Representei a CTB como secretário de Relações Internacionais, como parte da delegação brasileira composta por dirigentes das centrais sindicais, ao lado de Paulo Vinícius, dirigente nacional, que integrou a delegação dos jovens trabalhadores da Federação Sindical Mundial (FSM).
A ACFTU é uma entidade com abrangência nacional fundada em 10 de maio de 1925. Ela agrega 31 federações provinciais, 10 sindicatos industriais nacionais e 1.324 milhões de sindicatos de base. Representa 169.94 milhões de trabalhadores, dentre os quais 36,4 são mulheres. Sua direção é composta por 267 membros. Estabelece relações internacionais com mais de 400 entidades sindicais envolvendo 130 países.
Este fórum foi constituído em 2004 a partir de quatro organizações sindicais, a ACFTU (China), ICATU (Árabe), OATUU (África) e a FSM. Desde então realiza esses encontros anuais na China promovendo o intercâmbio e a cooperação entre o movimento sindical internacional, particularmente dos efeitos da globalização sobre o mundo do trabalho.
Hoje, em sua nona edição, é unânime a opinião que sua consolidação atual se constituiu como um grande instrumento político, investigativo e cooperativo a serviço dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, buscando fortalecer a valorização do trabalho enquanto valor estratégico para o progresso civilizacional.
Sobre o programa
A ACFTU apresentou ao encontro um documento central no qual desenvolve as suas fundamentações e compreensões a cerca do tema da oportunidade e o desenvolvimento comum. Nele contextualiza o tema a partir da crise em curso e destaca a recuperação lenta, frágil e desequilibrada da economia global.
Reafirmam que as crises sempre geram oportunidades, defendem a paz, o desenvolvimento comum, a cooperação e os ganhos compartilhados como eixos para promover o desenvolvimento. Destacam a geração de emprego e o piso de proteção social como essenciais nesses processos.
De uma forma aberta mostra o modelo organizacional sindical chinês, sua independência, a sua relação com o Partido e o Estado. E conclui reforçando o papel do trabalho, dos direitos da classe trabalhadora para uma sociedade equilibrada, sustentável e harmoniosa.
Na abertura, Li Jianguo, membro do birô político do comitê central do PCCh, vice-presidente do comitê da Assembleia Popular Nacional e presidente da ACFTU, expor as idéias gerais contidas no principal documento do fórum. Defendeu o socialismo como único caminho que protege os interesses dos trabalhadores. Destacou a valorização ao conhecimento, o talento e a criatividade que se busca na sociedade chinesa, em particular a da classe trabalhadora.
Entre os pronunciamentos nessa abertura, Georgios Mavrikos representou a FSM e Juan Castillo o Encontro Sindical Nossa América (ESNA). O representante da Força Sindical Nilton da Silva (Neco) a voz brasileira.
Especialistas nacionais e internacionais participaram de dois painéis específicos do fórum: Os direitos dos trabalhadores “enviados” (aqueles contratados via agências privadas) e sua regulamentação. O que no Brasil poderíamos fazer um paralelo com a terceirização e seus desdobramentos. O outro foi a seguridade social e a recuperação econômica que pautou os convidados e a plenária.
Brics
Durante o evento, por iniciativa da ACFTU, reuniram-se os sindicalistas representantes dos países que integram os Brics (Brasil, Russia, Indía e China, Africa do Sul).
Nesse encontro concluiu-se por maior interação e para tal efetivar-se-á uma política de comunicação entre os membros. Do ponto de vista programático aprovou-se a necessidade de elaborar um documento que contenha os eixos estruturantes, na visão dos trabalhadores, e com ele disputarmos seu conteúdo perante os governos dos Brics.
Nessa direção sugeriu-se que as entidades sindicais do Brasil liderem esse processo e promovam um encontro internacional entre os países membros a fim de aprovar a nossa pauta. A referência é que o mesmo ocorra antes do encontro governamental previsto para março de 2014 em Fortaleza-CE, Brasil.
