseguiram os royalties do petróleo para a educação, conseguiram que a reforma política entrasse na pauta do poder público. Ou seja, esses jovens estão constatando que vale a pena lutar, vale a pena ir para a rua”, declarou.
Um dos pontos altos do Congresso da UJS foi a presença da presidenta Dilma Rousseff, no último sábado. Ela recebeu o apoio da entidade para o processo eleitoral de 2014 e reforçou seu compromisso com as políticas públicas de juventude. A UJS acredita que as eleições serão um novo momento de enfrentamento de ideias, com a disputa dos votos de 40 milhões de jovens, sendo 11 desses eleitores pela primeira vez.
A luta pela educação continua sendo prioridade para a organização, que enxerga os avanços do último período, mas está ansiosa pela conquista de algumas vitórias como a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) com 10% do PIB investidos em educação pública. “Precisamos denunciar a contradição existente quando o país não aprova os 10% para a educação, mas cerca de 40% do orçamento nacional são destinados somente ao pagamento da dívida pública e de seus juros”, criticou Macaxeira.
Com a proximidade da Copa do Mundo, a UJS também reforçou a defesa ao evento e seu legado, combatendo o discurso de pessimismo promovido por alguns setores da sociedade. “Não tem contradição, eu quero Copa, Saúde e Educação”, foi o grito de ordem ouvido em divesos momentos do congresso. Outros assuntos que ganharam ainda mais força na pauta da entidade foram o combate ao racismo e ao genocídio da população negra, a reforma política, a democratização da mídia, o combate ao machismo e à homofobia. A luta contra os preconceitos foi reforçada por debates e também por diversos “beijaços” da diversidade sexual, promovidos ao longo do congresso como forma de protesto ao conservadorismo e à violência.
Entre os convidados presentes no encontro esteve também a deputada federal chilena Camila Vallejo, líder dos recentes movimentos de juventude de seu país, além de diversas delegações de jovens de muitos países da América Latina. O Congresso teve homenagens marcantes, como o ato em memória à Guerrilha do Araguaia e o ato que reuniu diversos ex-presidentes da entidade.
PERFIL
Renan Macaxeira começou sua militância no ensino médio, durante as eleições do ano de 2002, quando começou a se interessar pelas ideias do marxismo e da igualdade social. Já na faculdade, conheceu a UJS durante o processo de fundação do Centro Acadêmico de sua universidade, participando também da viagem promovida pela entidade ao Festival Mundial da Juventude na Venezuela, no ano de 2005. Foi diretor da UNE e reponsável pelas relações internacionais do movimento estudantil brasileiro. Dessa forma, morou quatro anos em Cuba e conheceu 28 países do mundo como representante da Organização Latino Americana e Caribenha dos Estudantes (OCLAE).
Nenhum comentário:
Postar um comentário