Encerramento
O fórum sobre globalização econômica e os sindicatos é um espaço internacional que se consolidou. Um êxito que há dez anos poucos acreditariam. O seu desenvolvimento intensificará o conhecimento e o intercâmbio entre as representações sindicais de todo o mundo.
Essas foram as conclusões dos expositores na momento final do fórum. Além da representação da China, Rússia, África do Sul, Índia e a Árabe, pronunciou-se a CTB (ver pronunciamento em anexo).
Como última atividade, visitamos uma empresa química, a Yankuang Lunan Chemicals co ltd (YCCC), com aproximadamente 4000 trabalhadores, todos sócios ao sindicato. Uma forte presença de técnicos jovens e mulheres.
Após a exposição do presidente do sindicato abriu-se a palavra às delegações internacionais e nesta oportunidade questões salariais, negociação coletiva, conflitos políticos e direitos sociais foram abordadas e respondidas pela entidade.
Na política disputam a gestão e os resultados da empresa, inserida dentro do rumo geral do país.
Transcrevo uma frase contida numa das faixas expostas dentro da empresa. Ela expressa em que contexto e em que modelo a valorização do trabalho se desenvolve. Num país que se caracteriza como na fase primária do socialismo, com as características chinesas:
“Amar o trabalho, valorizar o conhecimento, respeitar os talentos do povo e estimular a criatividade”.
Divanilton Pereira é secretário das Relações Internacionais da CTB
Pronunciamento da CTB-FSM no ato de encerramento por Divanilton Pereira*
Primeiramente agradeço em nome da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), central sindical brasileira filiada a Federação Sindical Mundial (FSM), pelo convite para participarmos deste importante evento. E neste momento de sua conclusão, parabenizamos
pelo êxito organizativo e programático alcançado pela 9ª edição desse fórum.
Neste ato de encerramento reforçamos nossa compreensão sobre qual contexto os debates realizados nestes dias estão inseridos. Pensamos que tanto o tema do fórum deste ano, quanto os pontos dele derivados (“compartilhar a oportunidade e promover juntos o desenvolvimento; trabalhadores enviados e os seus direitos; a linha básica da seguridade social e a recuperação econômica”) estão inseridos dentro de uma profundia crise capitalista e que as soluções praticadas pelos países centrais que buscam sua superação, pelo contrário, vem condicionando negativamente o desenvolvimento econômico e social no mundo – dos centrais aos periféricos – incluindo ai, portanto, os BRICS.
Interpretamos que o mundo vive uma nova transição em sua geopolítica, provocando uma nova divisão internacional do trabalho. Esse movimento entrelaçado está criando, com a atual correlação de forças, uma tendência política e econômica pela desvalorização do trabalho e pela regressão civilizacional. A classe trabalhadora dos países com predomínio do modo de produção capitalista é a mais afetada, sobretudo, a europeia.
Nesse ambiente de crise, as forças políticas que hegemonizam suas saídas não permitem que a pauta trabalhista e social seja aplicada com atos de boa vontade, até também porque, elas não as têm. Nesse quadro e respeitando as particularidades de cada país, a CTB e a FSM opinam que o sindicalismo classista deve retomar o seu protagonismo político assentado na mobilização e nas ações unitárias no mundo.
Nessa perspectiva conclamamos o sindicalismo classista a reforçarem o dia internacional de luta no próximo dia 03 de outubro, uma agenda promovida pela FSM que reivindica a valorização do trabalho e os direitos sociais do povo. Uma tática que privilegia a insubstituível ação política nessa incerta ambiência internacional.
Por fim, concluímos que para transformar o sonho de posicionar o trabalho no centro de uma sociedade, em realidade, requer mais do que nunca convicção política, disputa política e perspectiva socialista.
Viva a Federação Nacional dos Sindicatos da China!
Viva a República Popular da China!
Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!
Muito obrigado!
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